Missão Kepler revela 1.284 planetas – alguns deles talvez semelhantes à Terra
Crédito: NASA/W. Stenzel

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Missão Kepler revela 1.284 planetas – alguns deles talvez semelhantes à Terra

No total, agora temos informações de 21 exoplanetas pequenos, rochosos e orbitando na zona segura em torno de seu sol.

Em nova etapa do seu censo galáctico, o telescópio especial Kepler, da NASA, confirmou nesta terça-feira a existência de absurdos 1.284 planetas fora do sistema solar, o maior número já anunciado de uma vez. Toda essa abundância cósmica mais que dobra o número de planetas descobertos da Kepler e, de acordo com pesquisadores, fornece indícios de que alguns podem ser semelhantes à Terra.

Quando cientistas buscam planetas em que possa haver vida, buscam por mundos rochosos, úmidos e temperados como o nosso. Dos novos planetas descobertas, quase 550 deles são pequenos o bastante para serem rochosos, e não gigantes de gás inóspitos como Júpiter. Nove estão em órbita ao redor da zona habitável de seu sol e talvez tenham água líquida em sua superfície.

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No total, agora temos informações de 21 exoplanetas relativamente pequenos, rochosos e orbitando na zona segura em torno de seu sol. É possível, dizem os cientistas, que alguns abriguem vida.

Crédito: NASA Ames/N. Batalha e W. Stenzel

Os pesquisadores analisaram dados da primeira missão Kepler, de 2009 a 2013. Foram quatros anos observando de forma ininterrupta 150.000 estrelas em busca de pequenas alterações na luz que poderiam indicar que um planeta passou bem na sua frente.

Todos os "candidatos à planeta" tiveram de ser confirmados, o que na maioria das vezes se dá por meio de observações em terra, incluindo análises de velocidade radial. "Acompanhar todos os planetinhas exige tempo", explicou Tim Morton, da Universidade de Princeton, autor do novo estudo publicado no The Astrophysical Journal. "Foram necessários cerca de 15 anos de trabalho duro para confirmar 200 planetas em terra firme."

O novo método de Morton permite que pesquisadores analisem milhares de sinais de uma vez. O segredo é uma técnica automatizada que confere a cada possível planeta um "percentual de probabilidade planetária", desempenhando uma computação automática dos dados, com confiabilidade superior a 99%.

Crédito: NASA Ames/W. Stenzel; Universidade de Princeton/T. Morton

Até o momento, cientistas encontraram cerca de 5.000 possíveis exoplanetas em nosso sistema solar – e mais de 3.200 deles foram confirmados pela NASA. A missão Kepler leva grande parte do crédito: 2.325 foram encontrados pelo telescópio.

O diretor da missão Kepler/K2 Charlie Sobeck prevê que ela possa continuar por mais dois anos. Iniciada logo após o Kepler ter tido um defeito e alterar seu curso em 2013, a K2 "será limitada pelo consumo de combustível". A expectativa é que o tanque chegará ao fim no verão de 2018.

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Há planos para outros telescópios de continuação do Kepler, como o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (ou TESS, na sigla em inglês), que também buscará pelas estrelas transientes de planetas. Já o Telescópio Espacial James Webb, com lançamento planejado para 2018, será capaz de estudar as atmosferas de planetas distantes, algo que o Kepler não consegue fazer e que pode dar aos cientistas uma noção maior da existência de vida em um planeta distante.

Crédito: NASA Ames/W. Stenzel

O Kepler mudou a forma como entendemos a galáxia e nosso lugar nela. Há duas décadas, não tínhamos certeza da existência de planetas fora de nosso sistema solar e, agora, sabemos que planetas orbitam cada estrela no céu.

"Estamos falando de dez bilhões de planetas do tamanho da Terra, possivelmente habitáveis, espalhados pela galáxia", afirmou a cientista da missão Kepler Natalie Batalha. Um dia, talvez não tão distante, poderemos olhar para o céu, apontar para uma luz e dizer: aquela estrela tem um mundo vivo orbitando ao seu redor.

Tradução: Thiago "Índio" Silva