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Tecnologia

Agora já é possível caçar nazis através da música que ouvem

E tem como nome não-oficial, Shazam Nazi.

A polícia alemã está a pensar usar uma aplicação parecida ao Shazam para detectar canções de extrema direita em manifestações ou bares. Esta medida faz parte de uma iniciativa para pôr travão aos neonazis que tentem recrutar jovens através da música. O jornal alemão Der Spiegel deu a notícia e garantiu que os ministros do interior do país já se reuniram para debater o uso da aplicação, desenvolvida pela polícia local de Sajonia e que já recebeu o nome não-oficial "Shazam nazi". Da mesma forma que o Shazam descobre a canção que estás a ouvir através de uns quantos compassos, este sistema recolhe traços de rock neonazi de forma a que a polícia possa intervir nesse momento. A situação pode parecer uma cena de loucos para quem não é alemão, mas a música de extrema direita é, segundo parece, um grande problema da Alemanha, uma vez que é muitas vezes o primeiro passo para se entrar na cena neonazi. Também recentemente, soubemos pelo The Guardian que, em 2004, os grupos de extrema dereita tentaram recrutar jovens oferecendo discos nas escolas. Este tipo de iniciativas são ilegais na Alemanha, onde os grupos neonazis são, também eles, ilegais. A organização que revê os acções prejudiciais para menores tem como tarefa examinar e catalogar conteúdos — incluem-se aqui filmes, jogos, música e sites — que podem ser nocivos para os jovens. No seu site explicam que estes conteúdos são considerados prejudiciais para os menores e tendem a pôr em perigo o seu desenvolvimento e a sua personalidade que se quer independente e socialmente responsável. Isto aplica-se, por exemplo, aos conteúdos que tenham material indecente, extremamente violento, antisemita, racista ou que possa de alguma forma induzir em crime quem o vê, que glorifique a nacional-socialismo, as drogas, o abuso do álcool, os danos autoinflingidos ou o suicídio, aquele que propague justiça paralela e também aquele que discrimine grupos específicos ou pessoas. No ano passado, esta organização criou uma lista 79 canções que julgou serem racistas ou de índole neonazi, o que significava que menores de 18 anos não as podiam adquirir. Também é ilegal fazer tornar acessíveis estas canções para menores de 18, daí a necessidade de comprovar a música que ali toca, onde os jovens podem estar presentes. Com esta a aplicação, qualquer polícia, desde que tenha um smartphone, pode saber se canção em causa é ilegal e iniciar uma investagação sobre o assunto. Trata-se de um uso inteligente da tecnologia para lutar por uma boa causa, mas a situação não está isenta de problemas. Segundo o artigo do Spiegel, alguns advogados afirmam que identificar música automaticamente pode ser considerado vigilância. Parece mentira que o medo da vigilância esteja em causa depois das notícias de vigilância massiva na Europa e nos EUA que surgiram há semanas, nas quais a Alemanha até tinha implicacações sérias. Agora querem que pensemos que a vigilância é um assunto sério para eles. É um assunto interessante para os defensores da liberdade de expressão (e recordemos que na Europa não existe uma 1.ª emenda como nos EUA). Em geral, vigiar as músicas que as pessoas ouvem parece esquisito. Mas se há algo que merece que abdiquemos de alguns ideais, provavelmente será esta ideia de acabar com os nazis. Não obstante, a um nível prático, não é claro que esta aplicação possa ter sucesso. Ao fim ao cabo, apenas detecta canções que esteja na listagem de que falámos atrás, de maneira que aqueles que sintam inclinação pela extrema direita podem aldrabar a controlo, simplesmente escolhendo canções que ainda não estejam na lista.