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Fotos

As fotos perdidas da Madonna

Em plena Nova Iorque dos 80.

Foi na Primavera de 1983, mesmo antes do lançamento do seu primeiro álbum, que Richard Corman fotografou a Madonna. Estas fotos foram publicadas em Novembro num livro de 90 páginas sob o título Madonna 83. Numa entrevista à Noisey, o Richard recordou o seu encontro com a cantora depois de um casting com o Martin Scorsese na Nova Iorque selvagem da época. VICE : Como conheceste a Madonna?
Richard Corman: A minha mãe apresentou-ma. Esta a fazer um casting para a Última tentação de Cristo do Scorsese e a Madonna chegou a fazer uma audição para o papel de Virgem Maria. Não ficou com o papel, mas a minha mãe disse-me que devia conhecer a miúda. [Disse-me] “Nunca conheci ninguém como ela. É uma miúda única”. Como estava a começar a minha carreira em 1983, estava sempre à procura de pessoas interessantes para fotografar, então é claro que acedi em conhecê-la.

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Foi o princípio da vossa carreira. Isso ajudou?
Para mim foi uma etapa muito emocionante porque estava a começar a definir o meu estilo. A Madonna era diferente de qualquer outra pessoa que já tivesse conhecido antes — tinha carisma, tinha empenho e era única. Tê-la à frente da minha câmara fez de mim um fotógrafo melhor. Era fresca, sexy, segura e linda. Ajudou-me porque também pude fazer umas fotos fantásticas, o que me deu confiança como artista. Não sei se a ajudou na sua carreira. Terias de lhe perguntar a ela. A única coisa que sei é que ela gosta das fotos porque foi um momento muito porreiro. O que sentes quando vês estas fotos.
Lembra-me a loucura que Nova Iorque era nos 80. Estava cheia de jovens artistas (Basquiat, Haring) que, juntamente com a cidade, me inspiraram a fotografar e a ser em frente com as minhas intenções. Quando conheci a Madonna pela primeira vez, disseram-me que lhe ligasse de uma cabine telefónica. Disseram-me que havia grupos a rondar a sua casa e que precisava de dizer a 15, 20 pessoas que eu era seu amigo, senão a minha integridade física poderia estar comprometida. Quando entrei no prédio, aquele mar de pessoas partiu-se em dois e deixaram-me entrar.

Qual é a história do telhado e dos miúdos que fazem breakdance?
A Madonna era como O violinista no telhado do seu bairro. Todos os dias ligava para os putos para que fossem ao topo do prédio e ela com o seu gravador punha-se a cantar e a dançar. Ela inspirava-os e eles inspiravam-no a ela. Era como uma irmã mais velha para estes miúdos (que de certeza tinham uma vida familiar fodida). Depois de lhe tirar uma fotos no seu apartamento, convidou-me a subir até ao topo do prédio. Quando saímos do apartamento gritou para baixo e chamou os miúdos. As fotos sairam de forma orgânica. A partir daí fiquei em contacto com esses putos — que agora têm 40 anos. Alguns estão vivos, outros não e outros estão na cadeia. Como era Nova Iorque em 1983?
Nova Iorque e Lower East Side tinham o seu próprio ritmo naquele momento. A cena artística estava viva e estava bem. Nova Iorque e Madonna são parte de um movimento criativo em que quanto mais pressão fazias, mais cedia. Acho que este espírito está de volta a Nova Iorque dos dias de hoje. Foi por isso que estas imagens estiveram escondidas durante tanto tempo. Ainda que a Madonna sempre tenha sido relevante, acho que estas fotos são hoje mais relevantes do que nunca.

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Continuas em contacto com ela? Achas que continua a ser um modelo a seguir?

Estou em contacto com o seu staff, mas não directamente com ela. Sempre será um modelo a seguir. A sua presença será sempre uma inspiração para o mundo.