A modelo Barbara Ferreira quer que sejas quem realmente és

FYI.

This story is over 5 years old.

Μodă

A modelo Barbara Ferreira quer que sejas quem realmente és

Esta jovem americana rompe os estereótipos do corpo perfeito.

Barbara Ferreira não é uma modelo comum: ela representa todas aquelas pessoas que não se encaixam na ideia que tem a sociedade sobre o género e sobre a sexualidade. É incrivelmente bela e, mesmo sem ter o corpo considerado "típico", irradia um nível de sensualidade desejada por muitas outras modelos. Infelizmente, durante o seu crescimento, esta jovem de 18 anos não pôde admirar modelos com curvas. Por isso decidiu fazer alguma coisa sobre isso e enviou algumas fotografias para a American Apparel. Graças a esta iniciativa, Barbie é agora um exemplo a seguir para as meninas de meio mundo. Esta norte-americana não se deixa controlar pelos cânones de beleza e está muito orgulhosa, mas o que realmente não gosta é que só a conheçam por causa disso, existe uma série de coisas que pode (e vai) contribuir à parte do seu corpo. Como algumas das suas melhores amigas - a Petra Collins e a Hari nef -, a Barbie pertence a uma geração de jovens criativas que estão cansadas dos "corpos perfeitos" e que estão predispostas a criar um novo conceito de beleza. Como é que te descobriram?
Na verdade, ninguém me descobriu. Eu enviei as minhas fotos para American Apparel quando estava na escola. Nunca imaginei que pudessem contratar uma rapariga como eu, que ainda estava na secundária. Eu não sabia se seriam capazes de contratar uma rapariga com curvas, mas quando me telefonaram percebi que por vezes a indústria da moda também consegue aceitar outros padrões de beleza. O que te parecem os termos como "tamanhos grandes" ou "com curvas"?
Para mim, tanto a palavra "tamanhos grandes" ou "com curvas" não têm nenhuma conotação diferente dos adjectivos atribuídos a mulheres magras. Eu sou assim e não tenho vergonha de ser como sou, mas fico incomodada quando descubro que existem pessoas que só me conhecem por causa disso: eu sou muito mais do que somente um corpo. De qualquer forma, é verdade que existem muitas mulheres que se ofendem quando são descritas com estes termos. Na sociedade contemporânea e nos meios de comunicação, as pessoas não consideram bonito qualquer corpo que exceda um tamanho "S".

Publicidade

Achas que a moda devia por fim a esta obsessão com o peso?
Claro que sim. Existem muitos tipos de corpo, parece-me absurdo que a moda não os represente. Acho que se a indústria apostasse, a sério, pela diversidade, a resposta da população seria muito boa. O que te parecem as iniciativas como a Drop the Plus ou as reacções contra a campanha da Beach Body Ready?
Drop the Plus é um movimento incrível e uma grande ajuda para todos aqueles que queremos que a moda represente mais tipos de beleza. Existem muitas modelos lindas que eu iria gostar de ver nas campanhas porque me identifico com elas, mas a maioria das marcas não lhes dá a oportunidade de aparecerem. A reacção à campanha Beach Body Ready quase me fez chorar; estou muito feliz e orgulhosa de que as mulheres façam frente a um anúncio tão humilhante, este tipo de anúncios só faz com que as raparigas se sintam cada vez mais inseguras e comprem produtos inúteis. Os meios de comunicação não param de bombardear-nos de todas as direcções para dizer-nos que não estamos suficientemente magras, nem suficientemente sexys, porque a única coisa que desejam é ganhar dinheiro. Fico feliz que as pessoas finalmente se revoltem e não se deixem enganar por este tipo de campanhas. Todos os corpos estão prontos para a praia e ninguém devia tentar modificá-los só para atender a uma série de preferências sexuais pré-definidas. O que te parece isto de ser uma modelo? Achas que objectifica a mulher ou dá-lhe poder?
Ser modelo deu-me mais força e permitiu-me conhecer pessoas maravilhosas: mudou a minha vida para melhor. Para não falar de todas as raparigas como eu que agora podem ver-me numa revista e sentirem-se identificadas comigo - uma coisa que eu não pude fazer quando era mais nova. Agora, qualquer menina de 11 anos que tenha aspirações na vida pode encontrar um rapariga com curvas numa revista, perceber que tudo é possível e que tem de se sentir bonita e orgulhosa dela mesma.

Existem muitas jovens como a Hari Nef e a Chantelle Winnie que estão a redefinir o conceito de beleza. O que achas que podemos fazer para promover a diversidade?
Estas mulheres estão a mudar as regras do jogo e estou desejosa que chegue o dia em que o género não esteja relacionado directamente com o sexo com que nasceste. Acho que para promover estes valores, precisamos de que apareçam pessoas de todos os âmbitos, géneros, sexo, raças e deficiências nos meios de comunicação para que toda a gente se possa sentir identificada com alguém. Para ti quem são os exemplos a seguir?
É complicado escolher apenas um, mas a verdade é que eu adoro a atitude da Rihanna. Na vida tenho como objectivo fazer aquilo que me apeteça e não ter de me preocupar com nada. O que achas de que muitos te considerem um exemplo para a geração mais jovem?
Eu acho que um monte de raparigas vêem-me assim porque encontrei a minha própria identidade muito cedo, mas a verdade é que eu sou uma adolescente normal. De todas as formas, estou aqui para qualquer pessoa que precise de mim. Que conselho podes dar às raparigas que querem seguir os teus passos?
O meu único conselho seria para que não se esqueçam de fazer realmente o que querem. Sejam astronautas, designers, instrutoras de mergulho … Existem tantas coisas para fazer! O mundo não tem de girar à volta da moda e do entretenimento mas, se é algo que realmente querem, apenas se têm de certificar que mantêm os pés assentes na terra. @barbienox

Este artigo foi inicialmente publicado em i-D.