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Música

Este japonês faz edits de música alheia e pediu-nos anonimato

Mas partilhou uma faixa exclusiva connosco.

Chamemos-lhe apenas KW, tal como um jornalista faria para proteger a identidade do seu entrevistado, numa qualquer reportagem cabresca. O KW é um simpático DJ de Tóquio que aceitou falar dos

edits

que faz com músicas dos outros, desde que o seu anonimato fosse preservado. Isto apesar de uma breve pesquisa no Google ser o suficiente para revelar o nome do senhor que gere a Nakayoshi Use Only, a

label

Publicidade

que utiliza para lançar os

edits

exclusivamente em vinil. Mas aqui o KW será somente o KW e pode ficar com o rosto escondidinho por detrás do disco que segura naquela foto.

As reservas de KW são compreensíveis, até porque os

edits

se aproveitam escarrapachadamente de alguns originais cujo custo de licenciamento seria talvez absurdo. Mais ou menos pela porta do cavalo, KW foi apostando nos

edits

porque, tal como começa por dizer, o seu “DJing apontava nesse caminho e queria partilhá-lo com os amigos”. Entre os clássicos revisitados encontramos, por exemplo, “Welcome to the Club”, dos Blue Magic, ou “Woman of the Ghetto”, da lenda soul Marlena Shaw (

Who is this bitch, anyway?

é tão bom como o seu título). KW garante que “o

feeling

dos originais permanece intacto”. É bonita a sua intenção, tal como a explicação que oferece para o nome Nakayoshi Use Only (NUO, vá lá): “Nakayoshi”, em japonês, significa amizade, respeito, amor. A

label

representa o meu respeito por todos os artistas espalhados pelo mundo." Senhores e senhoras, eis as palavras certas para convencer um júri.

Mas há mais. No segundo lançamento da Nakayoshi Use Only, confirma-se a tendência para colocar animais peludos no artwork de cada disco: o primeiro tinha um guaxinim e este mostra uma raposa. Procuramos saber através de KW se estes animais são realmente sagrados no Japão: “Sim, há algo de sagrado neles. As raposas perto dos templos representam a fé e é muito frequente ver guaxinins em frente de restaurantes. Tratam-se de animais fofinhos e queria tê-los nos meus discos.” Foi nessa altura que o tópico passou a ser “tendências urbanas japonesas” e assim surgiu a oportunidade para ficar a par da nova taradice do homem de meia-idade comum de Tóquio. “Os homens de negócios andam às voltas do Palácio Imperial, com fatos de ninja e durante a noite. Diria que querem afiar o espírito.” Fazes-nos sorrir KW. Obrigado pelo

edit

.