B FachadaEdição de autorEncerrando de vez o penoso ano sabático proposto durante 2013, foi uma manhã alegre aquela em que milhares de caixas de e-mail recebiam a boa nova trazida pelo Bandcamp: Fachada (com ou sem o B, pouco interessa) regressava aos discos com um novo álbum homónimo — o terceiro, porque a confusão que já havia nos nossos iTunes não era a suficiente. E se por algumas vezes foi possível traçar alguma continuidade na lógica dos seus discos, este nada tem a ver com o sublime (e tantas vezes ignorado)O Fim, lançado no final de 2012 e que nos deixara em suspense durante mais de ano e meio. Assim, que se largue a melancolia chorada na viola e voltemos ao êxtase dos sintetizadores, dosbeats e dossamples: havendo lugar para este tipo de comparações, poderíamos dizer queCriôloencontra aqui o seu sucessor de ginga. São cinco as novas canções (mais uma versão de Zeca Afonso) tão bonacheironas quanto a vida e confirmando os molhos de deliciosoafrobeat que nos foram prometidos há um par de meses na Zé dos Bois. Se as letras sempre foram um dos fortes de Fachada, ainda não é desta que passaram a um nível menor, já que as canções (e, neste particular, "Dá mais música à Bófia"e "Crus"são particularmente óptimas) se encontram repletas de destreza verbal para descobrir uma e outra vez.Sendo o B Fachada um daqueles casos em que a pura indiferença é o cenário mais raro (tantas vezes traduzido num simplórioou se ama ou se detesta), provavelmente terá um dos mais elevados rácios de conversão de odiadores em seguidores a que a música portuguesa já assistiu. E quase sempre o que bastou foiaquele disco bater certo para que tudo o que estava para trás passasse a fazer sentido, colocando os ouvidos à espera do próximo sucesso de Verão ou Inverno. Só podemos desejar que esteB Fachadacumpra esse papel e se junte neste Olimpo onde figuram discos tão ilustres quantoHá Festa na Moradia ou o homónimo das melancias, conseguindo convencer aqueles que por um ou outro motivo ainda não deixaram de franzir a sobrancelha. É que, a sério, não sabem o que andam a perder.
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