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Entretenimento

Os pijaminhas ghetto fab da M.I.A.

Não, não é a Cher versão gangster. É ainda melhor.

A esta altura do campeonato, qualquer pessoa que não viva debaixo de uma pedra estará familiarizado com a mistura de beleza e talento que é a M.I.A., por isso, parto do princípio que ela dispensa apresentações. Mesmo assim, suponho que haja pessoal que não saiba que ela foi convidada por uma das casas mais emblemáticas do mundo da moda, a Versace, para desenhar uma [mini colecção](http:// http://www.versusversace.com/collections/mia/lookbook/all) e trazer um pouco do seu flare à Versus, a sua sub-marca mais “acessível” — as t-shirts da coleção têm preços a partir dos 150 euros, uma pechincha portanto. Pessoalmente, acho que a M.I.A. é genuinamente cheia de pinta e consegue usar coisas que fariam qualquer outro ser humano parecer a Popota na época de acasalamento, por isso parece-me que não foi ingénuo da minha parte criar alguma expectativa quando a notícia desta colaboração saiu. Confesso; estava à espera de foils, franjas, videoclips de r'n'b e hip-hop dos 90's, a Cher versão gangster, sei lá. Em vez disso, o que os meus olhos vislumbram é uma colecção de pijaminhas ghetto fabulous com uma paleta de cores que caso fosse eu um pequeno predador e papasse um sapinho ou um insecto com aqueles tons ia acabar morto. Uma paleta que na natureza é sinónimo de "se me comes já foste, moço" — excepto os apontamentos de cor-de-rosa — a natureza normalmente atribui o rosa a coisas fofinhas como este louva-a-deus. Esta história de celebridades a desenhar roupa deixa-me sempre um bocado de pé atrás; têm rios de guito e acesso às peças mais mirabolantes de qualquer marca à face da Terra, mas isso não quer dizer que tenham capacidades, conhecimentos ou sensibilidade para seleccionar materiais, cores, acabamentos, pormenores e outras cenas técnicas chatas que desenhar roupa implica. Pelo que eu aprendi no programa das Kardashians, quando as celebridades desenham colecções, na verdade o que fazem é verem uma série de propostas feitas por pessoas contratadas para o propósito e escolherem as peças que acham mais giras. Nossa, tamanho desafio, um esforço criativo equiparável somente a uma Schiaparelli, sei lá. No entanto, quero acreditar que a M.I.A. realmente deu o corpo ao manifesto e foi mais autónoma nos seus designs. Parece que se inspirou nas peças contrafeitas da Versace. Segundo a própria, numa citação manhosa: "fiz o bootleg do bootleg pró pessoal que faz bootleg depois fazer o bootleg do bootleg e dar continuidade ao ciclo do bootleg". Dou-lhe valor por isso, claro, é um conceito genuinamente M.I.A. — porém, não iria estranhar muito se visse a maioria das peças na secção de crianças da La Redoute, entre pijamas do Dragon Ball ou das Tartarugas Ninja. Convenhamos, os modelos pálidos e nhonhós que escolheram para o lookbook também ajudam a dar um ar de "devia estar na caminha a curar a gripe" às peças, que ganham outra vida quando usadas pela sua criadora ou alguém com um nível equivalente de — cabeçadas na parede por usar este termo, mas não encontro outro igualmente assertivo — swag. Resumindo, queria que uma colecção vinda de alguém com tanto calor no estilo como a M.I.A. traduzisse esso mesmo calor. A merda é que estes pijamas nem parecem ser particularmente quentinhos.