
A resposta para o portfólio foi enorme; então, decidimos falar com o Lazarus por e-mail sobre o arquivo e apresentar uma nova seleção de imagens do projeto.

Jason Lazarus: Não me lembro da primeira imagem do THTK. Comecei sentindo o mesmo dilema que acho que muitos dos participantes do projeto compartilham: como posso achar significado nessa imagem?

Instituições têm muitos protocolos para lidar com imagens. Elas geralmente usam práticas de arquivamento que documentam condição e proveniência. Quando estão num repositório formal, imagens ficam num compartimento oficial de um arquivo, geralmente com muitas marcas de busca através das quais podemos acessá-las. Para mim, isso é análogo a Humanidades no geral, que empregam formatos padronizados para gerar e atribuir conhecimento e fontes. Artistas, às vezes, imitam essas práticas e juntam suas posses, as colocam atrás de um vidro, monitoram suas condições, documentam fielmente todas as experimentações, etc. Mas acho que os artistas são melhores quando contrariam essa forma de fazer conhecimento, quando empregam probabilidades, intuição, sensibilidade e, em alguns casos, ficção. Os artistas estão numa posição única para distorcer essa padronização e conhecimento em geral.
Publicidade


A garota com o olho roxo (uma velha amiga, vamos chamá-la de "Sue") foi uma contribuição que recebi logo no começo do projeto e foi algo revelador em vários níveis. Isso me fez perceber que o projeto tinha a possibilidade de uma significância real – não só para mim, mas para outros. O nível de confiança que eu estava pedindo implicitamente estava sendo recíproco com cada contribuição, fosse violenta ou banal. Além disso, a foto imediatamente me lembrou de Nan One Month After Being Battered, 1984, de Nan Goldin, uma das imagens mais icônicas dela: uma foto que se sobressai, mas que ainda tem um papel importante em sua narrativa estendida, [que é] The Ballad of Sexual Dependency. Quando você não é Nan Goldin, esses momentos icônicos e narrativas estendidas frequentemente acabam no seu éter pessoal – cortantes, potentes, mudam de forma: nublados, refeitos na sua narrativa, drenados, decompostos e difíceis de se reconhecer com o tempo. O arquivo é um corpo invisível, as contribuições são discretos pontos de entrada.
Publicidade


É raro que os espectadores identifiquem momentos específicos e os nomeiem, mas isso acontece às vezes online, e é interessante ver uma narrativa aberta recalibrada e definida pelo público.

1516 N Kedzie Ave, #3
Chicago, IL 60651Tradução: Marina Schnoor