Você vai achar sua rotina bem suave depois de saber dos treinos do Lucarelli

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Você vai achar sua rotina bem suave depois de saber dos treinos do Lucarelli

Aos 24 anos, ponteiro da seleção brasileira de vôlei explica como é jogar 110% da própria capacidade.

Quando vem de cima pra baixo rasgando o ar, Lucarelli é impiedoso. Ninguém passa incólume pela cortada do ponteiro da seleção brasileira de vôlei. Se a bola é erguida a sua altura, é impossível observá-lo sem soltar gritos de UOOOOOOWWWWW. Não tá acreditando? Então se liga nesses 4:16 de lances incrivelmente cabulosos.

Nós bem que tentamos imitá-lo aqui na redação, mas não rolou. A precisão e a técnica das cravadas, ao contrário do que imaginamos, não vêm fácil. Não basta pular, gritar e soltar a mão – aliás, evitem isso em casa. São precisos anos de empenho, disciplina e uma rotina diária que, apostamos, fará você ficar cansado só de ler. "Costumamos treinar e malhar pela manhã, cerca de duas horas, duas horas e meia ao todo contando almoço e descanso", nos contou o mineiro Lucarelli, de 24 anos. "À tarde vem o treino mais pesado no qual treinamos parte tática, que dura cerca de 2 horas também, sem contar a rotina de jogos e viagens." É, definitivamente, cortadas monstruosas não vêm fácil.

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Lucarelli também tem um ace pesadão. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Para o jogador, a receita do sucesso é buscar sempre "o 110%" da dedicação. É conhecer o limite e, quando chegar lá, de língua de fora, ir um pouco mais além. "Acredito que o jogador achar que já está pronto é o suficiente para não se esforçar o necessário", enfatiza. Com isso em mente ele pretende conquistar a Liga Mundial – competição que estava disputando quando nos concedeu entrevista – e as Olimpíadas no Rio. "É um campeonato de tiro curto e bem difícil, então o gás tem que ser constante e todos têm que se doar ao máximo o tempo todo", afirma. É claro que, na conta dos 110% de Lucarelli, entram também as subtrações – aqueles privilégios que foi obrigado a abandonar em nome do alto desempenho. "É preciso abdicar de muitas coisas quando jovem se quiser se destacar", conta. Para ele, porém, suas conquistas no esporte são mais importantes e, claro, duradouras. O espaço em que guarda troféus e medalhas comprovam isso. Anota aí. Lucarelli foi campeão sul-americano Sub-21 em 2010. Três anos depois levou o título do Mundial Sub-23, o título da Copa Pan-Americana, o Sul-Americano e a Copa dos Campeões, sempre no papel de protagonista – foi eleito o MVP (Most Valuable Player, ou jogador mais valioso) na Copa Pan-Americana, o melhor ponta no Sul-Americano, o melhor ponta na Liga Mundial e o MVP do Campeonato Mundial. Em 2014 foi eleito o melhor ponta no Campeonato Munidial e, no ano seguinte, sagrou-se novamente campeão sul-americano. É tanto título que temos até que mudar de parágrafo.

Aquela salvada quase impossível. Foto: Alexandre Loureiro/Inovafoto/CBV

Homem de confiança do técnico Bernardinho, Lucarelli esteve em quadra em todos os jogos da Liga Mundial e do Sul-Americano de 2015. A confiança do treinador em seu trabalho é, segundo ele, uma das recompensas pelos sacrifícios diários que enfrentou desde a juventude. Mas ele nem pensa em desacelerar. "Os primeiros resultados já apareceram e queremos muito mais", diz, ressaltando as conquistas do vôlei nacional nas Olimpíadas – são quatro ouros, três pratas e dois bronzes, atrás apenas da extinta União Soviética que tem 12 medalhas no total. Ele sabe que a pressão para se manter no topo afetará a todos do grupo, mas afirma ter a receita do sucesso. Ou melhor, a fórmula: "Vamos jogar sempre no 110%."

Se precisar salva até com o pé. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV