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O Inevitável Sucesso de 'Perdido em Marte'

Era impossível ferrar um enredo desses, né, Ridley Scott?

[Atenção: este artigo contém spoilers do filme Perdido em Marte.]

Se você gosta do Motherboard, e, por algum motivo, ainda tem dúvida se deve assistir ao Perdido em Marte, vamos deixar uma coisa bem clara: existem poucos filmes cujo assunto se alinha tão bem àquilo que gostamos e poucos filmes foram tão bem sucedidos em suas premissas. Vá assistir ao Matt Damon fazer ciência pura em Marte, sim. Você vai gostar.

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Perdido em Marte acompanha Mark Watney, um astronauta da NASA que precisa criar estratégias para sobreviver a vários anos em Marte depois que uma tempestade força sua equipe a abortar missão. Deixado para trás, sem meios de se comunicar com a Terra, com comida suficiente para poucos meses e um suprimento musical repleto de disco music, Watney se torna o primeiro fazendeiro de Marte, um MacGyver capaz de transformar combustível de foguete em água e dirigir um veículo de exploração espacial movido a energia solar.

É a maior tradução direta do impresso para a telona que você vai encontrar.

Não achei o romance de Andy Weir muito bem escrito – ele não desenvolve os outros personagens tão bem quanto Watney. Entretanto, a premissa da história é tão atraente e a ação é tão tensa que uma adaptação cinematográfica parece não só inevitável, mas também preferível à versão escrita. Não se trata de depreciar o Weir. O cenário é muito bom e a ciência é tão convincente que até mesmo uma escrita razoável é capaz de se transformar em um sucesso de bilheterias.

E foi o que o diretor Ridley Scott e o roteirista Drew Goddard fizeram. Se você já leu o livro, não vai se surpreender com nada do filme, mas, por outro lado, também não sairá do cinema desapontado com aquilo que ficou de fora. Damon tem todos os elementos de sagacidade e do humor sombrio do Watney. Jeff Daniels tem todos os traços do cuzão burocrático e excessivamente precavido de Teddy Sanders, o administrador da NASA.

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Perdido em Marte conta com um elenco de estrelas, um lendário diretor de ficção científica e um dos enredos de sci-fi mais compreensíveis dos últimos anos

É a maior tradução direta do impresso para a telona que você vai encontrar. Scott deixou de lado uma tempestade de areia no meio da jornada de Watney por Marte, então sua recuperação pela tripulação do Ares é um pouco diferente, mas cada ponto principal do enredo está retratado ali e, puxa, é muito bom poder ouvir a disco music da qual Watney passa tanto tempo reclamando.

O triunfo aqui está nos interstícios. O planeta vermelho e a ciência são as estrelas do filme. Embora seja bastante possível imaginar Watney ser varrido em uma tempestade marciana, é muito melhor assistir a tudo isso. O que acontece na maior parte do filme – os primeiros brotos das batatas, a dimensão dos veículos de exploração e o habitat marciano – tudo fica muito melhor na tela. Mesmo as brigas internas da NASA para montar uma sonda e a manobra assistida da gravidade terrestre de Rich Purnell são representadas com uma vivacidade que não vemos nas páginas do livro.

Nada disso é surpreendente. Perdido em Marte conta com um elenco de estrelas, um lendário diretor de ficção científica e um dos enredos de sci-fi mais compreensíveis dos últimos anos. O filme é um sucesso, uma história que merece ser vista, não somente lida.

Recusado anteriormente por agentes literários e editores, Weir publicou um capítulo por vez do livro, de graça, como uma série de posts de blog em seu site. O triunfo do livro não era nada esperado, por isso é tão estranho que o sucesso do filme seja inevitável.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri