Polícia da Filadélfia admite ter disfarçado van espiã como carro do Google
O veículo em questão. Crédito: Dustin Slaughter

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Polícia da Filadélfia admite ter disfarçado van espiã como carro do Google

“Se eu fosse o Google, estaria bem irritado por usarem minha marca para disfarçar qualquer tipo de vigilância.”

Polícia da Filadélfia admite ter disfarçado van espiã como carro do Google Street View

Preview: "Se eu fosse o Google, estaria bem irritado com usarem minha marca para disfarçar qualquer tipo de vigilância."

DUSTIN SLAUGHTER

O Departamento de Polícia da Filadélfia, nos Estados Unidos, confessou hoje ser dono de uma van misteriosa de placa não-identificada disfarçada de carro do Google Maps, caso relatado aqui mesmo no Motherboard.

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Em declaração enviada por email, um porta-voz do departamento confirmou:

"Fomos informados de que este veículo em particular pertence ao departamento de polícia; porém, a inclusão de qualquer adesivo no veículo não foi aprovada por meio de nenhuma cadeia de comando. Dito isso, assim que tomamos conhecimento do assunto, a remoção dos adesivos foi ordenada imediatamente."

O porta-voz ainda comentou que um inquérito é iminente.

Quando contatado ontem, o Google confirmou estar investigando o uso não-autorizado do logo do Google Maps. A porta-voz da empresa com a qual conversamos sugeriu que a empresa talvez tivesse algo a comentar mais no futuro.

Brandon Worf, que trabalhou por três anos no Busch and Associates, grupo comercial especializado em tecnologia para segurança pública, descreveu o equipamento de reconhecimento automático de placas (ALPR) instalado no carro como "assustadoramente eficiente" após analisar as fotos publicadas ontem.

Worf diz que este modelo em especial, o ELSAG MPH-900, "baseia-se no uso de câmeras infravermelhas para encontrar números e letras em placas por meio do reconhecimento óptico e de diferenças na temperatura entre estes caracteres e os arredores".

As câmeras são capazes de ler e processar "várias placas simultaneamente" e "em uma fração de segundos".

Todas as placas analisadas nesse esquema de arrastão "são registradas com data e hora da leitura, coordenadas de GPS de onde a leitura ocorreu e uma foto da placa e veículo", comentou.

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O reconhecimento automático de placas tem uma grande variedade de usos: combate às drogas, cobrança de taxas e multas, missões de resgate e recuperação de carros roubados. Mas persiste a pergunta: por que disfarçar a tecnologia – ainda mais tão porcamente?

"De cara, penso que é bastante ilegal usar as marcas do Google ali, mas isso é outra história", disse Worf. "Mas o resumo mesmo é que de cara poucas pessoas reconheceriam um sistema ALPR, e quem o fizesse, não saberia o que o Google faz com um desses."

"Francamente, não entendo por que a polícia acha que deveria esconder algo assim, o que certamente nos faz questionar suas motivações", adicionou.

"É preocupante se a cidade da Filadélfia está conduzindo algum tipo de vigilância em massa e se esforçando para enganar a população", disse Dave Maass, ex-jornalista e pesquisador do grupo sem fins lucrativos Electronic Frontier Foundation.

Maass especulou que o veículo disfarçado poderia fazer parte de uma investigação "direcionada", mas logo apontou que não existe coisa do tipo quando a polícia emprega o uso de sistemas de reconhecimento automático de placas. "Se eu fosse o Google, estaria bem irritado por usarem minha marca para disfarçar qualquer tipo de vigilância", concluiu.

Tradução: Thiago "Índio" Silva