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Kevin Hinchey: O acumulador orgônico é uma caixa Faraday modificada que Reich desenvolveu entre 1939 e 1940 para apreender e observar a radiação orgônica que ele originalmente descobriu que emanava de organismos microscópicos aos quais ele deu o nome de bions. Esses primeiros acumuladores eram pequenos caixotes. Mais tarde, em 1940, quando Reich descobriu que essa mesma energia também existia na atmosfera, ele reconheceu a capacidade do acumulador orgônico em, de fato, atrair e concentrar essa energia presente no ar à nossa volta para experimentações médicas e científicas. Depois de promissores resultados no tratamento de câncer em ratos de laboratório com os acumuladores, Reich construiu acumuladores de energia orgônica maiores para a experimentação médica em humanos que sofriam de várias enfermidades, incluso aí o câncer. Os resultados desses experimentos médicos e científicos estão compilados no livro The Cancer Biopathy, que eu recomendo intensivamente que as pessoas leiam. Lá estão as descobertas de Reich em suas próprias palavras, e não as de outras pessoas. Desde a morte de Reich, várias pessoas fizeram experimentos com acumuladores orgônicos e publicaram seus resultados. Outros filmes já abordaram esse tema – o meu não abordará. O recorte da produção será focado numa apresentação factual apurada do trabalho de Reich tal qual conduzido por ele ao longo de sua vida.
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O cloudbuster era uma invenção de Reich capaz de influir naquilo que ele chamava de "potencial orgonômico" da energia orgônica presente na atmosfera por meio da criação de nuvens ou as destruindo, além de aumentar sua densidade e umidade na atmosfera. Tem um excelente capítulo sobre esse tópico no livro Selected Writings – An Introduction to Orgonomy , que é uma reedição de alguns artigos publicados na década de 1950 em seus cadernos de pesquisa.Como surgiu o termo "orgasmatron"? Qual a relação disso com o acumulador de Reich?
A palavra "orgasmatron" apareceu pela primeira vez numa comédia futurística do Woody Allen, chamada Sleeper, na forma de uma espécie de cabine onde as pessoas entravam e conseguiam atingir orgasmos. Até o ponto em que eu sei, Woody Allen nunca deu nenhuma declaração específica de que a orgasmatron tenha sido inspirada no acumulador de energia orgônica… no entanto, é bem capaz de que tenha sido. De qualquer modo, todo mundo saiu afirmando que existia essa relação, e a cômica orgasmatron de Woody Allen ficou para sempre atrelada ao acumulador.
A proposta desse documentário é fazer aquilo que nenhum outro cineasta conseguiu realizar nas últimas décadas: apresentar uma narrativa precisamente factual da vida e do trabalho de Reich baseada em informações documentadas a partir de um material de fonte primária, e não baseada nas "opiniões", "interpretações" ou "especulações" de outras pessoas sobre ele. O filme é sobre a vida e o trabalho de Reich, suas atividades ao longo da vida. Não é um filme para promover qualquer organização ou corpo de trabalho, tampouco qualquer indivíduo que tenha começado a lidar com essas ideias depois de sua morte em novembro de 1957. É sobre Reich, e ninguém mais. E, ao apresentar os fatos por meio desse filme, as principais distorções a respeito de Reich ficarão evidentes e os fatos prevalecerão. Entre as principais distorções sobre Wilhelm Reich, estão as seguintes:
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Vamos gravar entrevistas em locações como Rangeley, Hancock, Ellsworth Falls e Portland, em Maine; Nova York; Washington, D.C.; Pensilvânia; Viena; Berlim; e Oslo. A parte visual também contará com centenas de fotografias históricas, filmes pessoais e científicos pertencentes a Reich, cinejornais de fatos históricos, material dos arquivos de Wilhelm Reich, como diários pessoais, bloquinhos de laboratório, correspondência, documentos legais, manuscritos, etc. O filme também incluirá trechos de gravações de voz de Wilhelm Reich. O documentário está sendo filmado com uma câmera profissional de alta definição digital. A previsão é de que ele esteja pronto dentro de um período de dois anos.Desde quando você está envolvido com o legado de Reich e como tomou contato com suas ideias ao ponto de assumir isso como uma profissão?
Quando eu estava crescendo, minha família costumava passar as férias de verão em Rangeley, Maine. Então, eu era muito jovem quando vi pela primeira vez o nome Wilhelm Reich. Mas foi somente a partir dos 18 anos – no verão posterior ao meu primeiro ano na faculdade – que aprendi sobre quem era Wilhelm Reich e visitei pela primeira vez o Wilhelm Reich Museum. Foi quando comecei a ler seus livros: em agosto de 1972. Ao longo dos anos seguintes – e até hoje –, eu venho lendo todos os livros escritos por Wilhelm Reich e quase todos os principais livros a respeito de Wilhelm Reich. Depois da faculdade, eu ingressei na New York University Graduate Film School e tirei meu M.F.A. em cinema e tevê. E, desde aquela época, eu sempre quis produzir um filme factualmente apurado sobre Wilhelm Reich, fosse como uma cinebiografia ou como um documentário. Estive em visitas a Rangeley, Maine, ao longo de toda a minha vida. Sempre foi um lugar muito importante para mim, um lugar aonde eu ia para fazer caminhadas, canoagem, esquiar, pescar e explorar, e onde sempre fiz muitos amigos. Fui dono de uma cabana lá por treze anos. Então, era inevitável, acredito, que eu eventualmente acabasse me envolvendo com o Wilhelm Reich Museum e o Wilhelm Reich Infant Trust, do qual sou codiretor desde 2002.
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O Wilhelm Reich Infant Trust foi criado pelo próprio Reich em sua declaração de últimos desejos e testamento de 1957 a fim de preservar e transmitir seu legado científico para as futuras gerações e prevenir as distorções sobre seu trabalho. Reich também estipulou que sua propriedade deveria se tornar um museu e que nada poderia ser mudado em seus arquivos, e que esses arquivos não poderiam ser consultados por ninguém num período de 50 anos.O Trust assumiu os desejos de Reich:1. Criar e operar o Wilhelm Reich Museum em nome de Reich.2. Gerenciar os Arquivos de Reich e se responsabilizar em encontrar uma casa para esses arquivos na Countway Library of Medicine, dentro da Harvard Medical School.3. Tornar esses arquivos acessíveis a todos os estudantes e pesquisadores a partir de novembro de 2007, exatamente 50 anos depois de sua morte, tal qual estipulado em sua declaração de desejos.4. Desde 1959, o Trust vem trabalhando com a editora nova-iorquina Farrar, Straus and Giroux no relançamento de todos os livros escritos por Reich que foram banidos e queimados em 1956 e 1960, além do lançamento de treze títulos inéditos.5. O Trust também disponibiliza, por meio da Wilhelm Reich Museum Bookstore, reedições de todos os relatos e boletins de pesquisa de Reich datados entre 1942 e 1960.
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Isso é completamente falso. Reich não era um militante do "amor livre" e ele não diz nada especificamente relacionado a isso em suas publicações. Em verdade, ele era um contundente crítico do casamento tradicional, da estrutura familiar e das leis que governam o divórcio, a educação sexual e os direitos sexuais. Mas ele não promovia o conceito de "amor livre" nem o comportamento irresponsável envolvendo as relações sexuais. Essas afirmativas são boatos espalhados por pessoas que nunca realmente tiveram uma leitura substancial dos escritos autorais de Reich e acabam se baseando naquilo que leram ou ficaram sabendo pela boca de alguém. Outra vez, se alguém puder chegar e nos mostrar em que ponto Reich, por conta própria, advoga o amor livre, então deixem essa pessoa passar.
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Eu prefiro deixar Reich falar por si mesmo e não ser mais um dentro daquele aparentemente infindável número de irresponsáveis intérpretes de Reich. Eu recomendo a leitura do livro Reich Speaks of Freud, a transcrição de uma longa entrevista que ele deu a um representante do Freud Archives em 1952. Naquela entrevista, Reich falou eloquentemente sobre os pontos em que ele discordava de Freud e por que ele discordava. Trechos do áudio dessa entrevista serão incluídos no documentário.REVERBERAÇÕES REICHIANAS NO BRASILPor Dentro da Somaterapia de Roberto Freire – Uma Terapia Corporal AnarquistaJoão da Mata ao lado de Roberto Freire, o criador da Somaterapia. (Foto de Rui Takeguma cedida por João da Mata).A obra de Wilhelm Reich serve como espinha dorsal para a chamada Somaterapia. Criada no Brasil pelo médico e instaurador libertário Roberto Freire (1927-2008) nos anos 1970, no período da ditadura civil-militar, a Somaterapia procura entender o comportamento humano a partir das relações sociais desenvolvidas no cotidiano dos indivíduos. Trata-se de uma prática que estabelece associação entre psicologia, corpo e política. Nesse sentido, dois fatores são fundamentais para os somaterapeutas: a implicação do corpo na clínica e a análise das práticas de poder nas relações sociais e seus efeitos sobre as emoções e os comportamentos. "Acreditamos na necessidade de voltar nosso olhar para as microrrelações sociais, pois é a partir delas que compreenderemos os mecanismos basais de poder e suas extensões para planos mais amplos da sociedade", explica o somaterapeuta João da Mata. "Tais mecanismos funcionam como o germe do autoritarismo que se alastra por diversos pontos das interações humanas, produzindo inegáveis influências sobre áreas vitais do comportamento e das relações sociais." Roberto Freire, que era anarquista, encontrou na obra de Reich a confirmação de suas impressões sobre a influência dos conflitos de poder no comportamento individual, além da implicação do corpo nesse processo. Segundo sua conclusão, a obra de Reich indicava uma noção importante que deveria fazer parte de sua terapia libertária: desencadeada por um processo de ajustamento social, a neurose não residia no pensamento e na cabeça, mas em todo o corpo.
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