Uma noite com as equipas de resgate nos escombros de Amatrice

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Uma noite com as equipas de resgate nos escombros de Amatrice

A pequena cidade no centro de Itália ficou destruída depois do sismo. As buscas por sobreviventes prosseguem.

Durante as operações nocturnas de salvamento que se seguiram ao terramoto que atingiu o centro de Itália na última quarta-feira, 24, foram sentidas várias réplicas na pequena cidade de Amatrice. Todas as fotos por Alessandro Iovino / Cesura.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE Itália

O sismo que atingiu o centro de Itália na madrugada de Quarta-feira, 24 de Agosto, já causou até ao momento, segundo os últimos dados oficias revelados, 267 mortos e quase 700 feridos. As operações de busca e salvamento em Amatrice e nos arredores da cidade estão ainda em curso. A pequena localidade, situada numa zona montanhosa, ficou reduzida a uma pilha de destroços depois do abalo.

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A única forma de lá chegar, ou de sair, é através do minibus disponibilizado pela Protecção Civil, entidade que coordena as operações no terreno. A cada deslocação, o veículo vai apinhado de equipas de salvamento e jornalistas, que são deixados num local a cerca de um quilómetro da cidade, já que não é seguro conduzir mais para dentro.

Os feridos ligeiros são tratados em hospitais de campanha instalados nas proximidades, enquanto aqueles que necessitam de maiores cuidados são levados para unidades de saúde em Rieti, Norcia e Roma - a 70, 55 e 140 quilómetros de distância respectivamente. O facto de ser tão difícil chegar à cidade explica o porquê de as equipas de resgate terem demorado tanto a chegar logo depois do abalo sísmico inicial.

Quando cheguei a Amatrice, às sete da tarde de quarta-feira, polícia, bombeiros, soldados e as unidades da Protecção Civil estavam a escavar nos escombros e, ao mesmo tempo, a tentarem coordenar as operações. Há homens e mulheres oriundos de todo o país: encontrei voluntários da Cruz Vermelha vindos de Roma, bombeiros e Milão e civis que tentavam ajudar da melhor forma possível, ao mesmo tempo que eram mantidos a uma distância de segurança pelas autoridades. As operações continuaram durante toda a noite, enquanto o estádio local - a única estrutura de grandes dimensões ainda de pé em Amatrice - transformou-se num campo de acolhimento. Um abrigo temporário para todos os que perderam as casas, ou que esperavam notícias sobre os seus familiares e amigos ainda desaparecidos.

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Permaneci em Amatrice com as equipas de salvamento até à madrugada de quinta-feira, 25.

A maioria das vítimas são de Amatrice - uma cidade com cerca de 2650 habitantes. Só os edifícios mais recentes e o estádio continuam de pé.

Voluntários de toda a Itália estão em Amatrice.

O campo de treinos em frente ao estádio foi transformado num campo de acolhimento pela Protecção Civil, de forma a providenciar abrigo para cerca de 300 pessoas.

Há também campos de acolhimento em Sant'Angelo (arredores de Amatrice) e em Accumoli – para além de outros que estão a ser montados em toda a área.

As operações de resgate estão a ser levadas a cabo com cães especializados. Jornalistas e civis são mantidos a uma distância de segurança dos locais onde as escavações são feitas, de forma a também não haver distracções para os cães. Poucos minutos depois de tirar esta foto, uma mulher foi retirada com vida dos escombros.

Unidades do exército estão no local com retroescavadoras e tanques. Para além de uma garantia de maior segurança numa altura em que ainda se sentem inúmeras réplicas do terramoto, a presença dos soldados serve também como forma de evitar pilhagens de casas abandonadas e outros problemas.

Para além das equipas de resgate, Amatrice é uma cidade deserta. Os únicos civis que se vêem são pessoas à procura dos seus entes queridos. Junto a este edifício encontrei dois irmãos que sobreviveram ao colapso da casa onde viviam e que estavam à procura da sua mãe.

Um piloto de um helicóptero civil em Amatrice.

Exterior de um dos campos de acolhimento. As pessoas das redondezas enviaram de imediato bens básicos, como cobertores, fraldas para as crianças e outros produtos.

Uma casa colapsada em Amatrice.