nude selfie
Todas as imagens por Dora Papanikita.

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Tecnologia

Essa fotógrafa está explorando como as nudes mudaram o sexo feminino

Em 'Sex in the Digital Age', a fotógrafa Dora Papanikita discute como Instagram, Snapchat e outros aplicativos transformaram a expressão sexual das mulheres.
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
MS
Traduzido por Marina Schnoor

A fotógrafa Dora Papanikita acredita que os smartfones alteraram a forma como nos comunicamos sexualmente — uma opinião com que muita gente que usa celular vai concordar. Para ela, a tecnologia mudou nossas necessidades — e meios — de receber satisfação, além de nos permitir nos envolver em relacionamentos sexuais com pessoas do outro lado do mundo.

O projeto dela Sex in the Digital Age foca no lado feminino desses relacionamentos, e explora como a expressão sexual vem mudando com o advento de aplicativos como o Snapchat e Instagram. Falei com ela para saber mais.

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VICE: Como você se interessou por esse tema?
Dora Papanikita: Eu queria fazer um trabalho sobre isso há algum tempo, e depois de ter essa conversa com algumas amigas, fiquei inspirada para começar. Mas tem uma história em particular aqui — minha amiga estava num relacionamento exclusivo com alguém que morava na mesma cidade que ela, mas eles nunca se encontraram. O relacionamento deles era através do celular. Fiquei chocada em pensar como a tecnologia afetou não só nossa vida cotidiana, mas nossa vida sexual.

O projeto também vai um pouco além para falar de nudes — elas são um impulso para a autoestima? É algo que as garotas gostam de fazer ou não? Como isso afeta a comunicação sexual entre um casal, especialmente se há uma distância física entre eles?

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Foto: Dora Papanikita

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Foto: Dora Papanikita

Como você acha que a tecnologia afetou a comunicação da nossa geração?
A tecnologia criou uma comunicação constante na nossa geração. Acho que essa é a primeira coisa. Basicamente, hoje em dia você não sente mais realmente saudades de alguém, se é que isso faz sentido? Você pode ouvir a voz da pessoa, ver o rosto dela ou ler suas palavras todo dia. As distâncias estão cada vez menores; não importa se seu amigo ou seu amor está em outra cidade ou até em outro continente. Vocês ainda podem se comunicar do mesmo jeito.

As redes sociais também criaram uma cultura de saber o que todo mundo está fazendo toda hora, o que pode ser um problema, porque aí quando vocês conversam, não têm muito do que falar — você sabe o que a pessoa andou fazendo. Os celulares também afetaram a comunicação sexual, já que permitem que você interaja com seu parceiro ou algo assim de um jeito sexual, não importa a distância entre vocês. Você nem sente mais falta do seu parceiro num sentido sexual. Os celulares tornaram isso fácil demais.

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Foto: Dora Papanikita

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Foto: Dora Papanikita

Tem alguma razão em especial para você ter se focado em mulheres para o projeto?
Não foi por uma razão em particular — eu só queria focar num lado da comunicação. Além disso, como sou mulher e as histórias que já ouvi eram aquelas que eu queria contar, não tive essa conversa com garotos.

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Foto: Dora Papanikita

Você acha que a tecnologia é uma força positiva ou negativa nos relacionamentos?
Acho que os dois. A tecnologia é ótima e estamos muito envolvidos nela. Se tirassem nossos celulares e wifi, a gente não saberia como funcionar. Mas acho que é uma questão de como você a usa. Acho que para comunicação sexual de um casal, é OK, é legal, é fofo, funciona. Mas não use demais porque também é muita informação vindo o tempo todo.

Isso é algo que vem com os celulares: uma abundância de imagens jogadas na nossa cara constantemente, o dia inteiro. Mantenhas as coisas um pouco especiais; se ficam mandando imagens suas um para o outro o dia inteiro, vocês acabam dessensibilizados. Mas é como com qualquer coisa — estamos tão cansados de ver fotos, roupas, pessoas e tudo mais. A tecnologia é algo bom para aproximar pessoas, mas também acho que ajuda as pessoas a se cansarem umas das outras muito rápido. Sentir falta de alguém é importante.

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Foto: Dora Papanikita

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Foto: Dora Papanikita

theodorapapanikita.com

Matéria originalmente publicada na VICE UK.

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