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Ser nazi no sítio errado

O triunfo de uma vontade.

Sempre quis fazer uma daquelas provas de ADN. Aquele tipo de teste que (supõe-se) pode dizer-te quais são os teus antepassados. Confesso que adoraria ter origens exóticas, quanto mais rebuscadas e variadas melhor. Aliás, a verdade é que ficaria bastante fodido se me dissessem que as minhas raízes genéticas vêm desde o ano 20.000 a.C. na terra em que nasci. Seriam antepassados altamente.

Contudo, em Espanha isto seria bastante complicado, uma vez que ao longo da história, passaram por aqui povos das mais variadas raças. Quem é mais e quem é menos celta, ibérico, grego, romano, árabe ou germânico. Por isso, falar de uma raça espanhola pura é tão absurdo, tal como fundar um partido para defender essa pureza é tão razoável como te pores a chorar porque gostas muito de gatinhos. Mas os nazis espanhóis não estão sozinhos na sua ingenuidade e absurdo. Até ao cantinho mais esquecido da terra podemos encontrar-nos com um tangas espalhando as ideias do Adolf, sem muitos complexos para que se adaptem mais ou menos aos seus co-cidadãos e aos seus próprios interesses. Vejamos quais são os cinco partidos nazis mais inesperados que encontrámos. PARTIDO NAZI MONGOL
Neste caso, a palavra “mongol” refere-se à sua proveniência da Mongólia, não me interpretem mal. A verdade é que não se pode dizer que haja um partido nazi na Mongólia, mas desde há uns anos que existem vários grupos neonazis muito activos como os Tsagaan Khass ou os White Swastika, que defendem a pureza da sua raça, sobretudo contra a crescente quantidade de homens de nacionalidade chinesa que viajam para fazer negócios e viver no país. A maior preocupação destes gajos é que as mulheres do seu país tenham relações com homens estrangeiros, especialmente originários da China. Realizam frequentes rondas por hotéis e prostíbulos de Ulan Bator, a capital, rapando a cabeça às prostitutas que fazem sexo com chineses.  Também atacam pessoas da comunidade gay. É claro que negam toda a relação com os nazis, apesar de irem carregados de suásticas, afirmando que isso é um antigo símbolo oriental, mas não dizem nada sobre as águias, cruzes de ferro ou a saudação em que levantam o braço. PARTIDO SOCIAL-NACIONALISTA SÍRIO
O objectivo deste partido é o estabelecimento de um grande estado sírio formado pela actual Síria, Líbano, Iraque, Jordânia, Israel, Palestina, Chipre, Kuwait, a Península do Sinai, o sudeste da Turquia e o sudoeste do Irão. Foi fundado em 1932 como resposta ao colonialismo francês, em pleno auge do fascismo na Europa e os seus ideais estão muito influenciados pelas ideias de Hitler e Mussolini. Ainda que tenha sido proibido e bastante perseguido no passado, actualmente está presente em vários países da zona. Os porta-vozes do partido sempre negaram as suas influências fascistas, declarando que não são nacional-socialistas, mas sim social-nacionalistas (nada a ver), que as semelhanças entre a sua bandeira e os seus símbolos nazis não existem, ou que as suas juventudes, que frequentemente se reúnem em grandes concentrações e recebem formação paramilitar, não são mais que uma espécie de boyscouts. PATROL 36: NAZIS DE ISRAEL
Sempre acreditei que quando se fundasse um partido nazi em Israel, as normas da lógica estalariam e algo de incrível passar-se-ia. Tipo os mortos voltarem à vida ou a Coca-Cola converter-se em Pepsi. Mas afinal, não. No ano de 2007, detiveram em Israel um grupo de pessoas que se dedicava a destruir sinagogas, pintar suásticas e a pregar sovas a judeus ortodoxos, homossexuais, trabalhadores estrangeiros, drogaditos e vagabundos nos arredores da estação central de Tel Aviv, e gravaram um vídeo para facilitar o trabalho da polícia. Tratavam-se de miúdos de entre 18 e os 21 anos, todos de origem russa, que viviam em Israel graças à lei de Retorno, uma lei que permite que judeus ou descendentes de judeus até à terceira geração, emigrem para Israel e obtenham a nacionalidade. Um deles é descendente de sobreviventes do Holocausto. SOCIAL NACIONALISMO DO PERÚ ANDINO
O tipo da foto é o Martin Quispe, um pequeno empresário de Lima, fundador e dirigente deste movimento obcecado com o facto de que a culpa de tudo é dos judeus, apesar de, no seu país, apenas 0,01 por cento da população definir-se como tal. Quispe é o oitavo filho de uma família muito humilde que não teve ocasião de estudar. Em miúdo, não obstante, caíram-lhe nas mãos vários livros que o levaram a fundar este movimento, há dez anos. Os seus primeiros seguidores foram bêbedos, drogados e vagabundos que ele recolheu da rua para lhes dar comida e abrigo em troca de se deixarem convencer pelos seus ideais antissemitas. Apesar do seu anti-judaísmo, Quispe diz que não é racista e defende que Hitler também não o era. Nega o holocausto e diz que tudo foi uma invenção dos meios de comunicação, controlados pelos judeus. Ao contrário do que sucede com muitos grupos nazis que tentam passar desapercebidos, os seguidores de Quispe saem todos os dias à rua vestidos com os seus uniformes para vender os livros, as t-shirts e DVDs do seu movimento. PARTIDO NACIONAL BOLCHEVIQUE
Ainda que um dos maiores orgulhos da União Soviética tenha sido derrotar o nazismo, aos gajos do Partido Nacional Bolchevique (ou Nazbo) desprezam-no um bocado. O seu ideário político é uma mistura de ultranacionalismo radical com um ódio acérrimo ao capitalismo. Defendem a criação de uma Grande Rússia formada, basicamente, por todos os países da Europa e até alguns da Ásia para, juntos, combaterem o capitalismo. Devido aos seus actos de vandalização e sobretudo depois do assalto ao ministério das finanças em Moscovo, o partido foi ilegalizado, ainda que os seus líderes tenham formado um novo partido chamado “A outra Rússia” e conseguiram apresentar-se às últimas eleições. Um dos seus líderes é o xadrezista Gary Kasparov. Costumam manifestar-se muitas vezes e a beleza das suas seguidoras salta à vista.