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Música

Conheça K Rizz, a Pop Star Filipina em Suas Mágicas Calças

Aos 22 anos, a princesa pop star filipina cita Marilyn Manson e Missy Elliott como grandes inspirações e mistura feminismo com bunda de fora e maquiagem irretocável.

K Rizz (Fotos: Lauren Gesswein)

Ao entrar no Jeepney, um restaurante filipino no East Village, em Nova York, K Rizz estala dramaticamente os dedos em cima de sua cabeça e franze seus lábios carregados de gloss. "Yaaas!", ela berra quando me vê. "Graças a Deus você é asiático!", me diz ela em um breve momento de intimidade antes dela continuar a se levantar, segurando um ovo de pato fertilizado em uma mão, seu chapéu de cowboy na outra, e me conta onde compra suas calças de couro de grife que deixam sua bunda à mostra (nos sex shops na West 4th, caso você esteja interessado). Sentada embaixo de um poster de uma filipina com os peitos de fora e a legenda "God Bless" - um artigo de decoração que o dono do restaurante diz ser uma subversão à rigidez do catolicismo filipino -, ela entra em seu estado performático, sem precisar fazer nenhum esforço para chamar a atenção de todos que estão em volta. Afinal, só o que ela precisa fazer é desenrolar sua gola rolê para atrair olhares perplexos dos dois homens conservadores sentados atrás dela.

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É óbvio que K Rizz é visionária na arte de chocar totalmente as pessoas. A "princesa pop star filipina" de 22 anos cita Marilyn Manson e Missy Elliott como grandes inspirações, e pelas três horas que estamos refugiados do frio absurdo que está fazendo lá fora enquanto comemos especialidades filipinas, ela não para de fazer elogios e dar conselhos para uma vida sólida.

"As pessoas sempre acham que estou fazendo isso pelos motivos errados, pelo fato de que estou seminua", ela diz, enquanto se agasalha e come outro pedaço de seu kare-kare. "Mas eu exijo respeito. Eles vão me admirar pela minha arte, meu talento, e o fato de que sou uma mulher".

Esse temperamento explosivo é uma característica essencial do seu lado Sasha Fierce, o qual ela carinhosamente apelida de "Slay Rizz" - uma personificação da terceira onda do feminismo misturada com uma bunda de fora e uma maquiagem irretocável. Ao mesmo tempo que se orgulha de ser uma filipina criada em um ambiente fervorosamente católico, Rizz deixa claro que sua sexualidade empoeirada é o que a faz se sentir mulher. Honestamente, ela faz a porra que ela quiser, qualquer coisa que a faça sentir como K Rizz.

K, aliás, começou a fazer música com uma galera chamada LEEK92 (Letting Everyone Everywhere Know Since 1992 - o ano em que todos nasceram), que também inclui seu namorado e principal produtor, o Roc'well. "Não sei direito o que aconteceu, mas meu namorado e eu começamos a fazer música juntos e quando estávamos juntos fizemos algo excelente", ela ri. "Remetia bastante à Missy Elliott, Aaaliyah e Timbaland quando trabalharam juntos. E então eu simplesmente decidi continuar".

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Há quatro anos na estrada, ela já teve alguns lançamentos independentes, incluindo Boobie Trap, de 2012, que tem uma capa misteriosamente parecida com a do próximo disco da Madonna, Rebel Heart; um fato que a faz bocejar, dizendo: "Estou sempre à frente do meu tempo. Não consigo nem esconder isso".

No entanto, o hino do "reggaeton filipino" do verão passado, "Salbahe", poderia facilmente ser batizado como seu momento de fuga, uma música que resume perfeitamente tudo o que ela é. Afinal, "Salbahae" é considerada "obscena" e "baixa", mas K Rizz encara de outra forma, enxergando-a como motivo de orgulho. Essa ideia de transformar o que deveria ser visto como vergonhoso em uma fonte de confiança é a raiz de sua identidade. Tendo crescido no Queens como uma criança rebelde, K Rizz passou grande parte dos seus anos de formação em uma escola predominantemente branca e católica, onde se sentia sufocada por um ambiente hostil onde as pessoas "não sabiam o que era uma filipina" e diziam "você é uma chinezinha, sai pra lá".

Não que esses valentões fossem capazes de frear K Rizz, já que ela demonstrava uma confiança e se mostrava determinada e ambiciosa, características que ela atribui à sua personalidade forte de touro - ela ri enquanto faz dois chifrinhos com uma das mãos. "Eu sou simplesmente guiada pelos chifres. Esse é meu estilo 'Salbahe' e ele combina com minha personalidade e como me sinto por dentro enquanto criança rebelde".

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Somente quando começou a frequentar a High School of Art and Design, em Manhattan, que ela se sentiu inspirada a explorar sua própria identidade. Um ambiente acolhedor onde ela podia zanzar por aí em suas calças oitentistas e ser quem ela quisesse. Foi no ensino médio onde K Rizz se encontrou. Ela se aventurou em uma série de referências da cultura pop, desde o primeiro single de disco-pop "Imagine If" até a obscena faixa inspirada pelo dancehall, "Paradiso".

"Eu faço referência a várias coisas que fizeram parte do meu crescimento. Mas percebi que em muitas dessas [referências da cultura pop], garotas negras são mal interpretadas". Ela lamenta, pausando para concatenar suas ideias. "E eu ficava tipo, 'Como eu posso melhorar?'". Esse é um sentimento infeliz, embora comum, entre a segunda geração de americanos asiáticos, que cresceram sem nenhuma representação na mídia e que o 'sonho americano' foi introjetado em suas mentes por pais imigrantes que trabalhavam muito. Assim como muitos criam novas narrativas que se adaptam às suas necessidades, o que K mais precisava era de uma heroína filipina que corajosamente renunciasse a essa narrativa asiática "dócil" e "submissa" em prol de uma apreciação entusiasta de sua cultura e uma sexualidade audaciosa e inclusiva.

"Não estou dizendo que sou a voz de todos, e sim afirmando ser o futuro do futuro", ela disse enigmaticamente. "Eu sou uma nova geração de americanos". Afinal de contas, forjar uma nova identidade através de uma escolha ultra meticulosa de influências é tipicamente americano - K apenas se transforma em um ser não-identificado. Ou dez, para não restar dúvidas sobre quem está no comando dessa história toda.

"Às vezes eu simplesmente preciso ser eu: uma filipina maluca de Nova York usando calças que deixam minha bunda de fora", ela gesticula, enquanto a vela quase incendeia suas argolas. "Se isso nos torna populares, então que seja. Eu seguro o troféu no final".

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Tradução Stefania Cannone