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A Situação na Ilha Manus Está Piorando Cada Vez Mais

Já se passou mais de uma semana desde os primeiros relatos de greve de fome endêmica na Ilha Manus. Agora 700 detidos estariam se recusando a comer e 14 deles costuraram os lábios.

Já se passou mais de uma semana desde os primeiros relatos de greve de fome endêmica na Ilha Manus. Agora 700 detidos estariam se recusando a comer e 14 deles costuraram os lábios. Em 31 de dezembro havia 1.035 detidos em Manus, então 700 pessoas em greve de fome são aproximadamente 67% da população do centro. A ABC também informou que um paquistanês estava comendo sabão em pó e desmaiou, enquanto outro engoliu uma lâmina de barbear. Com tantas pessoas tentando prejudicar a própria saúde de propósito, a capacidade médica da ilha está caminhando para um extremo perigoso.

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Uma carta que teria sido escrita por um dos detidos diz que as pessoas do centro estão prontas para morrer. E que, no caso de morte, eles querem que seus órgãos sejam doados para australianos, para que "uma parte de nós possa sentir o gosto da liberdade".

Sem dúvida essa é a situação mais terrível em Manus desde que o detido Reza Berati foi espancado até a morte por seguranças de uma empresa privada em fevereiro passado.

Lucy Morgan é a coordenadora de informação e política do Conselho de Refugiados da Austrália, e diz que não está nem um pouco surpresa com a situação. "Temos visto há anos uma correlação entre detenção indefinida e um aumento nos problemas mentais dos detidos, o que acaba em casos de tumulto, depressão séria, greve de fome e autoflagelação. Apesar de ser obviamente preocupante e chocante, isso foi previsível."

Outra questão, de acordo com Morgan, são as condições abismais na ilha. Ela explica que mesmo detidos em centros com condições de vida decentes, como Villawood, mostram sinais de problemas mentais. Então a infraestrutura e as condições ruins em Manus acrescentam um fator ambiental aos problemas. A água corrente foi cortada na ilha, deixando os detidos apenas com água engarrafada para beber, se lavar e dar descarga.

Por fim, Morgan diz que a incerteza é o problema central. "Acho que o problema real que estamos vendo aqui, e isso também era um problema no governo anterior, é que não estamos fornecendo nenhum tipo de certeza sobre o futuro para essas pessoas. Na verdade, estamos maximizando incertezas sobre o que pode acontecer." Ela aponta que em alguns casos, detidos estão em Manus há mais de um ano e ainda não sabem quanto tempo continuarão ali, onde vão morar ou se poderão ter uma vida sustentável e segura na Papua-Nova Guiné.

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Junte toda essa insegurança e raiva ao fato de que muitos dos detidos passaram por experiências traumáticas antes de PNG, e a situação em Manus faz ainda mais sentido.

Apesar de toda essa pressão sobre o senso coletivo de ética do governo, o novo ministro da imigração Peter Dutton continua a tomar uma linha-dura. Ele disse à mídia na semana passada que os detidos nunca chegarão a Austrália, e que eles estão sendo "encorajados" a protestar por pessoas fora do centro.

Como Morgan concluiu: "Estamos vendo mais uma vez por que é uma má ideia estabelecer esses centros de detenção em locais remotos, onde a infraestrutura não é apropriada para grupos de pessoas altamente vulneráveis. Isso simplesmente não está funcionando".

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Tradução: Marina Schnoor