Fomos lá e vimos: Michael Gira

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Música

Fomos lá e vimos: Michael Gira

Um cavalheiro de aura cinzenta.

Noite de Carnaval tétrica e húmida a construir o ambiente intimista em sala cheia e esgotadíssima do Passos Manuel para ouvir Michael Gira, líder dos Swans.

Qual Lone Ranger desce discretamente as escadas e em silêncio sobe ao palco, retira o chapéu característico de cowboy e olha com um sorriso nos lábios enquanto arregaça as mangas para começar a tarefa solitária do seu monólogo musical. Entre a melodia crua que salta dos acordes de guitarra e a voz forte de timbre revoltado, um verdadeiro gentleman sobressai em amenas frases partilhadas com o público que em silêncio o escuta. Em momentos como este o tempo pára e a imaginação flui, o pensamento voa tendo por banda sonora os temas deste senhor de aura cinzenta e recheada de intensidade. O momento é apenas quebrado pelos aplausos humildemente agradecidos, regresso ao planeta Terra, presto homenagem para depois voltar e entrar num sonho suspenso, numa meditação melancólica, afundo-me na cadeira de veludo enquanto lá fora a vida corre.

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