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Tudo que você precisa saber agora sobre a situação no Irã

Multidões compareceram ao funeral de Qassem Soleimani. O Irã promete uma vingança “severa” contra os EUA e o parlamento iraquiano votou para expulsar as tropas americanas do país.
Os caixões do general Qassem Soleimani e outros iranianos, mortos no Iraque por um ataque de drone americano, são transportados em um caminhão cercado por enlutados, numa procissão fúnebre na Praça Enqelab-e-Eslami (Revolução Islâmica) em Teerã, Irã. em 6

A filha do general iraniano morto Qassem Soleimani ameaçou matar soldados americanos em solo do Oriente Médio, prometendo que “as famílias dos soldados americanos no oeste da Ásia passarão seus dias esperando pela morte de seus filhos”.

Multidões tomaram as ruas de Teerã na segunda-feira gritando “Morte aos EUA” no funeral de Soleimani, que foi assassinado num ataque de drone americano na sexta-feira. O aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do Irã, chorou publicamente sobre o caixão enquanto o sucessor do general mais uma vez jurava vingança.

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“Deus todo poderoso prometeu vingá-lo, e Deus é o maior vingador”, disse Esmail Ghaani, que foi indicado como líder da Força Quds horas depois do assassinato de Soleimani. “Certas ações serão tomadas.”

Quando a filha de Soleimani, Zeinab, falou com a multidão, ela fez uma ameaça mais direta contra tropas americanas mobilizadas no Oriente Médio.

Trump, seu louco, símbolo da ignorância, escravo dos sionistas, não ache que matar meu pai vai terminar tudo”, ela disse num discurso para milhares de pessoas. “As famílias dos soltados americanos no oeste da Ásia passarão seus dias esperando pela morte de seus filhos.”

A rede de televisão estatal iraniana, que disse que os enlutados nas ruas eram “milhões”, também compartilhou um vídeo mostrando a bandeira americana tuitada pelo presidente Donald Trump depois da morte de Soleimani se transformando num caixão coberto por uma bandeira, e os “likes” do tuíte sendo substituídos por mais de 143 mil “mortes”, com a hashtag #severerevenge.

O funeral aconteceu horas depois que o Irã anunciou que não vai mais cumprir os limites de enriquecimento de urânio impostos pelo acordo nuclear iraniano de 2015, alimentando medos de que a nação possa começar a construir uma bomba nuclear.

Algumas horas antes, Trump alertou o Irã que os EUA pode retaliar qualquer ataque que o país realize “talvez de maneira desproporcional”, e que sua administração tinha 52 locais – incluindo patrimônios culturais – como alvos que poderiam ser atacados “muito rápido e de maneira pesada”.

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Respondendo às críticas da ameaça a patrimônios culturais, Trump foi além nos comentários na noite de domingo.

“Eles tiveram permissão para matar nosso povo. Tiveram permissão para torturar e mutilar nosso povo. Tiveram permissão para usar bombas nas estradas para explodir nosso povo. E não temos permissão para tocar em seus patrimônios culturais? Não funciona assim”, Trump disse a repórteres a bordo do Air Force One, descartando alertas de que atacar locais patrimônios culturais seria um crime de guerra segundo a lei internacional.

A morte de Soleimani, num ataque de drone no aeroporto de Bagdá, está reverberando não só nos EUA e Irã, mas por todo o Oriente Médio.

No domingo, o parlamento iraquiano aprovou uma resolução não-vinculativa para remover as tropas americanas do país. Atualmente, cerca de 5 mil soldados estão mobilizados no Iraque como parte de uma coalizão internacional para combater o ISIS.

Trump respondeu de maneira raivosa a essa notícia, dizendo aos repórteres que os EUA só sairá do país se Bagdá pagar os bilhões de dólares que os EUA investiu para construir bases no país, e se isso não acontecer, então o Iraque sofrerá sanções severas.

“Cobraremos sanções como eles nunca viram antes. Isso vai fazer as sanções iranianas parecerem pequenas”, ele disse. “Se houver qualquer hostilidade, se eles fizerem qualquer coisa que achemos inapropriada, vamos colocar sanções sobre o Iraque, grandes sanções sobre o Iraque.”

O primeiro-ministro iraquiano Adil Abdul-Mahdi também fez uma revelação surpreendente durante a audiência no parlamento na noite de domingo. “Eu deveria me encontrar com Soleimani na manhã do dia em que ele foi morto. Ele estava vindo me entregar uma mensagem do Irã respondendo a uma mensagem que entregamos da Arábia Saudita para o Irã.”

A revelação de que Riad e Teerã, antigos rivais, com os Emirados Árabes, estavam nos primeiros estágios de uma mediação foi uma surpresa para muitos. A morte de Soleimani pode ter acabado com qualquer chance desses diálogos terem sucesso.

“Os EUA recebeu bem esse desenvolvimento”, disse Trita Parsi, vice-presidente executiva do Quincy Institute, uma think tank de Washington, a VICE News por e-mail. “Mas a morte de Soleimani pode ter, ao mesmo tempo, matado esses esforços, e mais uma vez dado ao príncipe saudita Mohammed bin Salamn uma licença para continuar com a imprudência e desestabilização.”

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