‘Yoku’s Island Express’ é uma mistura incrível de Metroid com pinball

Sempre quis curtir uns jogos de pinball, mas nunca rolou. O charme da coisa toda é óbvio: a tensão de encaixar a bola em um lugar, a aleatoriedade hipnótica de uma pequena esfera de metal ricocheteando ao longo de uma mesa, a sutil dança entre mente e instinto. Também é o formato o qual meus universos favoritos — Jurassic Park, Independence Day — acabaram recebendo suas representações mais fieis quando se fala de game. Minhas primeiras partidas são inebriantes, ao passo em que luzes e som piscam e brilham com minhas tentativas de fazer com que a bolinha corra na direção certa. As mecânicas por trás do pinball são estranhas, puras e únicas, mas inevitavelmente fico de saco cheio. Buscar pontuações altas não é algo que me atrai muito e é este justamente o propósito do pinball.

Vez ou outra, porém, surge algo que me dá exatamente o que busco: a jogabilidade do pinball fora das limitações de uma mesa comum, dentro de um game com objetivos mais concretos, uma maneira de sentir-se satisfeito que vai além de números crescentes piscando. Não surpreenda-se então ao saber que sou um grande fã de títulos como like Kirby’s Pinball Land, Odama e Sonic Spinball. Infelizmente nunca pude jogar Devil’s Crush.

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Hoje em dia há diversas maneiras de se jogar bons games tradicionais de pinball, mas but Kirby’s Pinball Land 2? Não mesmo.

Eis então Yoku’s Island Express, um jogo do qual nunca tinha ouvido falar até acabar esbarrando com um link para uma resenha dele no Twitter, onde era descrito como “um Metroidvania de pinball”.

Comequié?

Passei uma horinha ontem conferindo as áreas iniciais de Yoku’s Island Express e era tudo que eu esperava. Seu logo é uma cópia descarada do Yoshi’s Island, o que no final das contas só acaba dando mais charme à coisa toda.

Em um primeiro momento, é fácil encarar Yoku’s Island Express como um jogo de plataforma: você começa controlando um insetinho fofo até demais. Junto deste inseto, porém, temos uma bola, que o impede de fazer qualquer coisa que não seja mover-se da esquerda para a direita e vice-versa, mas felizmente, há flippers por toda a parte. São dois tipos: azul e laranja, cada um controlado por um botão diferente. Estes flippers permitem a você lançar o inseto (e a bola) pelo ambiente temático de selva do começo, onde mesas de pinball complexas estão misturadas em meio ao que normalmente seria um game de plataforma.

E no final das contas, até que Yoku’s Island Express é mesmo um título de plataforma, trocando os pulos por tacar uma bola em direção a paredes e com loopings pra tudo que é lado. O game cria um ritmo metódico e ao mesmo tempo frenético enquanto você se prepara para um belo lançamento, até que as leis da física assumem o controle, mandando a bola para rumos inesperados. Como as “mesas” foram projetadas cuidadosamente, muitas vezes estes erros acabam sendo recompensados com segredos ou com a bola acertando bumpers que garantem uma certa quantia do colecionável do jogo: frutas.

Não tenho noção o suficiente pra falar se a física em Yoku’s Island Express é precisa, mas elas certamente o parecem. São bondosas o bastante para permitir que até novatos como eu tentem alguns truques mais elaborados. Tendo em vista que o castigo dos ambiciosos em Yoku’s Island Express muitas vezes resulta em uma nova chance (na pior das hipóteses se vão umas frutas), o título acaba por encorajar a criatividade, resultando no contrário do que geralmente sinto ao jogar pinball de fato — vão-se o medo, a sensação de fracasso e quaisquer ressentimentos.

Não posso falar muito sobre as tais influências de Metroid, levando em conta o pouco tempo que passei com o jogo, mas um dos meus momentos favoritos neste tipo de game é abrir o mapa pela primeira vez e Yoku’s Island Express tem um mapa bem grande. Se é bom, eu não sei, mas é grande!

Joguei diversos títulos semelhantes a Metroid, então só saber que existe um game em que se coletam ferramentas para serem usadas posteriormente em lugares já visitados não me dizia nada. Vivemos uma época em que há um game muito específico para determinado nicho sendo laçado a cada instante, então é preciso mais do que um apelo nostálgico para tornar as coisas interessantes. Parte do motivo pelo qual estou me divertindo tanto com Yoku’s Island Express é porque a forma como interajo com ele é completamente diferente quando comparada com outros games do tipo: eu não estou correndo, pulando ou desviando de ataques — eu estou jogando pinball.

Ah, mais uma coisa: não posso afirmar com certeza ainda, mas há algo de estranho aqui. Será que o jogo conta com algum sistema moral? Seria um título sobre animais fofinhos que deixaria você ser um vilão terrível? A primeira missão do jogo te manda atrás de um cogumelo para que uma enguia gigante deixe de bloquear seu caminho; encontrá-lo é fácil, mas caso passe um tempo a mais fuçando as coisas, acaba encontrando um cogumelo envenenado. Imaginei que este seria usado em uma missão paralela ou coisa do tipo, mas estava errado — ao encontrar a enguia, o jogo me deu a opção de alimentá-la com qualquer um dos dois cogumelos.

E bem, será que ela morreu?

Não estão claras as consequências desta decisão, mas de qualquer forma Yoku’s Island Express não só é um excelente jogo de pinball inspirado em Metroid como também tem escolhas difíceis a serem feitas — cacete, mermão. Eu não precisava de nenhum outro motivo fora o fato de que é um bom jogo para jogá-lo, mas fica a dica aí.

Ah, e mais uma outra coisa: talvez não devamos nos espantar com as camadas de Yoku’s Island Express, com suas piadas explícitas sobre inimigos com tesão — no caso, lesmas que explodem de tesão — tudo isso na cara-dura, sem pensar duas vezes. Tem até um personagem que usa “ferramentas” pra lidar com estas lesmas. Quero saber mais disso aí.

Ah, e mais uma última coisinha: já está disponível pra Switch!

Matéria originalmente publicada no Waypoint.
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