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Tecnologia

​Espaço Chic: Como a NASA Está Criando Roupas Melhores para os Astronautas

São anos de testes de tecidos para tornar a vida dos astronautas menos desconfortável e fedida.
Crédito: NASA

Quando você ouve a expressão "moda astronauta", a primeira coisa que vem a sua mente é, imaginamos, aquele traje espacial branquíssimo para caminhadas extraveiculares. Aquelas roupas são bem legais e tecnológicas, mas são usadas poucas vezes por quem se arrisca pelo universo afora. Os membros da equipe da Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) passam a maior parte das jornadas dentro da nave e, do mesmo jeito que precisam de capacetes e costuras especiais para encarar o exterior, demandam roupas funcionais, confortáveis e livres de germes para ambientes internos.

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Encontrar esse equilíbrio é muito mais fácil de falar do que fazer — ainda mais agora que os astronautas passam períodos de tempo cada vez mais longos fora da Terra. Não existem máquinas de lavar na ISS. Cada lote de roupas novas é entregue por meio de missões de suprimentos bastante raras. Além disso, fios de algodão podem obstruir o maquinário da ISS e, depois de meses de uso, os tecidos podem acumular um terrível coquetel de odores corporais

O trabalho de Evelyne Orndoff, engenheira têxtil residente da NASA, e de seu colaborador Darwin Poritz, é pensar em roupas que ultrapassem todas essas dificuldades. Eles passaram os últimos três anos trabalhando na melhoria dos trajes para ambientes internos dos astronautas no centro espacial Johnson, em Houston, nos Estados Unidos. Foram inúmeros testes de tecidos. Depois de analisar os resultados em 80 participantes, a dupla determinou as camisas de lã de merino e shorts de poliéster como as peças de roupas mais promissoras.

Em março de 2014, várias amostras foram enviadas à ISS para serem testadas pela equipe das expedições 39 e 40. Orndoff e Poritz revisaram os resultados de seu desfile em microgravidade em uma entrevista à NASA disponibilizada nesta quinta-feira.

Poritz afirmou que os membros da equipe usaram seis conjuntos de shorts leves e camisas resistentes a odores por 15 períodos de exercícios; todos também preencheram questionários sobre a durabilidade, o conforto e o desempenho geral das roupas. No fim do período, os participantes ainda tinham peças de roupa para "gastar", o que demonstra que as camisas e os shorts foram bem-sucedidos no teste do tempo.

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"Terminamos com seis sujeitos — três astronautas e três cosmonautas — e meu entendimento é que nosso estudo foi, de certa forma, pioneiro ao envolver opiniões de astronautas e cosmonautas e também humanos que não participam de missões", explicou Poritz.

Apesar de o estudo inicial ter sido um sucesso, Orndoff e Portiz vão se confrontar com um desafio maior quando chegar o momento de aprimorar as roupas para missões futuras mais ambiciosas. A NASA deixou bastante claro que há uma missão comandada por humanos a Marte sendo planejada e que serão necessárias soluções ainda mais engenhosas para o problema das roupas em ambientes internos.

"Analisamos três anos de estudos com roupas diferentes a fim de escolher aquelas para as missões de longa duração que nos levarão à Marte", afirmou Orndoff. "Basicamente, usar roupas descartáveis em uma missão de longa duração é um fardo em termos logísticos, e não podemos arcar com o uso do mesmo tipo de peças de roupas em missões onde haverá um ressuprimento constante de comida, roupas e outros itens de consumo."

Talvez os futuros astronautas fixados em Marte tenham sorte o suficiente para ter uma lavanderia instalada na nave ou talvez Orndoff encontre um jeito de projetar um supertecido capaz de resistir a meses de viagem interplanetária.

Independentemente disso, o novo estudo revela o quão íntegras são as roupas para ambientes internos dos astronautas em termos de conforto e segurança. Os uniformes espaciais podem ter um papel mais icônico na moda fora da Terra, mas, ao fim do dia, evitar meias com chulé e camisas esburacadas também é importante.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri