SheezusParlophoneQuando algures em Novembro do ano passado se soube que ia haver novo disco da Lily Allen este ano, isso trouxe-me um sentimento ambíguo. Por um lado, é inegável que a londrina sabe escrever canções pop para ouvir uma e outra vez — e se têm dúvidas, vão já meter aí a bombar a "Smile" ou a "Not Fair" e digam-me que estou errado (dica: não estou). Por outro, a acompanhar esse anúncio veio "Hard Out Here", single de avanço do disco que era, e é, bastante fraco. Seguiu-se mais tarde "Sheezus", canção que dava o nome ao disco (um toque no disco do Kanye West que, sejamos sinceros, só deve arrancar um sorriso esforçado uma ou duas vezes) e que também ela parecia uma paródia digna do Weird Al Yankovic ou assim: essencialmente, umname-dropping excessivo das divas pop do momento sobre uma batida eletrónica bastante vulgar. Parecia pretender ser um comentário social e uma declaração de guerra, mais do que uma canção. A aparente fuga ao universo da pop fofinha e colorida dos dois discos anteriores para dar lugar a uma abordagem mais acéfala na eletrónica e esta insistência numstatement contra a alta sociedade da cena musical não augurava nada de bom. Afinal de contas, quem não vê o canal E! que atire a primeira pedra.Em parte, esse presságio concretiza-se: para além dos dois singles que provavelmente constituem duas das piores canções aqui presentes, encontramos algumas canções com menos ideias boas que as dos discos precedentes. Não desapareceu acoolness sarcástica da Lily Allen (muito pelo contrário) mas muitas vezes aqui torna-se demasiado gratuita, sem que haja uma melodia assim tão interessante a sustentá-la. No entanto, Sheezus acaba por não ser um disco assim tão trágico, já que a compensar tudo isto existem canções dignas de ficarem na memória, que demonstram a pop fofinha e adorável em todo o seu esplendor: "As Long As I Got You", quiçá a melhor disco, em nada fica a dever às melhores malhas dos anteriores discos.Alright, StilleIt's Not Me, It's Youforam álbuns bastante bons, sem espinhas. JáSheezusevoca sentimentos mistos e é difícil de entender totalmente: ora oferece belos momentos em bonitas canções, ora quase chega a ser embaraçoso nos ataques cerrados aqui cantados. Numa escala binomial entre o bom e o mau, encontrar-se-á praticamente a meio caminho. Para desempatar, uma versão da "Somewhere Only We Knew" bastante menos detestável que a original. Valha-nos isso.
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