FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Onde está o melhor vocalista cigano que este país jamais reconheceu?

Ícone underground, herói cigano, vocalista de qualidades incomparáveis.

Lenda à parte, ícone underground, herói cigano, vocalista de qualidades incomparáveis, intérprete maior que a vida: Baléle será um pouco de tudo isso e mesmo assim um mistério, que nem o todo-poderoso Google consegue resolver. Mas o perfil de um mito adquire sempre a sua forma na mistura de certezas e incógnitas. Para já, as certezas garantem que Baléle é um cantor de etnia cigana especialmente reconhecido pela liderança assumida no colectivo Ciganos d’ Évora (mais tarde integrou também os Ciganos d’ Águeda). Tentamos, no YouTube, chegar aos resultados impossíveis de obter no Google, e é aí que se abre a Caixa de Pandora que é o legado musical de Baléle: dezenas e dezenas de vídeos (muitos deles carregados pelo saudoso utilizador estemundo73) mostram a capa estática de cassetes perdidas no tempo, enquanto se escutam os temas cantados pelo rei-cigano, que em nenhuma foto é visto sem o seu bigode de orgulho e sabedoria.

Publicidade

É verdade que o contacto com vocalistas ciganos de bigode não será, por si só, um motivo para tamanho espanto, mas nem os mais precavidos deixarão de ser surpreendidos por Baléle. No fundo, existirá alguma língua capaz de antecipar verbalmente o que se escuta em “Maldita Droga”, tema crucial dos Ciganos d’ Évora? O português dá jeito para muita coisa (mandar vir com maus condutores inclusive), contudo não deixa de ser extremamente limitado para descrever a abordagem de Baléle ao inferno da droga. Abrindo a porta a outras canções, que ousaram versar sobre o submundo dos estupefacientes, poderíamos por exemplo referir “Toxicodependente recuperado”, do não menos pertinente Mário Jorge. Mas, onde Mário Jorge relata, com todas as certezas, uma vida à qual jamais voltará (para alegrar os seus pais), Baléle canta sobre o vício como uma sombra ainda demasiado presente para que possa ser declarada qualquer vitória. “Maldita Droga” não só é imprescindível na introdução a Baléle como também pode ser um trunfo para mostrar a quem acha que já ouviu tudo.



Lenda à parte, ícone underground, herói cigano, vocalista de qualidades incomparáveis, intérprete maior que a vida: Baléle será um pouco de tudo isso e mesmo assim um mistério, que nem o todo-poderoso Google consegue resolver. Mas o perfil de um mito adquire sempre a sua forma na mistura de certezas e incógnitas. Para já, as certezas garantem que Baléle é um cantor de etnia cigana especialmente reconhecido pela liderança assumida no colectivo Ciganos d’ Évora (mais tarde integrou também os Ciganos d’ Águeda). Tentamos, no YouTube, chegar aos resultados impossíveis de obter no Google, e é aí que se abre a Caixa de Pandora que é o legado musical de Baléle: dezenas e dezenas de vídeos (muitos deles carregados pelo saudoso utilizador estemundo73) mostram a capa estática de cassetes perdidas no tempo, enquanto se escutam os temas cantados pelo rei-cigano, que em nenhuma foto é visto sem o seu bigode de orgulho e sabedoria.





É verdade que o contacto com vocalistas ciganos de bigode não será, por si só, um motivo para tamanho espanto, mas nem os mais precavidos deixarão de ser surpreendidos por Baléle. No fundo, existirá alguma língua capaz de antecipar verbalmente o que se escuta em “Maldita Droga”, tema crucial dos Ciganos d’ Évora? O português dá jeito para muita coisa (mandar vir com maus condutores inclusive), contudo não deixa de ser extremamente limitado para descrever a abordagem de Baléle ao inferno da droga. Abrindo a porta a outras canções, que ousaram versar sobre o submundo dos estupefacientes, poderíamos por exemplo referir “Toxicodependente recuperado”, do não menos pertinente Mário Jorge. Mas, onde Mário Jorge relata, com todas as certezas, uma vida à qual jamais voltará (para alegrar os seus pais), Baléle canta sobre o vício como uma sombra ainda demasiado presente para que possa ser declarada qualquer vitória. “Maldita Droga” não só é imprescindível na introdução a Baléle como também pode ser um trunfo para mostrar a quem acha que já ouviu tudo.





A imensa riqueza de “Maldita Droga” espalha-se por dois parágrafos. Assim acontece também, porque é impossível avançar sem referir que, por detrás da muito expressiva voz de Baléle, há um acompanhamento instrumental que deixaria o próprio Julian Cope ou Thurston Moore sem saberem muito bem o que dizer. Por sua vez, “Brasil é Carnaval”, na sua fusão de lambada e flamenco (saliente na guitarra acústica), é uma canção de parâmetros bem mais normais. O mesmo não se pode dizer sobre a sua letra, que Baléle interpreta explorando toda a capacidade do seu vibrato e prolongando as palavras. Além disso, o pragmatismo do título de “Brasil é Carnaval” não se reflecte numa letra que por vezes empurra o país da Ordem e Progresso para numa posição ambígua. Ou seja, o Brasil é um lugar “bonito”, mas proporciona motivos vários para que Baléle (uma vez mais) soe receoso perante os seus excessos.





O fascínio por este figurão vai aumentando com cada faixa e depois o mais difícil é mesmo parar de saltar de um vídeo para outro. Desse percurso de acumulação sobram duas noções bem evidentes: 1) o conjunto de temáticas cantadas por Baléle é uma massa misteriosa e complexa; 2) não é nada fácil perceber onde começa e termina este labirinto, nem tão pouco encontrar explicação para a proveniência de alguns recursos escutados na música que rodeia a voz do nosso rei-cigano. Com isto, quase apetece dizer que Baléle é o Ariel Pink da música cigana ou que Ariel Pink é o Baléle da pop bizarra. A verdade é que são pouquíssimas as peças deste cancioneiro que não deixam nos ouvidos uma picada de curiosidade (escutem os 

steel pans

 caribenhos de “Não batas na minha mãe”). Acreditem: há um Baléle que nunca se apaga.



A imensa riqueza de “Maldita Droga” espalha-se por dois parágrafos. Assim acontece também, porque é impossível avançar sem referir que, por detrás da muito expressiva voz de Baléle, há um acompanhamento instrumental que deixaria o próprio Julian Cope ou Thurston Moore sem saberem muito bem o que dizer. Por sua vez, “Brasil é Carnaval”, na sua fusão de lambada e flamenco (saliente na guitarra acústica), é uma canção de parâmetros bem mais normais. O mesmo não se pode dizer sobre a sua letra, que Baléle interpreta explorando toda a capacidade do seu vibrato e prolongando as palavras. Além disso, o pragmatismo do título de “Brasil é Carnaval” não se reflecte numa letra que por vezes empurra o país da Ordem e Progresso para numa posição ambígua. Ou seja, o Brasil é um lugar “bonito”, mas proporciona motivos vários para que Baléle (uma vez mais) soe receoso perante os seus excessos.

Publicidade


Lenda à parte, ícone underground, herói cigano, vocalista de qualidades incomparáveis, intérprete maior que a vida: Baléle será um pouco de tudo isso e mesmo assim um mistério, que nem o todo-poderoso Google consegue resolver. Mas o perfil de um mito adquire sempre a sua forma na mistura de certezas e incógnitas. Para já, as certezas garantem que Baléle é um cantor de etnia cigana especialmente reconhecido pela liderança assumida no colectivo Ciganos d’ Évora (mais tarde integrou também os Ciganos d’ Águeda). Tentamos, no YouTube, chegar aos resultados impossíveis de obter no Google, e é aí que se abre a Caixa de Pandora que é o legado musical de Baléle: dezenas e dezenas de vídeos (muitos deles carregados pelo saudoso utilizador estemundo73) mostram a capa estática de cassetes perdidas no tempo, enquanto se escutam os temas cantados pelo rei-cigano, que em nenhuma foto é visto sem o seu bigode de orgulho e sabedoria.





É verdade que o contacto com vocalistas ciganos de bigode não será, por si só, um motivo para tamanho espanto, mas nem os mais precavidos deixarão de ser surpreendidos por Baléle. No fundo, existirá alguma língua capaz de antecipar verbalmente o que se escuta em “Maldita Droga”, tema crucial dos Ciganos d’ Évora? O português dá jeito para muita coisa (mandar vir com maus condutores inclusive), contudo não deixa de ser extremamente limitado para descrever a abordagem de Baléle ao inferno da droga. Abrindo a porta a outras canções, que ousaram versar sobre o submundo dos estupefacientes, poderíamos por exemplo referir “Toxicodependente recuperado”, do não menos pertinente Mário Jorge. Mas, onde Mário Jorge relata, com todas as certezas, uma vida à qual jamais voltará (para alegrar os seus pais), Baléle canta sobre o vício como uma sombra ainda demasiado presente para que possa ser declarada qualquer vitória. “Maldita Droga” não só é imprescindível na introdução a Baléle como também pode ser um trunfo para mostrar a quem acha que já ouviu tudo.





A imensa riqueza de “Maldita Droga” espalha-se por dois parágrafos. Assim acontece também, porque é impossível avançar sem referir que, por detrás da muito expressiva voz de Baléle, há um acompanhamento instrumental que deixaria o próprio Julian Cope ou Thurston Moore sem saberem muito bem o que dizer. Por sua vez, “Brasil é Carnaval”, na sua fusão de lambada e flamenco (saliente na guitarra acústica), é uma canção de parâmetros bem mais normais. O mesmo não se pode dizer sobre a sua letra, que Baléle interpreta explorando toda a capacidade do seu vibrato e prolongando as palavras. Além disso, o pragmatismo do título de “Brasil é Carnaval” não se reflecte numa letra que por vezes empurra o país da Ordem e Progresso para numa posição ambígua. Ou seja, o Brasil é um lugar “bonito”, mas proporciona motivos vários para que Baléle (uma vez mais) soe receoso perante os seus excessos.





O fascínio por este figurão vai aumentando com cada faixa e depois o mais difícil é mesmo parar de saltar de um vídeo para outro. Desse percurso de acumulação sobram duas noções bem evidentes: 1) o conjunto de temáticas cantadas por Baléle é uma massa misteriosa e complexa; 2) não é nada fácil perceber onde começa e termina este labirinto, nem tão pouco encontrar explicação para a proveniência de alguns recursos escutados na música que rodeia a voz do nosso rei-cigano. Com isto, quase apetece dizer que Baléle é o Ariel Pink da música cigana ou que Ariel Pink é o Baléle da pop bizarra. A verdade é que são pouquíssimas as peças deste cancioneiro que não deixam nos ouvidos uma picada de curiosidade (escutem os 

steel pans

 caribenhos de “Não batas na minha mãe”). Acreditem: há um Baléle que nunca se apaga.



O fascínio por este figurão vai aumentando com cada faixa e depois o mais difícil é mesmo parar de saltar de um vídeo para outro. Desse percurso de acumulação sobram duas noções bem evidentes: 1) o conjunto de temáticas cantadas por Baléle é uma massa misteriosa e complexa; 2) não é nada fácil perceber onde começa e termina este labirinto, nem tão pouco encontrar explicação para a proveniência de alguns recursos escutados na música que rodeia a voz do nosso rei-cigano. Com isto, quase apetece dizer que Baléle é o Ariel Pink da música cigana ou que Ariel Pink é o Baléle da pop bizarra. A verdade é que são pouquíssimas as peças deste cancioneiro que não deixam nos ouvidos uma picada de curiosidade (escutem os

steel pans

 caribenhos de “Não batas na minha mãe”). Acreditem: há um Baléle que nunca se apaga.



Lenda à parte, ícone underground, herói cigano, vocalista de qualidades incomparáveis, intérprete maior que a vida: Baléle será um pouco de tudo isso e mesmo assim um mistério, que nem o todo-poderoso Google consegue resolver. Mas o perfil de um mito adquire sempre a sua forma na mistura de certezas e incógnitas. Para já, as certezas garantem que Baléle é um cantor de etnia cigana especialmente reconhecido pela liderança assumida no colectivo Ciganos d’ Évora (mais tarde integrou também os Ciganos d’ Águeda). Tentamos, no YouTube, chegar aos resultados impossíveis de obter no Google, e é aí que se abre a Caixa de Pandora que é o legado musical de Baléle: dezenas e dezenas de vídeos (muitos deles carregados pelo saudoso utilizador estemundo73) mostram a capa estática de cassetes perdidas no tempo, enquanto se escutam os temas cantados pelo rei-cigano, que em nenhuma foto é visto sem o seu bigode de orgulho e sabedoria.





É verdade que o contacto com vocalistas ciganos de bigode não será, por si só, um motivo para tamanho espanto, mas nem os mais precavidos deixarão de ser surpreendidos por Baléle. No fundo, existirá alguma língua capaz de antecipar verbalmente o que se escuta em “Maldita Droga”, tema crucial dos Ciganos d’ Évora? O português dá jeito para muita coisa (mandar vir com maus condutores inclusive), contudo não deixa de ser extremamente limitado para descrever a abordagem de Baléle ao inferno da droga. Abrindo a porta a outras canções, que ousaram versar sobre o submundo dos estupefacientes, poderíamos por exemplo referir “Toxicodependente recuperado”, do não menos pertinente Mário Jorge. Mas, onde Mário Jorge relata, com todas as certezas, uma vida à qual jamais voltará (para alegrar os seus pais), Baléle canta sobre o vício como uma sombra ainda demasiado presente para que possa ser declarada qualquer vitória. “Maldita Droga” não só é imprescindível na introdução a Baléle como também pode ser um trunfo para mostrar a quem acha que já ouviu tudo.





A imensa riqueza de “Maldita Droga” espalha-se por dois parágrafos. Assim acontece também, porque é impossível avançar sem referir que, por detrás da muito expressiva voz de Baléle, há um acompanhamento instrumental que deixaria o próprio Julian Cope ou Thurston Moore sem saberem muito bem o que dizer. Por sua vez, “Brasil é Carnaval”, na sua fusão de lambada e flamenco (saliente na guitarra acústica), é uma canção de parâmetros bem mais normais. O mesmo não se pode dizer sobre a sua letra, que Baléle interpreta explorando toda a capacidade do seu vibrato e prolongando as palavras. Além disso, o pragmatismo do título de “Brasil é Carnaval” não se reflecte numa letra que por vezes empurra o país da Ordem e Progresso para numa posição ambígua. Ou seja, o Brasil é um lugar “bonito”, mas proporciona motivos vários para que Baléle (uma vez mais) soe receoso perante os seus excessos.





O fascínio por este figurão vai aumentando com cada faixa e depois o mais difícil é mesmo parar de saltar de um vídeo para outro. Desse percurso de acumulação sobram duas noções bem evidentes: 1) o conjunto de temáticas cantadas por Baléle é uma massa misteriosa e complexa; 2) não é nada fácil perceber onde começa e termina este labirinto, nem tão pouco encontrar explicação para a proveniência de alguns recursos escutados na música que rodeia a voz do nosso rei-cigano. Com isto, quase apetece dizer que Baléle é o Ariel Pink da música cigana ou que Ariel Pink é o Baléle da pop bizarra. A verdade é que são pouquíssimas as peças deste cancioneiro que não deixam nos ouvidos uma picada de curiosidade (escutem os 

steel pans

 caribenhos de “Não batas na minha mãe”). Acreditem: há um Baléle que nunca se apaga.