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Milhões de Festa

Disparates aos Milhões: 10000 Russos vs The Partisan Seed

Cultura geral e Milhões de Festa.

O João Pimenta (Joca para os amigos) de 10000 Russos fez umas perguntas ao Filipe Miranda de Partisan Seed sobre cultura geral e o Milhões de Festa. 10000 Russos: Analisa o quadro A conversão de S. Paulo de Caravaggio. Especifica os pontos de luz e a sua importância no momento dramático da obra. Explica por que razão o Papa da altura recusou esta pintura em particular.
The Partisan Seed: Não sei quem recusou, sei que existem duas versões. Pessoalmente, gosto mais da figura de Paulo na primeira — mais homem, menos rapaz, mais dramático, também. O Caravaggio, quando trouxe à luz (o ponto de luz que interessa aqui nesta pergunta tão marota) uma parte traseira de um cavalo a dominar uma pintura religiosa encomendada e a assumir a mesma como a “luz de Deus”, não poderia estar à espera de uma aceitação fácil, digo eu. Se isto é um homem e A Trégua, ambos de Primo Levi. Preferes a adrenalina da ceifeira sempre a espreitar de Auschwitz ou a morte por aborrecimento nos campos para refugiados na Bielorússia?
Nunca li A Trégua. Quanto a Se isto é um homem, foi uma coisa que me bateu mesmo. E duvido que não mexa com qualquer pessoa que o leia. Odeio Pink Floyd e Neil Young, mas sei que é suposto gostar dessas bandas. Recomenda-me dois discos de ambos. Gostava de lhes dar uma oportunidade.
Com Pink Floyd, a minha sugestão é: começa pelo Ummagumma (um dos melhores discos de todos os tempos) e depois vai por aí acima até ao The Wall e Final Cut. No fim de tudo, ouve o primeiro álbum ainda com o Syd Barrett e depois entra no mundo do Syd Barrett. Após estes dois exercícios, tens de voltar aos Pink Floyd para perceberes, finalmente, o que são aqueles álbuns e o que dizem. Quanto a Neil Young: evita, no início, coisas como o Landing On The Water para não ficares confuso. Começa fresquinho pelo Harvest, seguido do Sleeps With Angels. Por fim, é só esperares que o vício se instale. Por favor, transcreve a letra "Mike no Barreiro" da banda fictícia Os Overdoses, que continha uma parte de Kafka [outro projecto musical de Filipe Miranda].
Aqui vou ter de puxar trunfo e dizer que “o que acontece n’Os Overdoses fica n’Os Overdoses”. Agora vou fazer uma pergunta corriqueira de jornalismo musical. O que poderemos esperar do teu concerto no Milhões de Festa e em que medida apontará coordenadas para obras futuras?
Vai ser um concerto com alguns amigos músicos em cima do palco e, espero eu, com muitos outros em frente ao palco. Ainda não ensaiámos, mas deverá passar por temas dos três discos e devemos tocar uma ou outra canção nova que ando a compor, o que poderá abrir caminho para voltar a ter muita malta convidada para um novo disco, já que no último foi tudo feito de forma solitária. Fez-me bem a experiência, mas não há nada como o prazer de teres amigos a partilhar contigo estes pedaços de vida.