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Música

Descanse em paz, William Onyeabor

O nigeriano pioneiro do electro-funk e chefão de gravadora morreu aos 70 anos de idade, deixando um legado cercado de mistérios.

Não tinha como conhecer William Onyeabor de verdade. O ex-dono de gravadora e músico de electro-funk nigeriano viveu uma vida digna de romance de mistério, com as poucas informações disponíveis sobre o homem ligadas aos nove discos que o próprio lançou pela sua gravadora Wilfilms entre 1977 e 1985. Assim que você se afasta da música que atraiu fãs do mundo todo para além da cidade natal de Onyeabor, Enugu, os detalhes começam a rarear.

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Rumores sobre sua vida não faltavam: ele teria aberto um moinho de farinha na Nigéria assim que se aposentou da música ou ido estudar cinema na União Soviética. Ou era Inglaterra? Talvez França. "Para seu grande divertimento (e o nosso também), esta imagem mítica era tão enraizada que muitas vezes encontrávamos gente que não acreditava que o homem existia", escreveram Eric Welles, Paul Diddy e Yale Evelev da gravadora de David Byrne, Luaka Bop, ao anunciar a morte de Onyeabor no Facebook na manhã desta quarta-feira (18). "Sempre que comentávamos isso com ele ou perguntávamos sobre seu passado, ele apenas sorria e dizia 'Quero falar somente de Deus'."

A obra de Onyeabor ganhou ainda mais reconhecimento global em 2013 quando, após anos de negociação e tentativas (fracassadas) de entrevistá-lo, a Luaka Bop lançou uma coletânea sua chamada Who Is William Onyeabor? Um ano depois, o Noisey lançou o documentário Fantastic Man, sobre a vida de Onyeabor, seus feitos e o enigma em torno disso tudo. Byrne então botou uma banda na estrada em uma turnê internacional, tocando os sucessos de Onyeabor no show "Atomic Bomb! Who is William Onyeabor?" com uma série de colaboradores, incluindo aí nomes como Sinkane, Ghostpoet, Alexis Taylor do Hot Chip e Pat Mahoney do LCD Soundsystem.

"No papel de uma das pessoas mais espertas que já encontramos", seguia a mensagem da Luaka Bop, "William Oneyabor sempre era o manda-chuva, independente da situação (e por mais que estivesse morando em uma região relativamente isolada da África Ocidental rural). Como se pode ouvir em muitas de suas canções, ele via o mundo de cima. William assistia noticiários americanos, chineses e europeus simultaneamente, de forma que pudesse aprender sobre os diversos pontos de vista do mundo. Em seus últimos anos de vida, seguia assim."

Sua obra, com linhas de baixo calorosas, refrãos que se repetiam e músicas que batiam fácil os sete minutos, dava uma impressão de introspecção, deixando sua marca em ouvintes por todo o mundo. Nem mesmo a data de nascimento exata de Onyeabor era conhecida, podendo ser 1945 ou 1946, ainda que a mensagem da Luaka Bop cite que ele tinha 70 anos ao morrer nesta segunda-feira, 16 de janeiro. Ele deixa um filho, quatro netos e esposa.

Assista ao documentário  Fantastic Man no player abaixo (não tem legenda em pt-br, então aproveita para afiar o seu conhecimento da língua anglo-saxônica) e relembre a jornada de Onyeabor à fama internacional.

Tradução: Thiago "Índio" Silva