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Serei eu a única pessoa no mundo que nunca fez sexo num avião?

Cambalhotas no ar: quero.

Uma vez contaram-me esta história: uma miúda conheceu um gajo num voo e, enquanto a namorada dele dormia no banco ao lado, bateu-lhe uma debaixo de um cobertor. Parece-me uma coisa horrível de se fazer, masturbar um gajo, um perfeito desconhecido, com a namorada a descansar inocentemente mesmo ao lado. Que pessoas nojentas! Claro que pode ser mentira e nunca ter acontecido a não ser na imaginação de alguém. Pode ser apenas mais um daqueles mitos urbanos ridículos. Como o da mulher que dormia com uma cobra que todas as noites se espreguiçava — quando a senhora foi ao veterinário tentar perceber o porquê, o médico disse-lhe que o bicho estava a preparar-se para a comer. Já ouvi esta mesma história contada, com algumas variações, por várias pessoas. Em diferentes países. Não estou muito convencida que isto seja verdade, mas pronto. Um réptil desleal? Não me cheira. Mas vamos assumir que sim, que aquilo da punheta no avião é verdade. Tem todos os ingredientes: promiscuidade, sexo e um avião. Vamos acreditar na credibilidade da convergência destes factores. Sendo verdade, é apenas mais um episódio a juntar à longa lista de episódios sexuais que alegadamente ocorrem a 35 mil pés de altitude. Conheço uma miúda, e isto é verdade, que conheceu um gajo num voo para Nova Iorque — quando aterraram, ela levou-o para casa e foderam como coelhos. Conheço quem, durante uma viagem de avião, tenha sido masturbado na casa de banho, metido dedos no lugar, etc. Eu própria já vi um casal desconhecido a sair da casa de banho, ambos muito despenteados, durante um daqueles voos mais longos. E estiveram lá um bom bocado, por isso das duas uma: ou eram canalizadores muito exigentes ou curtiam mesmo cagar com o outro a ver. Ou então estiveram a foder. Parece que eu sou a única pessoa à face da Terra que nunca teve uma experiência sexual num avião. É estranho, sou australiana e vivo em Nova Iorque — viajar de avião é uma coisa que faço frequentemente. E durante muitas, muitas horas. E, sendo eu solteira, fico sempre na expectativa de encontrar o Bruce Willis no mesmo voo. A viajar em turística, por milagre. Sentado ao meu lado, por magia. Essa situação imaginária acabaria, certamente, com o pénis dele dentro da minha vagina. Sou ridícula, eu sei. Acho que até percebo o meu défice de desconhecidos-que-estejam-dispostos-a-foder-comigo-num-avião. Nem toda a gente é o Bruce Willis. Mas já andei de avião com um namorado, com quem dava umas, claro, e mesmo assim nada. Zero sexo de avião. Nem percebo como é que se vai à casa de banho acompanhada sem que as outras pessoas reparem. E a alternativa, aquilo de brincar debaixo dos cobertores da companhia aérea, parece-me apenas de mau gosto. E ofensivo: não há maneira de fazê-lo de forma subtil e toda a gente percebe o que se está a fazer. Ah, já para não falar da questão da turbulência. Já imaginaram: estou eu na casa de banho com o Bruce Willis e o avião a sacudir todo. Ainda acabamos com a vagina estragada, eu, e com o pénis partido, ele. E se o piloto se lembra de ligar a luzinha dos cintos de segurança e uma pessoa está de rabo ao léu na casa de banho com uma hospedeira a bater à porta? Pior: e se simplesmente houver muita gente na fila para usar a sanita e as minhas brincadeiras sexuais aéreas estiverem a impedir os pobres de cagar? E se uma das pessoas na fila for uma criança? E AS CRIANÇAS, MEU DEUS? Pá, não sei. Talvez eu não esteja disposta a fazer os sacrifícios que esta coisa, foder num avião, envolve e exige. Ou então as pessoas que contam aquelas histórias são todas umas mentirosas do pior. Gente que devia ter vergonha de criar expectativas irrealistas para nós, mortais que nunca deram umas cambalhotas no céu — mas é compreensível, voar é tão sexy. Talvez esteja a subestimar a possibilidade de ter um orgasmo a dez quilómetros do chão, rodeada por desconhecidos.