FYI.

This story is over 5 years old.

Tecnologia

Esta gaja quer que a vejas a fazer sexo

Tudo pela arte.

Já alguma vez saíram de uma longa relação exaustos, deprimidos e enojados convosco mesmo? Já alguma vez prometeram ao vosso pobre e desolado corpo que nunca mais o fariam passar por algo remotamente parecido? A Arvida Byström — feminista, fotógrafa, artista e musa para, basicamente, toda a gente (eu incluída) — está solidária contigo. Não contigo mesmo (isso seria estranho), mas, segundo ela, com o conceito de relação monogâmica, que é completamente arcaico e desnecessário. Agora, juntamente com o Tim Kelly, ela arquitectou uma instalação artística, na qual ambos mostrarão ao mundo todo, em streaming, o desenvolvimento da sua relação. Isto incluirá sexo, uma gravação áudio da primeira experiência anal do Tim e um vídeo da cara da Arvida, enquanto está a fazer depilação à moda de Hollywood. Eu sei, promete imenso. Encontrei-me com a Arvida para perceber o porquê de ela não acreditar em relações a sério. VICE: Ei, Arvida. Muita gente reconhece-te como fotógrafa, por causa do teu trabalho com o colectivo The Ardorous.
Arvida Byström: Sim, a fotografia é o meu meio principal. O primeiro trabalho oficial que fiz foi para a VICE, por acaso. Tinha 16 anos e foi uma série de auto-retratos, creio. Desde então, tento andado a tentar gerar discussão de género através da minha fotografia. Nós temos um belo gosto, não haja dúvidas. Como é que evoluíste até à instalação artística e ao vídeo?
Não foi algo que tenha decidido. Durante muito tempo, senti que a fotografia não era bem a minha arte. Parece que uso a fotografia como a minha maneira de expressão porque a conheço tão bem, mas, na verdade, o que estou a tentar fazer é algo que me distraia. Isso nem sempre é bom. No caso deste projecto, utilizar o video pareceu-me mais apropriado. Percebo. Então, como surgiu este projecto?
Conheci o Tim quando ele estava a fazer couchsurf em casa de um amigo. Ele tinha acabado de sair de uma longa relação e sentia-se estranho perante o sexo. Penso que isso devia-se ao facto de ele estar mesmo magoado e de ter medo de ter magoado alguém. De repente, começou a pensar que era um misógino e eu não concordei. Resumindo: basicamente, embebedámo-nos juntos e decidimos trabalhar num projecto artístico, onde abordaríamos as relações e o feminismo. No final desse trabalho, faríamos sexo pela primeira vez. No dia seguinte, abordei o assunto e ele foi do género: “Digo muita merda quando estou bêbedo.” Mas depois lá resolvemos avançar com isto. Ou seja, vocês não eram um casal quando decidiram fazer isto?
Na altura, éramos só amigos. Mas não acho que possa ser estranho. Agora sim, já temos uma relação, o que é esquisito, porque nunca fizemos sexo, obviamente. Isso mudou muita coisa. Imagino. E o que nos podes contar mais sobre o projecto?
É sobre relações e sobre a monogamia. Não sou grande fã, regra geral, de relações exclusivas. Acho que o conceito é até problemático e sou a favor da transparência de uma relação. Não deixo que os outros saibam o que se passa nas minhas relações, apesar de não ter problemas em expor-me. Agora, estou a fazer o oposto, é tudo muito novo para mim. Tens receio de fazer sexo à frente de uma câmara?
Nem por isso. Já não o faço, mas experimentei sex camno passado. Acho que o Tom está mais assustado do que eu. Há muita coisa neste projecto que o perturba mais do que a mim. Sim, não é algo que as pessoas mostrem com frequência e candidamente. Por que o estão a fazer?
No passado, a mulher escolhia o homem de sucesso, o tipo certo na sociedade, porque ela precisava que ele lhe bancasse a vida e a vida dos filhos. As coisas são diferentes agora. Já não tens de te casar para seres aceite na sociedade, não tens de ter filhos e podes usar preservativos. Há uma grande mudança na maneira como encaramos e formamos relações. E está tudo a acontecer naturalmente. O que nós perguntamos, neste projecto, é: “Será que ainda é relevante sermos monogâmicos?”