Frequentadores do Quarteirão do Soul.
Frequentadores do Quarteirão do Soul. Foto: Matheus Sá Motta

FYI.

This story is over 5 years old.

Fotos

Fotos surreais da cultura black pelas ruas de Belo Horizonte

Com James Brown quicando nas caixas de som.

O fotógrafo Matheus Sá Motta lembra de quando tinha 12 anos e vivia em Lagoa Santa, Minas Gerais: “Ouvia James Brown deitado na rede, de férias, enquanto lia 3001, A Odisséia Final". Anos mais tarde, em 2008, enquanto andava com um amigo pelo centro de Belo Horizonte, ele se deparou com uma galera de meia idade vestida com roupas clássicas de baile black, na estica: terno, sapato, minissaia, calça boca-de-sino. Ao redor, uma aparelhagem de caixas, de onde explodia o som de James Brown em todas as suas fases. Era o Quarteirão do Soul, um evento de rua dedicado ao funk e a soul music – com os decibéis lá no alto – que acontece desde 2004 aos finais de semana na cidade.

Publicidade

Quando colocou o pé ali, Matheus teve a certeza de que aquele era o rolê mais louco de BH. “De repente, eu estava lá, com um latão na mão, no meio da rua, junto com um monte de tiozinho e tiazinha dançando ao som de James Brown", lembra o fotógrafo.

1539812261260-6

No Quarteirão, o público entra em transe, num groove que começa às 18h sempre com uma "Ave Maria" saindo das caixas de som e termina às 22h.

Já a fotografia chegou na vida de Matheus apenas em 2012, pois, até então, ele trabalhava como designer gráfico e havia acabado de começar um curso de artes visuais – até que juntou dinheiro suficiente para comprar uma câmera. Nesse período, o fotógrafo, que estava muito interessado em documentários, entendeu que a ideia de falar sobre o mundo por meio da imagem era algo que começava a fazer sentido para ele.

1539812291185-4

A câmera fotográfica foi um vício instantâneo. Nas manifestações de 2013, que foram uma prova de fogo para qualquer pessoa com uma DSLR na mão, Matheus pôde ter a certeza de que seu meio de expressão não era o vídeo, mas a fotografia. “Foram muitos episódios de Picture Perfect da VICE para eu entender o que era sair atrás de uma narrativa fotográfica. Além de Baudelaire, Walter Benjamin, Guy Debord e Marshall Berman, para compreender que diabos de modernidade eu iria fotografar”, lembra.

Cinco anos mais tarde, de novo no centro de Belo Horizonte, o fotógrafo escuta a mesma batida sincopada de anos atrás, dessa vez, na Praça Sete, ponto nodal do povo da rua na capital. Nesse momento, já com uma câmera na mão, sabia exatamente o que fazer: aprender a dançar e fotografar ao mesmo tempo.

Publicidade

Mais fotos do Matheus Sá Motta no Instagram e abaixo.

1539812481055-17
1539812498489-1
1539812521568-11
1539812543146-13
1539812595525-3
1539812629223-9
1539812648553-7
1539812718182-10

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.