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análise

FCP vs SLB. Sob o fantasma do apito “adorado” e dos e-mails do “manto da negação”

O Clássico é disputado dentro de campo, mas há muito que se tem lutado fora dele.
Aboubakar e Jonas. Os goleadores têm uma palavra importante a dizer no desfecho da partida. (Fotos pelo autor)

A Liga NOS está ao rubro. Depois do empate no último sábado, o FC Porto já tem o Sporting à perna e o Benfica a perna e meia - estão somente a dois e três pontos de distância, respectivamente.

O clássico no Dragão disputa-se na próxima sexta-feira, 1 de Dezembro, e está longe de decidir o título. No entanto, é mais um capítulo no acicatar de um duelo que este ano ultrapassou (e muito) as incidências no relvado.

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Azul, encarnado e verde. As cores dos “culpados disto tudo”

O atirar de lama entre os dois clubes, a propósito das alegadas sacanices que um e o outro têm feito, é uma regularidade que está à vista de todos desde o Verão passado (se por esta altura ainda não ouviste falar de Francisco J. Marques, é porque andas completamente out deste assunto). Os acérrimos defensores de Pinto da Costa “adoram” sublinhar que o apito que arrastou o FCP para a má fama parou em Leiria - ao lembrarem que há uma escuta do Apito Dourado que tem Luís Filipe Vieira como protagonista - e são poucos os que, frontalmente, admitem a vergonha do que se veio a conhecer com a ajuda basilar do youtube. Ainda hoje questionamos como é que o clube nortenho teve um castigo tão insignificante.

Do outro lado, através da “converseta” sobre a privacidade e o roubo de correspondência alheia - até parece que nunca ouviram falar do Wikileaks e o interesse público da informação posta cá fora -, sente-se um manto de negação a cobrir a evidência do que se tem lido nas notícias relacionadas com o suposto caso dos e-mails. A ser verdadeiro o conteúdo desta correspondência electrónica, qualquer um dos campeonatos do tetra pode ser posto em causa.

Já agora, se és sportinguista não penses que o teu clube é imune a “cambalachos” levados a cabo pelos seus dirigentes. Basta recordar que um dos homens fortes de uma recente administração de Alvalade - sim, falamos de Paulo Pereira Cristovão - foi condenado com pena suspensa num esquema que envolvia dinheiro e arbitragem. Com a pouquíssima cultura desportiva existente no futebol profissional (com larga culpa para os representantes das três maiores instituições), não te espantes que o lema “ganhar a todo o custo e usando, se for necessário, meios ilícitos” esteja no subconsciente de muita má gente. Mais: talvez os que não conseguem pôr em prática esquemas malandros, só não o façam por não terem hipótese para tal.

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Para o mal da nação, isto não se passa unicamente neste desporto. Há muitos exemplos em que não basta os grandes serem grandes, com uma ganância desenfreada que (propositadamente ou não) prejudica os “pequenos”. Uma “saloiada” e um novo riquismo atroz que em nada deve à forma de actuar em países subdesenvolvidos.

O Clássico. É este o início da passagem de testemunho, ou o turning point no campeonato?

Os comandados de Sérgio Conceição têm mostrado um grande vigor desde o início da temporada, mas, a espaços, revelam que são humanos after all. O cansaço de algumas das suas principais unidades foi evidente na recente contenda e se essa fadiga se repetir, podem escorregar novamente com uma “ave”. Os seguidores sabem que vêm aí duas finais (o jogo com o Mónaco é decisivo para continuar na Champions) e esperam que não haja nenhuma desfeita. Uma vitória frente ao “inimigo” número um significaria muito mais que seis pontos de vantagem na tabela classificativa. Seria uma espécie de estocada momentânea nas pretensões do rival e, quem sabe, o início da passagem de testemunho após o ciclo vencedor da equipa de Cosme Damião que já dura desde 2014. A fome de troféus é tanta que até o próprio Conceição não enjeitaria a hipótese de entrar nas quatro linhas e fazer as suas inesquecíveis arrancadas.

Rui Vitória tem sido posto em causa por muitos sócios e, ao mesmo tempo, tem sido defendido com unhas e dentes pelo seu presidente. A terrível participação na Europa - com a goleada em Basileia à cabeça - e as paupérrimas exibições também dentro de portas, são as razões do descontentamento entre os benfiquistas. Com o clássico à porta e sabendo que o apetite para os golos reapareceu no confronto com os sadinos, sonha-se com o virar das tormentas. Porém, há uma pergunta que anda no ar. Que team vai estar na Invicta? A que parece disposta a pôr os maus resultados e perfomances para trás, ou a que não consegue ser mais do que uma cópia medíocre da época passada? Veremos qual delas aparece neste feriado.

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Eis sete figuras (algumas magníficas) de cada uma das partes interessadas que podem ser fundamentais no desenlace final. Para que conste nos autos dos prognósticos, acreditamos que alguém irá levar para casa os três pontos.

FUTEBOL CLUBE DO PORTO

JOSÉ SÁ - Começou por ter a desconfiança dos adeptos azuis e brancos, mas paulatinamente tem levado a água ao seu moinho com paradas valiosas. Não fosse ele e o último resultado podia ter sido pior.

MARCANO - Com Felipe armado em Rambo em alguns lances, o espanhol tem sido o dono da bússola do sector recuado.

ALEX TELLES - As subidas no seu corredor têm sido fulcrais para o desequilíbrio defensivo dos oponentes. Os seus centros costumam vir com a mira exacta de quem parece ter o cérebro de um sniper no pé esquerdo. Escusadas são algumas das suas “ferroadas” nos jogadores que apanha pela frente.

DANILO - O Sr. Equilíbrio revela a cada ano que passa um atleta com potencial para outras paragens europeias. Para já, os portistas dependem muito da sua “esfrega” e dedicação a meio-campo.

BRAHIMI - O Sr. Desequilíbrio pode mudar os acontecimentos num ápice e tem fintas tão repentinas que levam qualquer colega de profissão a marcar uma consulta na psiquiatria. Isto se não pensar que a redondinha é só para ele…

MAREGA - De dispensado a herói improvável, o maliano traz a força demolidora para deitar abaixo qualquer muro defensivo. Com a inesperada expulsão de Corona, deve ser titular em detrimento de Soares.

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ABOUBAKAR - Estava chateado com os “dragões” e depois da reconciliação é vê-lo com uma confiança efervescente. Em noite inspirada e com o auxílio dos seus companheiros africanos, os golos podem surgir naturalmente.

SPORT LISBOA E BENFICA

VARELA - Injustiçado após o peru diante do Boavista, parece ter reconquistado a confiança do técnico. Se não houver surpresas (como a inclusão de belga no onze), é ele o guardião de serviço.

LUISÃO - Por falar em surprises (talvez não para os seus admiradores), o brasileiro continua de pedra e cal no onze inicial. Com a ajuda dele, o jovem Rúben Dias tem mostrado que é o futuro do Benfica e do eixo central da Selecção Nacional.

GRIMALDO - Bem melhor a atacar do que a defender, o lateral demonstra em diversos momentos o perfume da escola catalã. O Ricardo Pereira que se cuide.

FEJSA - É uma espécie de satélite que parece não estar presente e aparece somente quando é necessário. Se estiver bem fisicamente, será o habitual radar e pronto socorro encarnado.

KROVINOVIC – Gostaria de estar presente no Mundial (o sorteio dos grupos realiza-se também na sexta-feira), mas tem uma concorrência fortíssima para essa ambição croata. Fez falta nos jogos da Liga dos Campeões e isso vê-se no seu desempenho em termos domésticos.

PIZZI - Tal como a equipa, tem estado muitos furos abaixo do seu valor. A mudança desse facto pode começar realmente no próximo duelo. O Setúbal que nos desculpe, mas não é propriamente um teste difícil de transpor.

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JONAS - O matador está a bater as melhores expectativas sobre a (normal) imensa expectativa que se tinha dele. Depois do amuo há alguns meses de Mitroglou, é a vez de Jimenez e Seferovic andarem com as "lágrimas" nas chuteiras.

A Sport TV1 transmite o jogo, com o início previsto para às 20h30.


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