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Crime

Coréia do Sul decide que matar cachorros para comer é ilegal

Uma ação sem precedentes pode levar à proibição do costume no país inteiro.
Ian Burke
Brooklyn, US
Mariana Miyamoto
Traduzido por Mariana Miyamoto
Foto via Flickr user Amanda Oliveira.

Na quinta-feira (14), um tribunal sul-coreano determinou que matar cachorros pra comer é illegal – um bem-vindo primeiro passo para aqueles que defendem a proibição nacional do consumo da carne de cachorro.

De acordo com o South China Morning Post, a decisão veio do tribunal municipal de Bucheon, uma cidade a aproximadamente 19 km de Seul, a capital da Coréia. Care, um grupo de defesa dos direitos dos animais, trouxe a questão contra um produtor que comandava uma fazenda de cachorros, durante uma operação organizada. A corte decidiu que o consumo de carme não era uma razão legal para matar cachorros, e o cara foi multado em 3 milhões de won (em torno de R$ 10 mil na cotação atual). “Significa muito que essa seja a primeira corte que considera ilegal matar cachorros para o consumo de sua carne,” disse a advogada do Care, Kim Kyung-eun, ao jornal asiático.

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A prática de matar cachorros de forma cruel pela carne é presente há muito tempo na culinária sul-coreana, com a estimativa de que 1 milhão de cachorros são consumidos a cada ano. Recentemente, porém, o consumo de carne de cachorro caiu significativamente, já que cada vez mais coreanos tem visto cachorros como bichos de estimação e não comida.

“Nas últimas décadas, o discurso público sobre o consumo da carne de cachorro vem pendendo para o banimento,” disse o líder do Care, Park Soyoun. “A indústria da carne de cachorro vai levar um grande baque depois dessa decisão do tribunal.”

Entretanto, uma pesquisa recente descobriu que enquanto 70% dos sul-coreanos não consomem carne de cachorro, apenas 40% consideram que a prática deve ser banida. Depois do veredito, fazendeiros furiosos saíram para protestar contra a decisão do tribunal de Bucheon, citando os padrões culturais como objeção.

Cho Hwan-ro, um representante da associação das fazendas de cachorros, disse que os fazendeiros, cujas instalações funcionam mais como matadouros, não devem aceitar essa decisão por um capricho. Em vez disso, Cho pediu que o governo coreano legalizasse o consumo de carne de cachorro e autorizasse o abate. “Cachorros para comer e cachorros de estimação devem ser separados,” ele disse, mencionando que os cachorros criados para consumo humano nas 170 mil fazendas de cães espalhadas pelo país, são de diferentes raças, alimentados de modo diferente e criados com propósitos diferentes.

“Vacas, porcos, galinhas e patos são todos criados para ser consumidos e por que não os cachorros?”

Contudo, a opinião de Cho não parece ser comum à legislatura sul-coreana. Na semana passada o partido Democrata da Coréia do Sul apresentou um projeto de lei que efetivamente acabaria com a produção da carne de cachorro em todo o país. O projeto limitaria o abate de animais àqueles que são considerados “animais de consumo” – o que os cachorros não são.

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