Esta matéria foi originalmente publicada na Amuse .O fotógrafo Nick Hannes levou o prêmio de fotografia documental da Magnum and LensCulture Awards de 2017. A série do belga de 43 anos captura a cultura de Dubai e foi a favorita num painel que incluiu fotógrafos da Magnum como Alex Soth, David Hurn e Susan Meiselas.A série de Hannes entrará em exposição na London's Photographer's Gallery no final do ano, junto com os outros vencedores das categorias Rua, Retrato, Fotojornalismo, Aberta e Artística.
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Hannes se formou na Academia Real de Belas Artes (KASK) em Gante, na Bélgica, em 1997, e agora é professor de fotografia documental lá. Depois de anos trabalhando como fotojornalista nos Bálcãs e Oriente Médio, ele começou a focar em seus projetos documentais em 2006, tendo publicado livros sobre a ex-União Soviética, Flanders e o Mediterrâneo.O fotógrafo passou um ano viajando pela Rússia num ônibus para fazer Red Journey, o que "cimentou as bases da minha abordagem fotográfica, onde ironia, ambiguidade e metáforas visuais têm papéis fundamentais". Seu trabalho pessoal tem uma tomada fortemente política e social, e ele tenta se "desassociar do momento para criar uma imagem mais universal, que lida com as relações problemáticas que temos uns com os outros, nosso ambiente e nosso mundo em geral".Aqui Hannes explica seu projeto premiado sobre Dubai.
VICE: O que você estava tentando capturar por meio dessa série?
Nick Hannes: A rápida transformação de Dubai de um posto comercial regional nos anos 60 para a metrópole ultramoderna que é hoje, um estudo fascinante sobre urbanização comandada pelo mercado. A indústria de entretenimento e lazer, um dos principais pilares da economia de Dubai, tem um grande impacto no desenvolvimento da cidade. Tópicos relacionados, como turismo, consumismo, prestígio e luxo, também têm um papel importante na série.
Nick Hannes: A rápida transformação de Dubai de um posto comercial regional nos anos 60 para a metrópole ultramoderna que é hoje, um estudo fascinante sobre urbanização comandada pelo mercado. A indústria de entretenimento e lazer, um dos principais pilares da economia de Dubai, tem um grande impacto no desenvolvimento da cidade. Tópicos relacionados, como turismo, consumismo, prestígio e luxo, também têm um papel importante na série.
Dubai é fascinante e controversa. A cidade tem fãs e críticos. Não gosto de decidir o que os espectadores devem ver ao olhar para meu trabalho; eles precisam preencher a história de acordo com suas próprias visões e conhecimento. Não tenho o monopólio da verdade e, portanto, não é minha intenção dar respostas. Prefiro levantar questões sobre sustentabilidade, igualdade, mercantilização da sociedade, autenticidade e ganância.
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Você pode falar um pouco sobre os contrastes da vida que você capturou nessas fotos?
Os estrangeiros são 90% da população de Dubai. Dentro desse grupo extremamente heterogêneo, decidi focar principalmente no seguimento classe média alta da sociedade. Fui a lugares onde pessoas dessa faixa se divertem: clubes noturnos, praias, parques temáticos, hotéis, shoppings. Muitos desses lugares pareciam surreais, como se tudo acontecesse num universo paralelo onde todo mundo é feliz. No entanto, olhando mais de perto, há muita ambiguidade no meu trabalho. Se explicasse isso em detalhes, eu destruiria minhas imagens.
Os estrangeiros são 90% da população de Dubai. Dentro desse grupo extremamente heterogêneo, decidi focar principalmente no seguimento classe média alta da sociedade. Fui a lugares onde pessoas dessa faixa se divertem: clubes noturnos, praias, parques temáticos, hotéis, shoppings. Muitos desses lugares pareciam surreais, como se tudo acontecesse num universo paralelo onde todo mundo é feliz. No entanto, olhando mais de perto, há muita ambiguidade no meu trabalho. Se explicasse isso em detalhes, eu destruiria minhas imagens.
Quem são seus ídolos na fotografia e por quê?
Quando estudante, fui muito influenciado por Henri Cartier-Bresson e a geração mais velha de fotógrafos documentais que usavam preto e branco. O legado dele (o momento decisivo, as composições bem equilibradas, etc.) ainda tem um papel na minha fotografia. Também sinto uma grande afinidade com o cineasta Jacques Tati, quando se trata de composição e uso do humor.
Quando estudante, fui muito influenciado por Henri Cartier-Bresson e a geração mais velha de fotógrafos documentais que usavam preto e branco. O legado dele (o momento decisivo, as composições bem equilibradas, etc.) ainda tem um papel na minha fotografia. Também sinto uma grande afinidade com o cineasta Jacques Tati, quando se trata de composição e uso do humor.
Outros fotógrafos importantes para mim são Ed Van der Elsken, por sua vida e dedicação sem nunca comprometer seus ideais. Robert Frank, por seu trabalho emocionante — não me emociono fácil com fotos, mas o Frank consegue fazer isso. Além disso, American Power de Mitch Epstein, The Last Resort de Martin Parr, e Carl De Keyzer e Simon Norfolk por seu trabalho político e socialmente relevante.
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Em que outros projetos você está trabalhando agora?
Estou terminando um livro sobre herança cultural na província belga de Limburgo, um livro encomendado pela Public Art Collection Flanders. Então ano passado eu estava trabalhando em dois livros, um sobre Dubai e outro sobre meu próprio país.
Estou terminando um livro sobre herança cultural na província belga de Limburgo, um livro encomendado pela Public Art Collection Flanders. Então ano passado eu estava trabalhando em dois livros, um sobre Dubai e outro sobre meu próprio país.
magnumphotos.comlensculture.comTradução: Marina SchnoorSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.