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Relembrando Robin Williams

Se você não se importa com a morte dele é porque veio de uma família muito estranha.

Robin Williams, que morreu noite passada num aparente suicídio, era uma estranha bolinha peluda de energia, com rabo de cavalo e cara de Papai Noel, e se você nasceu entre 1980 e 1990, ele foi, por uma razão ou outra, fundamental para o seu entendimento de mundo em formação. A geração Y, gente como eu, é muito jovem para conhecer o Robin Williams indecente dos seus dias de stand-up, cheirado, ou mesmo para ter visto Mork and Mindy e Bom Dia, Vietnã. Ele era mais como um tio palhaço, constantemente nas telonas, enquanto entrávamos na adolescência no meio dos anos 90.

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Sua cara num cartaz era um sinal de Hollywood de que devíamos prestar atenção naquele filme. Depois de Hook: A Volta do Capitão Gancho em 1991, entrávamos na fila algumas vezes por ano para ver um filme bolado especialmente para fazer a gente rir, depois ficar um pouco triste, depois rir um pouco mais.

A série de sucessos que se seguiu a Hook incluía: Aladdin, em 1992; Uma Babá Quase Perfeita, em 1993; Jumanji, em 1995; e tanto Flubber como seu papel vencedor do Oscar em Gênio Indomável, em 1997. Patch Adams – O Amor É Contagioso estreou em 1998 e o Homem Bicentenário, em 1999, filmes que todo mundo viu a não ser que a sua família fosse muito estranha. Durante essa época, você pode até ter optado por algumas das películas mais estranhas, infelizes e angustiantes dele: A Revolta dos Brinquedos, de 1992; Jack,  de 1996; 1 Dia 2 Pais, de 1997; ou Amor Além da Vida, de 1998.

Mas Williams teve uma longa carreira pulando de personagem para personagem em especiais de stand-up e aparecendo em filmes muito mais sombrios de suspense e humor negro na última década. E no meio disso tudo, ele era um entrevistado fascinante para apresentadores de TV e podcasters, para quem ele, de bom grado, sondava os lados mais escuros de sua psique – e, sim, os tornava brilhantes.

É difícil saber como responder quando um homem com uma personalidade tão grande e tridimensional existe no mundo. Então aqui vai uma lista com meus trechos favoritos de Williams, dos filmes dele que sempre vou me lembrar.

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1. “Que ano é esse?!”, de Jumanji.

Jumanji é outro filme no qual um Robin Williams, menino grande, é jogado no mundo e forçado a lidar com coisas de adulto. O fato de ele poder estrelar tanto Retratos de Uma Obsessão quanto Happy Feet 2 só era possível porque ele era adulto somente por fora. Veja também: Hook, Jack, A Revolta dos Brinquedos e, de certa maneira, O Homem Bicentenário.

2. A guerra de comida em Hook.

Em Hook, Williams é um adulto escroto. Ele não é um assassino de cachorro ou barão da guerra mas um advogado corporativo, o que definitivamente é a pior coisa na qual alguém que já foi o Peter Pan poderia se tornar. Ele faz um homem que esqueceu sua infância e foi forçado a redescobri-la para salvar os próprios filhos. Vendo essa cena de guerra de comida, dá pra imaginar que reverter para um estado de infância não era exatamente um problema para Williams.

3. Um dos muitos monólogos de Gênio Indomável.

Williams levou o Oscar por esse filme, e por uma boa razão: em vez de ainda estar preso num determinado estágio do desenvolvimento, ele subitamente foi incumbido de mostrar as realidades da vida adulta ao protagonista, teimoso e permanentemente adolescente, feito por Matt Damon.

4. “Friend Like Me”, de Aladdin.

Quem tem mais ou menos a minha idade vai conseguir cantar esta música de cabeça. Talvez você até lembre dessa sequência, cena a cena. Acredito que foi Robin Williams (e seu número bombástico de swing) que começou a tendência que levaria à música do filme O Máscara, dois anos depois, e à popularidade do Chery Poppin' Daddies três anos depois disso.

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5. A cena “Carpe Diem”, de Sociedade dos Poetas Mortos.

Aprendi a ser do contra odiando esse filme desde a primeira vez que o assisti no colegial. Na época, eu achava que isso era uma máquina cínica, criada para entregar um senso fraudulento de nostalgia de um amor “puro” e infantil por poesia, que nenhum espectador tinha realmente experimentado.

Olhe pra mim agora, chorando assistindo a essa cena. Bom, como vocês queriam que eu me sentisse, seus monstros?

“Somos comida para minhocas, rapazes”: verdade.

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