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Por que é que as gajas não devem fazer o amor anal

Dói, é nojento e não é fixe.

Estou sentada na sala de uma amiga, na zona oeste de Londres, já bem bebida com um bom vinho italiano de sete libras que descobri no frigorífico dela, e já ando à volta de uns papéis que encontrei perdidos na minha mala, escrevinhados numa noitada excessiva há duas semanas. E, supostamente, deveria escrever sobre o porquê de algumas pessoas curtirem enfiar um pau de carne no sítio de onde fazem cocó. A verdade é que não faço a mínima ideia. Claro que, passadas as primeiras duas ou três relações a sério — e depois de experimentarmos vezes sem conta todas aquelas posições que, supostamente, são fascinantes —, acabamos sempre por regressar à velha rotina da missionário, da rapariga em cima ou da canzana. O vosso parceiro até vai sussurrando parvoíces sobre o quanto vos ama… Certamente, nestas circunstâncias, até parece a cena mais sensual de sempre. Mas depois começam a ponderar. Começam a experimentar tudo aquilo em que pensam quando estão excitadas e sozinhas. E, inevitavelmente, mesmo que essas fantasias sejam mais cor-de-rosa do que o sexo aborrecido dos animais ou envolvam misséis apontados para o teu rabo, o mero pensamento sobre o anal é suficiente para vos fazer vir como se não houvesse amanhã. O vosso passo seguinte é checar uma cena qualquer de porno e depois perguntar sobre o assunto a uma amiga mais solta ou a um amigo gay, que vos jurarão que o sexo anal é a melhor coisa de sempre e que, depois de vocês experimentarem, não quererão outra coisa. É só mais uma fronteira que têm de quebrar com o vosso parceiro, na longa estrada do “ser um só”. Não há nada melhor — dir-vos-ão os vossos amigos —, do que permitir que alguém chegue àquela parte do vosso corpo que só a sanita já contemplou. Mas eu tenho uma opinião diferente. E explico aqui porquê: Parece que estamos a cagar ao contrário
Mandar um longo e esforçado poio sabe bem, não há dúvidas quanto a isso. Agora, imaginem essa belíssima sensação catártica, multipliquem-na por um milhão e transformem-na numa fracção negativa, com um enorme sinal de subtracção a negrito (). Nenhum rabo é um buraco negro. A vossa cavidade anal é um espaço concreto. A capacidade do rabiosque atingirá o seu limite e, farta de levar pancada constantemente, a porta das traseiras vai rebentar — quase irreparavelmente. O que me leva ao próximo ponto (ahahah). A vossa porta das traseiras vai ficar empenada durante uns tempos
Na minha terra, é normal ouvirmos um provérbio como aquele britânico sobre ficar a ver a tinta a secar, que é como quem diz: “[Fazer algo insignificante/sem sentido/aborrecido] é como esperar os nove dias que um traseiro demora a recuperar.” E, sabem, uma pesquisa rápida pela net acabou de me confirmar que este é precisamente o tempo que o nosso olho do cu demora a recuperar a firmeza anterior — é, exactamente, o tempo que necessitam de esperar para voltar a fazer um anal. Nove dias. Dar-vos este precioso conselho sobre como ter sexo anal, falha possivelmente no objectivo de um artigo que vos quer dissuadir a fazerem isso. Mas o que quero dizer é que o corpo humano tem um número preciso de entradas e saídas. Tenho plena noção de que este é o género de tretas que a malta quadrada e que os homofóbicos dizem, mas realmente acho que até faz sentido. Ainda não estão convencidas? Vou explicar-vos o que significa terem a porta das traseiras empenada: Vão cagar nhanha
E não pensem, nem sequer por um segundo, que isto vai acontecer na doce privacidade da vossa casa de banho, na simpática e resguardada sanita do vosso escritório, ou num daqueles WC’s portáteis. Já presenciei — mesmo! — uma amiga a fazer todas as caras possíveis e imaginárias quando percebeu que tinha porcaria a escorrer do rabo, enquanto dançava durante uma happy hour num sofá de uma discoteca em Ibiza. E ela estava a usar biquíni. (Eu sei.) No início, pensei que tinha sido de toda a coca que ela andava a snifar, mas afinal a culpa era do pénis do namorado. Para aquelas que estão a planear utilizar um preservativo ou um daqueles brinquedos XPTO, não tenham dúvidas: vão sentir essa vontade de cagar constantemente. Isto até pode parecer espectacular, especialmente se forem do género bulímico, mas aceitem esta dica: não é. Preparem-se para cerca de 25 visitas diárias ao cagatório, sem qualquer sentimento de objectivo cumprido. O único resultado vai ser a nova sensação de terem o traseiro em contracção, o que é bastante merdoso. A perversa dualidade
A minha outra amiga, a quem chamaremos "Marlene" a partir de agora — e quem, por acaso, foi a minha conselheira ousada, nos velhos tempos de inocência — casou-se aos 21 e tinha esta pérola para partilhar: “Adoro [levar nele], mas não estou sempre disponível para isso. Sou mulher e o sexo tem de ser como quero. Têm de fazer os vossos parceiros suplicar por isso, levá-los à beira de um ataque de choro e só ceder quando têm algo realmente importante para pedir em troca. Como fazer um cruzeiro, ou assim.” Se não percebem o porquê desta actividade ser lixada, merecem toda a bosta com que vão levar. A falta de espontaneidade
Para darmos esse passo, é necessário reflectir profundamente sobre isto tudo, muitas e muitas vezes. E mesmo com toda esta análise, desculpem dizer-vos isto, nada será como vocês fantasiaram. Com o anal, não há aquela naturalidade do encaixe com lubrificação automática que Deus e os milhares de anos de evolução nos deram para facilitar o processo (e bem sei como todos os gajos adoram enfiar coisas nos rabos uns dos outros). Não há cá sermos enlevadas, arrastadas, empurradas para a cama. Não há impulso, não há paixão. Toda esta expectativa de dor imediata resume-se a um intenso planeamento e a um mecânico joguinho de sedução elaborados por gajos cheios de tusa. Oh, peço imensa desculpa, ainda não tinha mencionado isso? VAI DOER. P'RA CARALHO! E não venham com tangas sobre a variedade de substâncias que ajudam a coisa a escorregar — artificiais ou orgânicas —, que serão um verdadeiro desafio para a vossa empregada de limpeza, quando ela se predispuser a ajudar-vos a limpar a merda do vosso corpo, do vosso cabelo, dos vossos rabos ou dos vossos lençóis. Simplificando, mesmo que as boas intenções sejam mútuas, não justificam todo este espalhafato. Encarem isto como aquela luta-que-nunca-acaba-de-enfiar-o-preservativo-como-deve-ser. MAIS, lembrem-se de que depois têm de esfregar o chão para se livrarem dos vestígios de lubrificante. DE JOELHOS. O vosso parceiro vai esquecer-se da vossa entrada principal
O maior problema é que, muito provavelmente, vocês também. A partir do momento em que o gajo consiga lá entrar, vai ficar tão compenetrado na tarefa de vos estar a magoar, ou tão nauseado com a imagem mental da sua pessoa como um garanhão (bah, que nojo), ou ambas ao mesmo tempo, que vocês estar-se-ão a sentir uma boneca insuflável. O resultado é que vocês esquecer-se-ão daquela pueril senhora a quem chamamos de vagina e do seu papel principal de animar uma festarola. De qualquer forma, se falhei redondamente na tarefa de vos fazer reconsiderar o anal, lembrem-se deste conselho: não se esqueçam de dar à senhora a atenção que ela merece. Vocês sabem como fazê-lo. Basicamente, é isto. Só falta levantar uma última questão: Ainda não estou convencida de que os gajos curtem isto assim tanto
Uma vez, um namorado contou-me que também lhe doía. Disse algo tipo que, lá dentro, era demasiado apertado para o pirilau. Mas essa conversa já foi há tanto tempo que estou meio perdida nos pormenores. De qualquer modo, ele queria fazê-lo na mesma. Mas estou perfeitamente a borrifar-me: não sou um gajo, sou uma menina. Se por acaso és um tipo, não queres contribuir com algum feedback sobre esta experiência? Para os gays, desculpem lá ter-me centrado tanto em sexo hétero. Mas não se esqueçam de que têm todo um Guia VICE sobre o assunto para ler.