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Como a delação do dono da JBS incrimina Temer

“Tem que manter isso, viu?”
Foto: Agência Brasil.

No dia 7 de março o dono da JBS Joesley Batista foi, sozinho, ao encontro de Michel Temer no Palácio do jaburu, residência oficial do presidente. Na conversa que durou cerca de 40 minutos, Joesley informou a Temer sobre a mesada que destinava a Eduardo Cunha para que o ex-deputado se mantivesse em silêncio sobre casos escabrosos, como informou em primeira mão o jornalista Lauro Jardim do O Globo.

"Tem que manter isso, viu?"

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Em delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), os irmãos Wesley e Joesley Batista entregaram ao ministro Edson Fachin a gravação da conversa com Temer.

O presidente teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, uma holding que controla o frigorífico JBS no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Numa negociação sobre o valor de compra do gás natural feito pela Petrobras, Joesley combinou 5% de propina a Loures por uma fixação de preço do Cade sobre a venda do gás.

Foi combinado o pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos — uma polpuda mesada que chegaria a marca de R$ 480 milhões ao longo de duas décadas. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.

Na gravação de Joesley Batista, Temer sabia do acordo que envolvia mesadas a Cunha e ao operador Lúcio Funaro para que se mantivessem em silêncio na cadeia sobre o caso da JBS.

Em delação, Joesley também entregou gravação mostrando o senador Aécio Neves pedindo ao empresário R$ 2 milhões. No áudio, o ainda presidente nacional do PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia para pagar sua defesa na Lava Jato.

Os R$ 2 milhões foram entregues ao primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, um dos coordenadores da campanha do tucano à presidência em 2014. A entrega do dinheiro também foi filmada pela PF.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência informou que Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar."

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