FYI.

This story is over 5 years old.

The Creators Project

O fotógrafo que capta momentos eternos em Jogos Olímpicos

"Muitas vezes as minhas imagens abrangem um ponto de vista um pouco mais amplo. Tem tudo a ver com o ambiente e o sentido dramático que fazem parte da competição".

"Competição feminina de Saltos para a Água. Barcelona, Espanha, Agosto de 1992". © David Burnett / Cortesia Anastasia Photo e Contact Press Images.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma The Creators Project.

Se não contares com a política, os escândalos de doping e a ameaça de um surto de Zika, os Jogos Olímpicos deste Verão no Rio de Janeiro deverão ser vistos apenas como mais uma demonstração sem paralelo do puro poderio atlético dos seus intervenientes. Os atletas treinam toda uma vida para chegar a este patamar, as emoções são mais que muitas e captar estes momentos espetaculares de realização corporal é, em si, uma forma de arte.

Publicidade

O conhecido fotógrafo David Burnett tem feito a cobertura das Olímpiadas desde 1984 e ao The Creators Project explica que, como os Jogos seleccionam os melhores atletas de todo o Mundo, também os profissionais que o cobrem são os melhores. "Quando andas pela área de imprensa, com todos os lugares ocupados por fotógrafos de classe mundial, vês trabalhos que são absolutamente compatíveis com o que os atletas estão a fazer nas pistas e nos campos", salienta.

No entanto, o foco do trabalho de Burnett não se cinge à tradicional pose de vitória. "Muitas vezes as minhas imagens abrangem um ponto de vista um pouco mais amplo. Mostram o sítio, o contexto do que está a acontecer. São imagens que têm um grande significado para mim. Com as fotos, tento explicar aos milhões de fãs que não podem participar, como é estar ali. Tem tudo a ver com o ambiente e o sentido dramático que fazem parte da competição", justifica.

"Competição masculina de saltos para a Água #1. Fort Lauderdale, Flórida, EUA. Maio de 1996". © David Burnett / Cortesia Anastasia Photo e Contact Press Images.

Burnett diz que a cobertura dos Jogos tem sido muito influenciada pela tecnologia. "Há 30 anos não havia câmeras digitais e nada como as câmeras de filmar que temos hoje, com grandes velocidades e alta definição", explica. E continua: "Os meios de comunicação são agora capazes de mostrar coisas inimagináveis há uma geração atrás". O fotógrafo acrescenta que, hoje em dia, as Olimpíadas parecem ter "mais energia, mais excitação, mais gente a ver em todo o Planeta".

E o que é necessário para estar preparado para os Jogos? "Tento estar o mais em forma possível, porque os 16 dias de competição são duros, não apenas para os atletas, mas também para os jornalistas. Já se sabe que todos os anos há mais velocidade e que os atletas estão mais habilidosos e para acompanhares isso tens de estar mais informado sobre os eventos que não podes perder".

Ainda mais importante que tudo isto é, para Burnett, a interacção com os atletas. "Creio que a maior parte deles aceita que lidarem com fotógrafos e gente da televisão faz parte do 'jogo'", afirma. Ainda assim, garante que é sensível aos inúmeros factores que competem pela atenção dos protagonistas. "Compreendo que, para a maioria dos atletas, estes momentos de competição são um ponto máximo nas suas vidas e tento, por isso, ter noção da pressão que sentem".

"Quero tirar as minhas fotografias, mas certamente não quero fazer o que quer que seja que possa levar alguém a ter uma performance mais fraca, precisamente na altura mais importante das suas carreiras".

"Saltos de Esqui. Park City, Utah, EUA. Fevereiro de 2002". © David Burnett / Cortesia Anastasia Photo e Contact Press Images.

Podes ver mais imagens incríveis de David Burnett no seu site.