Churches Schools and GunsStroboscopic ArtefactsVou começar por referir o óbvio e depois tentamos escrutinar o que se esconde por detrás dele: os mais reconhecíveis sons de Burial encontram-se hoje de tal modo espalhados pela electrónica, que o mais fácil é aceitar de vez a sua omnipresença estética e entender que os seus mais marcantes discos na Hyperdub efectuaram mudanças radicais no jogo. Leva isso a que Burial seja nesta altura aquela rotunda por onde todos os carros têm de passar para chegar a alguma parte na cidade. É óbvio que existem alternativas a isso, mas essa rotunda está sempre cheia de carros.
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O carro, que Lucy conduz, traz na bagageira uma techno mutante e dá uma volta à Rotunda de Burial logo na segunda faixa desteChurches Schools and Guns: “Leave us Alone” atira-se de cabeça para um ritmo carregado de fricção metálica (tal como determinado pelo mestre londrino) e monta a partir daí um cenário desértico, em que já não existem pessoas saudáveis nas ruas e o único som que se escuta é o de uma voz a cuspir frases autoritárias (olá, The Wall). Decorreram seis minutos desde o início deChurches Schools and Guns e o que assimilámos chega para antever que este não será um disco particularmente fácil para o estômago.Não é de facto, porque Lucy exorciza-se de Burial e desenha a sua techno à imagem de noites em que ninguém gostaria de se ver encurralado. Faixas como “The Self as another” ou “Human Triage” são feitas de um sufoco doentio e ritmos ansiosos. Parece por vezes que não dão mais que dois anos de vida ao planeta. Barra pesada, portanto. Depois o disco abre os seus poros e “Laws and Habits” é uma malha maisbouncydo que as suas parceiras de navegação. “Follow the leader” vale como excelente música ambiente para alguém que foi obrigado a ir fazer um deal de droga às três da manhã. O imprevisível vai mostrando a sua cara emChurches Schools and Gunsde um modo intrigantee, às tantas, pouco importa por onde passou o carro de Lucy já que veio dar aqui.
