Emmerson Mnangagwa tomou posse como novo presidente do Zimbábue nesta sexta (24), tornando-se a segunda pessoa a comandar o país em quase quatro décadas.
Mnangagwa, de 75 anos, fez o juramento para o cargo diante de dezenas de milhares de simpatizantes num estádio lotado da capital, Harare. Saudando a multidão com o punho erguido, ele jurou “ser fiel ao Zimbábue”.
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A cerimônia marca uma guinada de sorte impressionante para Mnangagwa, que no começo do mês tinha sido demitido como vice-presidente do país e fugiu para a África do Sul, temendo por sua segurança. Sua demissão desencadeou o tumulto político que fez o exército intervir e obrigou Robert Mugabe a renunciar.
Mugabe não estava na cerimônia para testemunhar seu antigo confidente usurpá-lo formalmente, mas oficiais do partido da situação, o ZANU-PF, dizem que ele vai continuar no Zimbábue, imune a qualquer processo.
De volta ao Zimbábue na quarta-feira, Mnangagwa prometeu o nascimento de “uma nova democracia” para o país, que acabou economicamente arruinado e internacionalmente isolado por décadas de desmandos autoritários.
Ele prometeu defender a democracia e abordar outros países para ajudar a reconstruir o Zimbábue.
Mas ligações com o antigo regime deixam a dúvida: a posse de um homem conhecido como “O Crocodilo” sinaliza realmente uma quebra com o passado?
Mnangagwa, que era o espião-chefe do Zimbábue durante um sangrento conflito civil nos anos 1980, é associado a algumas das piores atrocidades da era Mugabe, incluindo o massacre de 1983 onde estimas-se que 20 mil pessoas foram mortas numa ofensiva política.
Mnangagwa nega qualquer envolvimento com as mortes.