Como de quase toda problemática nasce uma boa ideia, os retratos feitos pelo fotógrafo Diogo Andrade, que já colaborou com a VICE, e a arquiteta Fernanda Mello trazem um questionamento necessário e constante sobre a naturalização dos personagens que ocupam as posições de poder em nosso país. O projeto Retratos da Constituição Brasileira surgiu depois que ambos visitaram a antiga sede do governo da Bahia, o palácio Rio Branco, que tinha todos os retratos dos governadores da história do estado. Apesar de a Bahia ter a maior população negra do país, só haviam retratos de homens brancos.
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A partir da proposta de um edital que abordava o aniversário de 30 anos da constituição de 1988, ambos conseguiram o investimento necessário para pensar em um projeto efetivo em relação à temática proposta. “Quando vimos o edital, surgiu a ideia de fazer uma galeria alternativa de algo que desnaturalizasse esse papéis”, relata Mello.
Os retratos foram feitos em dois lugares diferentes. Em Salvador, a dupla afirma que o método de escolher os personagens se resumiu ao particular de cada um. A maioria das pessoas eram conhecidos mais próximos, e a partir da proposta, eles pensaram juntos com os modelos um método e cenário que cruzasse as fotografias e o papel de cada personagem colocado ali. “O da biblioteca é da estante do Alexandre, [por exemplo]. Que é negro, gay e ocupa um espaço acadêmico, que é bastante branco”, relembra a dupla.
Em Florianópolis, eles fizeram uma ação no centro para ter esse contato direto da identificação e a curiosidade de pessoas que passavam por ali. Ao colocarem a moldura e o cenário na rua, a partir da intervenção urbana, os personagens foram surgindo através da curiosidade, formando um resultado bastante interessante para os autores do projeto. “A determinante era trazer uma diversidade de pessoas com histórias muito diferentes entre si mas com esse elemento incomum de estar em uma posição de minorias.”Saque mais fotos abaixo: