Os festivais de Verão onde ainda podes ir (só) pela música
Ilustração por Filippo Fiumani

FYI.

This story is over 5 years old.

festivais

Os festivais de Verão onde ainda podes ir (só) pela música

Já andas um bocado rebentado, as pernas já começam a dar de si, a carteira então nem se fala e a figadeira já conheceu melhores dias. Aguenta, que a época festivaleira em Portugal ainda está longe de ter acabado.

Já andas um bocado rebentado, as pernas já começam a dar de si, a carteira então nem se fala e a figadeira já conheceu melhores dias. Mas a época de festivais de Verão em Portugal ainda está longe de ter acabado. Na verdade, parece que ainda agora está a começar. Principalmente para os fãs mais acérrimos daquilo que normalmente se apelida de "espírito festivaleiro"(será que é cool dizer isto? Não nos parece, mas vá, siga).

Publicidade

Certo é que, pasme-se, ainda há quem tenha em linha de conta para comprar bilhete para um festival - e decidir, ao mesmo tempo, passar uns dias de férias, - coisas como a envolvência, a filosofia, as condições e (vá-se lá saber porquê) o cartaz. Coisas de somenos, portanto. Coisas que, no entanto, são fulcrais em quatro dos eventos que temos na agenda para os próximos dias e semanas e de que vos damos conta abaixo.

Portem-se bem, não abusem do Sol e fritem o cérebro em segurança. Os vosso pais agradecem. (E não deixem de ver mais trabalhos do Filippo Fiumani aqui)

FESTIVAL VODAFONE PAREDES DE COURA - 17 A 20 DE AGOSTO

Quando Coura (o Festival, entenda-se) nasceu, muitos dos que hoje lá vão ainda nem eram projectos. Já lá vão 23 anos, ou seja 24 edições. E a coisa, acreditem, ou não, e salvas as devidas distâncias, mantém-se mais ou menos com a mesma filosofia. A organização profissionalizou-se na forma, mas não no conteúdo e, na verdade, continuam a ser uns putos (já com filhos e assim, mas uns putos) a levar bandas de que gostam à terra deles.

Este ano, diz-se por aí, o cartaz "não é tão forte", apesar dos LCD Soundsytem, e mais não sei quê. Enfim. Daqui a uns tempos vão ver quantos dos que lá tocam agora, estão a tocar nos ditos "festivais maiores". Coura sempre assim foi e sempre assim há-de ser. E quando não foi, ressentiu-se. Sim, porque houve anos de lama (leia-se nu-metal) e não nos estamos a referir à clássica chuva que, no entanto, pelo menos nos últimos dois anos se tem mantido arredada. Mas, foi só uma questão de olhar para dentro, respirar fundo e voltar a encontrar o caminho. E, desde 2005, o caminho nunca mais foi sinuoso.

Publicidade

Não percas estes gajos:

BOOM FESTIVAL - A DECORRER ATÉ 18 DE AGOSTO

A decorrer em Idanha-a-Nova até 18 de Agosto, oficialmente, porque é certo e sabido que os boomers nunca estão satisfeitos e a coisa acaba por prolongar-se por essas barragens afora até sabe Deus quando (um deus qualquer, que a coisa é multi-cenas). O Boom é o Boom e o séquito de fiéis nem gosta muito de falar sobre a coisa, porque a experiência tem de ser vivida.

Festival auto-sustentável e de pergaminhos ambientais mais do que reconhecidos, sem presença de marcas, com entradas limitadas e bilhetes vendidos (e rapidamente esgotados) em mais de 150 países, o Boom encontrou na diferença, na diversidade e na exclusividade, o caminho do sucesso.

É claro que os media mainstream vão sempre focar-se nas apreensões de drogas, nos eventuais incidentes trágicos e no facto de não os deixarem fazer directos do recinto com comentários às indumentárias dos participantes e às mocas terroríficas que por ali andam, mas esse é, certamente, o lado para o qual esta rapaziada dorme melhor (pelo menos quando conseguirem dormir, daqui por um mês, talvez).

Se nunca foste, espreita aí parte do documentário sobre a edição de 2014:

FESTIVAL FORTE - 25 A 27 DE AGOSTO

Em Montemor-o-Velho há um Castelo. Nesse Castelo não vive ninguém. Mas daqui a poucos dias as coisas vão ser diferentes. O Festival Forte vai invadir as muralhas e levar à localidade do distrito de Coimbra a vanguarda mundial da música electrónica e das artes visuais e performativas. E vanguarda aqui não é palavra usada de ânimo leve.

Publicidade

E se achas que festanças em castelos soa a raves dos anos 90… soa, é verdade. Mas também soa a ambiente único e, no caso do evento em Montemor, soa também a programação do mais vanguardista possível, organização impecável e certeza absoluta de momentos memoráveis.

Confirmados estão, por exemplo, os pioneiros Cabaret Voltaire, que chegam pela primeira vez a Portugal depois de em 2014 regressarem aos palcos com um espectáculo carregado de efeitos visuais, em que um dos elementos fundadores, Richard H. Kirk, se faz valer de um arsenal de máquinas e ecrãs de multi-projecção para nos lembrar que as raízes dadaístas e industriais do grupo britânico - criado em 1974, em Sheffield - são, ainda hoje, influência maior na cultura electrónica mundial.

Não 'tás a ver quem são? Toma lá um cheirinho:

REVERENCE VALADA - 8 A 10 DE SETEMBRO

É daqueles festivais que, tal como Coura, nasce do bicho terrível que é a paixão extrema pela música. Não há outra motivação, não há razões comerciais obscuras, não há nada mais do que gostar daquela banda e querer vê-la a tocar à tua frente, de preferência com os teus amigos e os amigos deles ao teu lado. Nick Allport veio viver para Portugal com a família, numa de reforma antecipada e de "fugir ao bicho" e quando deu por ela já estava a montar palcos no Parque de Merendas de Valada, Cartaxo, e a trazer cá os seus grupos favoritos. Os novos e os velhos, os que continua a descobrir e aqueles que, sabe-se lá porquê, muitas das vezes nem nunca cá tinham vindo tocar.

Este ano, o festim de rock psicadélico e afins integra mais de 50 das melhores bandas de rock nacionais e internacionais, incluindo The Sisters of Mercy, The Brian Jonestown Massacre, Killing Joke e The Damned, mas também os Silver Apples (baba a escorrer), os Chain & The Gang, ou os Ozric Tentacles. Mas, raios, é tudo bom, tudo familiar, tudo numa comunhão única em que a prioridade é, imaginem bem, a música.

O motivo da baba no parágrafo anterior é este:

Só uma última coisinha, não se esqueçam que, para além destes, há ainda um OVNI chamado ENTREMURALHAS, que é absolutamente imperdível. É no Castelo de Leiria, de 25 a 27 de Agosto, e só leva 737 pessoas, que é para não estragar. E, lembra-te, não tens de ser gótico para quereres ver coisas que não vais ver em mais lado nenhum.