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"Admito que o medo é agora maior": jovens europeus reagem aos ataques de Bruxelas

Da Roménia, a Itália, do Reino Unido a Portugal, França, Alemanha, Suécia, Sérvia, Dinamarca, ou Espanha, os escritórios europeus da VICE recolheram reacções de jovens e procuraram saber o que lhes vai na alma face a mais uma onda de terror.

Flores deixadas esta manhã junto à Embaixada da Bélgica em Berlim. Foto por Grey Hutton

Esta manhã, a Europa acordou mais uma vez com notícias de um ataque terrorista. Por volta das 8h00, duas explosões atingiram o Aeroporto de Bruxelas, enquanto uma terceira ocorreu, pouco depois, no Metro da capital belga. Até ao momento em que publicamos este artigo, os números oficiais apontam para 34 mortos e mais de 200 pessoas feridas. números que, eventualmente, podem subir nas próximas horas.

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Da Roménia, a Itália, do Reino Unido a Portugal, França, Alemanha, Suécia, Sérvia, Dinamarca, ou Espanha, os escritórios europeus da VICE recolheram reacções de jovens e procuraram saber o que lhes vai na alma face a mais uma onda de terror.

REINO UNIDO

Jenner, 23

"Desde os ataques de Paris que tenho medo que algo do género aconteça aqui. Acho que é algo iminente. Um potencial ataque terrorista é, definitivamente, algo que me passa constantemente pela cabeça de cada vez que ando de transportes públicos, por exemplo. Sou até um bocado paranóica em relação a isso. Acabo de ouvir que a polícia inglesa está preparada para reagir à possibilidade de ocorrerem até 10 ataques simultâneos, o que me faz sentir um pouco mais segura. No entanto, se alguma coisa acontece tenho a noção que é impossível que não haja vítimas mortais".

FRANÇA

Karim, 26

"Estou muito triste com os ataques de Bruxelas, mas não estou surpreendido. Tem muito a ver com as políticas dos governos Ocidentais. Vendemos armas, monopolizamos o fornecimento de matérias-primas…são coisas que têm causado tantos conflitos em todo o Mundo. Dito isto, a minha preocupação prende-se, sobretudo, com o facto de os principais alvos serem civis. Locais de concertos, cafés, restaurantes e agora estações de metro e aeroportos. Estes ataques ajudam a que se crie uma atmosfera de medo, mas temos de seguir a vida. Na Europa Ocidental sempre pensámos que vivíamos longe de conflitos armados, mas já não é esse o caso".

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ITÁLIA

Alberto, 21 "O problema é que estes ataques afectam-nos de uma forma diferente, porque são próximos de nós e são noticiados nas televisões e toda a gente fala deles, mas passa-se exactamente o mesmo em vários pontos do Mundo. Ninguém fala de Ankara e de outros sítios.

Não tenho medo que Milão seja um próximo alvo, pelo menos para já. Não teria sentido. não vou fazer nada de diferente. Sei que pode acontecer em qualquer lugar, mas não vou deixar que isso afecte o meu dia-a-dia. Não podes começar a morrer, antes de que efectivamente te atinjam".

ALEMANHA

Boris, idade desconhecida "A forma como os media estão a cobrir os ataques parece um pouco estranha, para ser honesto. Alguns amigos que tenho em Bruxelas já se marcaram como salvos no Facebook, o que foi bom saber, mas já há muito tempo que não falava com eles. Neste momento até preferia ficar em casa, mas tenho demasiadas coisas para fazer e não posso".

SUÉCIA

Manvir, 20 "Assusta-me um bocado, mas na verdade não tenho ideia se uma coisa como esta poderia acontecer na Suécia. Acho que é um país seguro - duvido que o que se passou em Bruxelas pudesse acontecer aqui. Nasci e cresci na Suécia e já visitei outros países, como a Itália, Inglaterra ou a Índia e nunca me senti tão segura como aqui".

ROMÉNIA

Elena, 30 "Acho interessante que algumas das reacções mais emotivas e extremas venham de pessoas que não estão envolvidas nesta situação de forma alguma. Esta manhã falei com uma amiga de Bruxelas e ela estava mais calma e racional que os meus amigos na Roménia. Não estava de todo à procura de começar a culpa este e aquele".

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Tenho medo que as autoridades comecem a fazer-se valer de medidas de segurança e vigilância mais duras, o que não é necessariamente o que se deve fazer. E acho que, mais uma vez, os partidos da extrema direita vão conseguir juntar mais gente à sua volta. As autoridades deveriam, no entanto, começar já a falar com os membros das comunidades muçulmanas. É a única forma de se encontrar uma solução. Deveriam também pensar mais racionalmente em como se pode lidar melhor com o fluxo gigantesco de imigrantes".

HOLANDA

Fabian, 27 "Soube do que se estava a passar quando cheguei de manhã ao trabalho, mas ainda não consegui perceber tudo. Foi muito mau? Foda-se, isso é terrível. Ainda para mais estou neste momento a caminho da Estação Central de Amsterdão e tenho de admitir que agora estou um bocado assustado. para ser honesto, tenho nos últimos tempos evitado locais de grandes ajuntamentos. Temos de ser um pouco mais cuidadosos".

GRÉCIA

Sofia, 21 "Vi as notícias assim que acordei. É terrível. Acabo de ler que os media não nos estão a dar o verdadeiro número de mortos e feridos - é típico da forma como a comunicação social é manipulada hoje em dia.

É muito deprimente termos de preocupar-nos com o terrorismo, para além de tudo aquilo com que temos de lidar na Grécia. Estamos falidos, o país está cheio de refugiados, estamos fechados nas nossas fronteiras… há tanta dor, tanto sofrimento em todo o lado. Como é que alguém pode ser feliz em tempos como estes? Eu sei que não sou".

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ESPANHA

Víctor, 17 "Acabo de saber e, para dizer a verdade, sinto-me um pouco assustado". Quando vês as medidas de segurança que entretanto começam a aparecer, senteste-te um bocadinho mais seguro, mas quando pensas que a seguir tens de usar um transporte público, não consigo deixar de pensar no que aconteceu e que pode acontecer aqui. Desta vez foi num aeroporto e no metro. Parece que está a escalar e os ataques terroristas não vão parar a não ser que se faça algo muito concreto".

DINAMARCA

David, 28 "Quando ouvi as notícias, pensei de imediato, 'outra vez não, mais um ataque terrorista na Europa'. É horrível para as vítimas, par os seus entes queridos e para a nossa sensação de segurança. Ao mesmo tempo, os ataques vão ser usados para encontra ainda mais os muçulmanos às cordas. Este tipo de ataques é óptimo para a agenda de gente como os partidos de extrema direita, que vão, assim, conseguir com muito mais facilidade, fazer passar as suas políticas, os seus discursos públicos de ódio, e as pessoas vão ficar ainda mais divididas. Ainda assim, um ataque em Copenhaga parece-me irrealista, apesar de já ter acontecido uma vez. Mesmo assim parece-me algo muito distante".

PORTUGAL

Duarte, 17 "O fundamentalismo é alimentado pelo ódio e o ódio vem, em parte, daqueles que têm sido marginalizados pela sociedade. Estou horrorizado por estes actos terroristas, mas acho que temos de lidar com isto da forma mais pragmática possível e não reagirmos com mais ódio.

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A Europa está à beira de perder os seus valores fundamentais e não podemos deixar que isso aconteça. Temos de lembrar-nos de que há actos de terror levado a cabo por auto-proclamados combatentes islâmicos na Europa, mas, por exemplo, nos anos 70 também existiram muito actos considerados terroristas levados a cabo por membros da nossa própria cultura - como o IRA, na Irlanda, para dar só um exemplo. O inimigo é o ISIS, não o Islão. Mas o mais importante agora é tentarmos retomar as nossas vidas e lembrarmos as vítimas e as suas famílias".

SUÍÇA

Michelle, 32 "É tão triste e faz-me pensar se isto poderia acontecer na Suíça. Não penso que vá acontecer, mas nunca é demais termos cuidados. A vida continua. Quando algo assim acontece, acontece e pronto. É, no entanto, muito alarmante que estejam a acontecer tantos ataques recentemente e começo a perguntar-me o que é isso significa".

POLÓNIA

Adam, 20 "É terrível, mas não me surpreendeu. Estes ataques têm acontecido de uma forma bastante regular. Acho que é um plano consistente do auto-proclamado Estado Islâmico. Provavelmente, o ataque às Torres Gémeas causou um choque maior, mas eu era demasiado novo na altura para me lembrar. Não vou entrar no jogo deles e tornar-me obcecado com isto. Quero e que os governos europeus tomem medidas. Têm de ser medidas tão consistentes como os ataques, para que se continue a acordar ao som de bombas a explodir".

SÉRVIA

Spasoje, 24 "Hoje aconteceu mais um ataque que pretende imergir a Europa num caos e incertezas ainda maiores. Os ataques são resultado da geo-política global e não vejo forma de que a Europa possa controlar o que está a acontecer. É esse o objectivo dos extremistas, atingir o coração da Europa - primeiro Paris, agora Bruxelas. A Europa tem estado tão embrenhada no seu sonho de paz e prosperidade - a sua vida boa e fácil - que simplesmente não consegue perceber como enfrentar estas ameaças e como defender-se. A europa é, também, em parte, responsável por isto".