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Chuva, Bomba e Muitos Feridos no Quarto Ato do MPL em SP

O quarto ato organizado pelo MPL estava tranquilo até um primeiro barulho de bomba eclodir no meio da multidão.

Camisetas colando no corpo, tênis encharcados, arrepios de frio e água caindo intermitentemente do céu. Foi assim que a maioria dos manifestantes seguiu pelas ruas do centro da cidade de São Paulo no quarto ato organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), ontem (23), contra o aumento da tarifa do transporte coletivo.

No início, em frente ao Teatro Municipal, uma assembleia decidiu o trajeto: começaria passando pela Prefeitura; depois pela Secretaria Estadual de Transportes, seguindo para a Câmara Municipal e terminando na Praça da República.

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As versões sobre os número de presentes mais uma vez colidiram de maneira díspare. O Passe Livre falou em mais de 10 mil enquanto a Polícia Militar contabilizou 1.200 pessoas.

Logo no meio do caminho, a chuva começou. E foi nesse momento que quem estava no ato passou a cantar e pular mais ainda. Em 2011, quando a grande mídia estava cagando para os movimentos estudantis — que passaram a dar o seu recado mais veementemente —, a VICE falou sobre um negocinho chamado poder ultrajovem. Então. Era ele ali, pulsando.

A marcha seguiu tranquila todo o tempo, mesmo com a chuva dando uma empatada na foda de quem estava lá.

Outra coisa que parecia incomodar eram os policiais apelidados de "Robocop", que vestem uma armadura similar ao exoesqueleto. Eles têm acompanhado os últimos atos, lado a lado com os manifestantes, numa espécie de sanduíche. Duas grandes laterais repletas de "Robocops" andam junto com a marcha.

O problema é que é duro entrar ou sair. Tanto para manifestantes como para a imprensa.

Quase no fim, próximo ao Largo do Paissandu, um barulho de bomba ecoou do meio da manifestação. Ninguém sabia o que era — e nem sabe até agora. Em questão de segundos, a Polícia Militar passou a atirar bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha — a tríade menos benquista para quem não é ativista de sofá ou está lá reportando.

O ataque policial incitou a fúria dos black blocs, que passaram a depredar agências bancárias e atirar pedras em direção à polícia.

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Corre-corre, pessoas feridas, barulho, gás por todos os lados. O ato se dispersou.

Nisso, me deparei com um rapaz que havia levado uma bala de borracha. Ele estava sendo atendido pelos bombeiros. E a bala estava incrustada em uma das coxas. Uma cena horrível.

Este cara estava com a cabeça sangrando.

Eu me deparei também com uma garota que havia sido atingida por estilhaços e outro cara atingido por bala de borracha.

Mais à frente, tentando encontrar o ato, vi dois jovens sendo revistados pela polícia. Um deles se justificava, falando: "Viemos na manifestação, mas não quebramos nada. Sou funcionário público". Um dos policiais não gostou de ver o meu celular apontado para ele e me fez diversas perguntas. Mesmo usando um crachá com o meu nome e foto, além do nome da VICE e a palavra "imprensa", ele insistiu em perguntar para qual veículo eu trabalhava. Além de fazer piadas irônicas, ele questionou se a minha garrafa de água era tiner ou água mesmo e perguntou se eu portava drogas. Para finalizar a abordagem abusiva, debochou do meu trabalho, dizendo "Vê se trabalha num jornal de nome".

Segundo a PM, seis manifestantes foram detidos. Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde não informou o número de feridos.

Esta moça levou um tiro de bala de borracha no peito.

Novamente, uma manifestação organizada pelo MPL não consegue chegar ao fim. De qualquer jeito, o quinto grande ato está programado: terça-feira (27), às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros.

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