Protestos contra o G20 impediram a saída de chefes de Estado dos hotéis

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Protestos contra o G20 impediram a saída de chefes de Estado dos hotéis

Manifestantes organizaram a marcha “Bem-vindos ao Inferno” na véspera da reunião da cúpula em Hamburgo, na Alemanha.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Enquanto Angela Merkel recebia os líderes dos países mais poderosos do mundo em Hamburgo, os serviços de segurança da segunda maior cidade da Alemanha estavam em alerta máximo, depois de enfrentamentos violentos com manifestantes anticapitalistas na noite de quinta (6), deixando mais de 100 policiais feridos. Mais de 100 mil manifestantes são esperados nos próximos dias do encontro dos líderes das principais economias do mundo.

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Merkel e líderes como Donald Trump, Vladimir Putin, Xi Jinping, Emmanuel Macron e Theresa May — além do presidente brasileiro Michel Temer, acusado de corrupção passiva — pretendem abordar assuntos como livre comércio, terrorismo, mudanças climáticas e migração. Os manifestantes, por sua vez, planejaram grandes marchas pelas ruas em oposição ao G20, que, segundo eles, teria fracassado em resolver os maiores problemas do planeta.

Em decorrência dos protestos, a primeira-dama Melania Trump não conseguiu chegar a um encontro de esposas dos líderes. "Não temos permissão da polícia para deixar a casa de hóspedes", disse uma porta-voz à agência de notícias alemã DPA.

Muitos líderes de Estado permaneceram em seus quartos de hotéis, sem poder chegar a reuniões devido às ações nas ruas.

Na manhã de sexta (7), os ativistas voltaram com suas ações pela cidade, e enquanto a cúpula do G20 começou sem incidentes, a polícia já pediu reforços para atuar em outras partes da cidade. A polícia de Hamburgo disse que um sinalizador foi disparado contra um de seus helicópteros nesta manhã — o artefato teria errado por pouco o alvo.

Os manifestantes também estão queimando carros e lançando bombas de fumaça pela cidade, enquanto o clima geral de medo faz pessoas temerem que violência piore.

Os manifestantes organizaram a marcha "Bem-vindos ao Inferno" na véspera da cúpula que tem duração de dois dias, com uma multidão estimada em 12 mil pessoas se reunindo na área histórica do porto — o começo de uma rota até o local onde a cúpula acontece.

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Passados 300 metros da marcha, ela foi parada por carros da polícia que bloquearam a rua. Durante o empasse de horas, os manifestantes gritavam a agitavam faixas. A polícia, como noticia o The Guardian, pediu que um grupo de ativistas — os "black bloc" — retirasse suas máscaras, depois de serem atacados com garrafas e pedras.

A polícia respondeu com canhões de água e spray de pimenta na tentativa de separar o grupo mascarado do resto da multidão — que estava fazendo um protesto pacífico. Quando a manifestação foi dividida, a mídia alemã informou que confrontos começaram em diferentes pontos da cidade, com relatos de carros avariados, lojas vandalizadas e barricadas erguidas com lixeiras.

A polícia também está investigando se um incêndio durante a madrugada numa revendedora Porsche no norte da cidade, que danificou oito veículos, está ligado aos protestos — no que pode ser uma amostra preocupante do que está por vir. A polícia disse que está "horrorizada com a violência".

A polícia alemã informou que pelo menos 111 policiais ficaram feridos, principalmente ferimentos leves. Três policiais tiveram que ser internados, incluindo um piloto de helicóptero que foi ferido quando canetas de laser foram apontadas diretamente para ele.

Vinte mil policiais foram mobilizados para a manifestação principal, mas esse número deve subir nos próximos dias, com duas grandes marchas planejadas para sábado com mais 100 mil participantes esperados. Manifestantes de toda a Europa estão indo para Hamburgo para protestar contra a desigualdade e ganância econômica.

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Os manifestantes têm várias questões para destacar aos líderes mundiais, incluindo pedidos de mais proteção ao meio ambiente, denúncias de nacionalismo étnico e oposição ao livre mercado — ironicamente, um ponto de vista compartilhado por Trump.

Um manifestante alemão disse que esperava que os protestos trouxessem mais igualdade econômica. "Sou antigoverno, mas algo tem que mudar para que todos os seres humanos possam desfrutar de um pouco dessa riqueza", disse Sebastian Keller, que cresceu na Alemanha Oriental e tinha oito anos quando o país foi reunificado, ao Washington Post.

Os enfrentamentos violentos da última quinta (6) não eram a imagem que Merkel queria que os alemães tivessem esta semana, já que ela pretendiam usar a cúpula para demonstrar suas habilidades no palco mundial antes das próximas eleições no país, em setembro.

Tradução: Marina Schnoor

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