A influência do Neurosis no metal brasileiro é maior do que você imagina
Iggor Cavalera (Foto: Divulgação) e Scott Kelly, vocalista e guitarrista do Neurosis (Foto: William Lacalmontie/Divulgação)

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A influência do Neurosis no metal brasileiro é maior do que você imagina

Iggor Cavalera, Fabio Massari, André Barcinski, Deaf Kids e ilustres do underground brasileiro discutem a importância do som apocalíptico dos californianos.

Em suas mais de três décadas de carreira, o Neurosis certamente influenciou bandas pelo mundo todo. Mas o impacto da banda californiana, responsável por discos já clássicos do metal como Souls At Zero (1992), Enemy of the Sun (1993) e Through Silver in Blood (1996), vai além de referências mais óbvias como Mastodon, Isis, Amenra e Cult of Luna.

Aproveitando a tão esperada estreia do Neurosis no Brasil, marcada para o próximo dia 8 de dezembro, no Carioca Club, em São Paulo, conversamos com diversas bandas e jornalistas brasileiros para falar sobre a importância e a influência do grupo de Oakland, Califórnia, na música pesada feita por aqui.

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A lista traz nomes como Iggor Cavalera, que já revelou a influência do Neurosis no uso de tambores nos shows do Sepultura, e diversos artistas do underground, incluindo bandas mais recentes e outras que já encerraram as atividades, como Constrito, Ruína, Labirinto, Jupiterian, Carahter, Frieza, Noala, Tuna, Bandanos, Austero e Deaf Kids, que abrirá o show do Neurosis em SP e acaba de lançar um álbum pelo selo dos caras, a Neurot Recordings.

Primeiro contato

André Barcinski (jornalista): Conheci o Neurosis no início dos anos 1990. Acho que o que me chamou a atenção para a banda, em primeiro lugar, foi o fato de gravar pela Alternative Tentacles, selo do Jello Biafra (Dead Kennedys). Achei estranho uma banda de metal lançar pela AT, que era mais conhecida como um selo de bandas de punk e hardcore. Mas o Neurosis não era uma banda de metal "normal", sempre foi mais experimental e estranha, e foi ficando cada vez mais interessante com o passar dos anos, quando o som ficou cada vez mais lento e denso.

Fabio Massari (jornalista): Visitei San Francisco pela primeira vez em 1993 e basicamente me acabei na rota dos shows e lojas de discos e afins nas pesquisas autorais e descontroladas com os bons sons. Daí que um parceiro de trip me presenteia com o Souls at Zero, do Neurosis, que sacávamos da correria hardcore com chancela Alternative Tentacles, dizendo que esse é para mim, tem algo de estranho, "psicodélico", e que vai me interessar mais do que eu imagino. Não precisei nem terminar a primeira audição pra perceber que nascia ali uma pequena obsessão e, a cada nova visita ao disco, um novo segredo revelado, ou um novo mistério…

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Erick Cruxen (Labirinto): A primeira vez que escutei falar de Neurosis foi por volta de 1994/95 através de um amigo; "Poxa, você já escutou Neurosis? Parece com o Sepultura, tem umas bateras tribais, só que é mais sombrio e doidão" (risos). Ainda não era tão fácil descobrir "bandas novas" como atualmente. Após alguns anos, o pessoal do hardcore me mostrou uma famigerada fitinha, não lembro quem foi, mas deve ser a mesma por onde muita gente conheceu a banda. Não sei qual disco era, mas me chamou atenção. Até que um dia escutei o Through Silver in Blood e surtei. O que era aquilo ? Era pesado, mas não era o metal que estava acostumado a ouvir. Era punk, mas ao mesmo tempo trabalhado e experimental. Era denso e sombrio, mas não brega. Fundiu a cachola.

Marcelo Papa (Rastilho e ex-Bandanos): Meu primeiro contato aconteceu no disco Virus 100 - Tributo aos Dead Kennedys , lançado pela Alternative Tentacles nos anos 1990. A versão de "Saturday Night Holocaust" soava incompreensível para meus ouvidos juvenis , mas extremamente intrigante para a época. Lembro que víamos os caras do Sepultura usando as camisetas e isso era um grande termômetro para aguçar a curiosidade em uma fase em que a informação demorava pra chegar. Uns anos depois, meu amigo Pierre (ex-Constrito e Ruína) apresentou alguns discos . Ele ia direto pra Europa e já tinha os LPs. Gravou uma série de fitinhas e disseminou pra geral. A tape do Enemy of the Sun rodou a banca e virou trilha sonora do "Bitchloki Syndicate". Foi uma paixão arrebatadora! Começamos a buscar tudo sobre a banda e "Times of Grace" se tornou um dos discos mais importantes para mim.

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Pierre de Kerchove (Ruína e Constrito): A primeira vez que ouvi falar do Neurosis foi em uma edição da Metal Hammer (revista), acho que em 1994. Era uma resenha do Enemy of the Sun e tinha um foto da banda ao lado. Eles tinham dread locks, o Steve Von Till parecia ser um eco-crust "truezera". Fui com a cara deles na hora, a resenha dizia algo do tipo "trilha sonora do apocalipse". Tudo isso me deixou muito intrigado. Nessa época, as bandas eram descobertas assim: no boca a boca, fita K7, foto, revista e camiseta. Até conseguir escutar o disco demorou mais um tempo e fiquei imaginando o som que a resenha descrevia — naquela época escutava muito death metal, era o auge daquele estilo, eu achava que era o estilo mais intenso de música que existia. Quando tive o disco em mãos foi algo surreal, nunca havia escutado nada igual. Ele mudou totalmente meu conceito sobre música pesada. Eles iam tão além de tudo que escutava no metal naquela época que eu não tinha parâmetros para tentar descrever a música deles… Foi o começo de uma devoção à banda e ao mesmo tempo uma expansão sonora em minha mente.

Gustavo Vaz Gabriel (Jupiterian e ex-Ruína e Noala): Meu primeiro contato foi com o Enemy of The Sun, numa fita K7, e aquilo me deixou maluco. Era metal, mas não soava como tal. Elementos de industrial e climática progressiva, tudo reproduzido de uma forma intensa e pesada. Uma banda que até hoje influencia minha forma de tocar.

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Renato Rios Neto (Carahter): O Neurosis foi surgindo na minha vida como um grande mistério. Uma incógnita. Lembro de ver as fotos do Max e Iggor na época do Roots, em 1996, com camisas do Neurosis. Aquele nome já me chamou a atenção de cara. Em 1997, o primeiro contato visual e musical: o clipe de "Locust Star" no programa do João Gordo. Fiquei absolutamente em choque com a músicas e as imagens de Steve Von Till rolando na neve. Então fiquei doido pra procurar mais sons dos caras, mas na época a Internet estava apenas engatinhando. Eis que surge o Ian Dolabella (Saddest Day/Libertinagem) e me empresta uma fitinha com o Souls At Zero gravado. A partir dali, minha vida estava mudada de vez.

Chita Augusto (Frieza): Conheci o Neurosis em meados de 2015 (sim, tarde) quando comecei a me interessar mais por bandas que faziam "música torta, estranha e experimental" e alguns amigos me disseram: "Você sabe que o início disso tudo aí veio com o Neurosis né?", até que um dia fui apresentado ao Enemy of the Sun e um novo universo se abriu na minha cabeça com aquela massa sonora. De primeira foi até difícil de digerir, mas virou um desafio: "eu tenho que ouvir esse disco de novo porque eu achei muito doido mas eu ainda não estou entendendo."

Douglas Leal (Deaf Kids): Conheci o Neurosis através do meu amigo Felipe Pato, de Volta Redonda, em meados de 2010, no auge dos meus 17 anos. Um dia ele convidou eu e o Marcelo (baixista do Deaf Kids) para cozinhar e trocar umas ideias na casa dele, e eu me lembro muito bem que nesse dia ele chegou em mim e disse: "Preciso te apresentar três coisas muito importantes pra você conhecer e escutar". Eram o Arise (1985), do Amebix, o The Ungovernable Force (1986), do Conflict, e o Through Silver in Blood, do Neurosis (com o qual meu primeiro contato foi aquele vídeo clássico da "Locust Star" no Ozzfest, sob comentários do tipo "Esse disco soa como se tivesse uns titãs gigantescos destruindo a porra toda/Chega a dar medo o negócio"). Eu, que já era atraído por coisas diferentes e estranhas, inevitavelmente fui impactado pela banda na época e nos anos que seguiram.

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Alessandro Soares (O Cúmplice e Noala): Ao revisitar minhas memórias sobre como conheci o Neurosis, lembro que a primeira vez foi através do Fúria Metal — extinto programa da MTV Brasil — em meados de 1996. Foi por volta desse mesmo ano que assisti ao clipe de "Locust Star". Não consigo dizer um disco favorito, ou elencar uma espécie de classificação sobre a produção deles, mas admito que as produções da década de 90 são muito inspiradoras e impactantes em diversos sentidos de construção musicas. Ultimamente, venho tendo uma relação mais próxima com o Times of Grace.

Disco favorito

Iggor Cavalera (Cavalera Conspiracy, Mixhell e ex-Sepultura): Putz, o que eu mais ouvi foi o Souls at Zero, com certeza. Gosto de todos, de várias fases, mas o que eu mais pirei… Eu lembro até de falar com um pessoal straight-edge na época e eles diziam: "O que eu mais chego perto de usar droga é ficar ouvindo esse disco em loop" (risos). Lembro que o vocal do Strife falou isso para mim e eu falei "Com certeza, cara". Ele falou que ouvir esse disco no loop umas três, quatro vezes em seguida é o mesmo que usar muita droga. Neurosis é foda, sou muito fã.

Andreza Poitena (Tuna): Conheci o Neurosis quando eu tinha uns 18 anos, mais ou menos em 1999, quando eles lançaram o disco Times of Grace (1999), que sempre foi meu favorito, talvez pela agressividade mais punk que esse disco traz musicalmente. Eu tinha duas bandas nessa época e o Neurosis me inspirou muito nas composições das músicas — as bandas eram o One Day Kills, uma banda só de garotas, e a outra o Out of Season. O Neurosis sempre esteve na minha playlist das tardes em que ficava lendo zines punks/anarquistas.

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Ana ‘Gehenna’ Ferreira Santos (ex-Austero): Falar da influência maciça dessa banda na formação musical de tanta gente e bandas que admiro levaria horas. Gosto de muitas músicas de vários discos, mas cronologicamente A Sun that Never Sets (2001) e The Eye of Every Storm (2004) são meus prediletos. Na época em que foram lançados estávamos completamente imersos nessas influências tanto na produção de música quanto nas estéticas de outros conteúdos.

Chita Augusto: Com certeza o Enemy of the Sun tem um valor da pesada pra mim e pode ser considerado o meu favorito, mas o The Eye of Every Storm tem me influenciado muito ultimamente.

Pierre de Kerchove: Meu disco predileto nem é o Enemy of the Sun. O Through Silver in Blood foi o meu Reign in Blood (1986) de certa forma… Acho que no Enemy of the Sun foi onde eles acharam a síntese do som deles, mas ainda era algo meio indomável. No Through Silver in Blood eles conseguiram controlar esses fluxos de intensidade sonora e domá-los com melodias mais marcantes. Meu som predileto nesse disco é "Aeon". Ele me leva numa viagem aos primórdios da formação da Terra. Explosões vulcânicas, tempestades e o surgimento da vida…é espiritual.

Neurosis ao vivo

Fabio Massari: Em 1994, em uma festa de aniversário da etiqueta do Sr. Biafra no Great American Music Hall, em San Francisco, topei com os gigantes (porque além de tudo é o que parecem quando estão no palco) de Oakland e o serviço estava completo — conversão absoluta e suprema às forças avassaladoras e transcendentes desse clã da pesada, recorrentemente seminal. Apresentação visceral com lightshow já bastante eficiente; ataques absolutamente brutais e os inebriantes momentos (bem fugazes nesses tempos) de contemplação — antes do apocalipse, pode esperar que ele chega.

André Barcinski: Vi a banda ao vivo várias vezes. Eu morava em Los Angeles e eles eram da região de Oakland, perto de São Francisco, e tocavam muito na Califórnia. Curioso que não os vejo ao vivo há quase 20 anos, mas tenho assistido a alguns shows no YouTube (em especial um na França, de 2013), e acho a banda muito melhor ao vivo agora. O som do Neurosis, hoje, é inclassificável: é uma espécie de progressivo-industrial, com passagens stoner e noise. Em suma, é bom demais.

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Pierre de Kerchove: Eu os vi há dois anos em São Francisco, Califórnia, na noite do Ano Novo. Foi apoteótico, fiquei atônito. Difícil de descrever. Na verdade, nem quero. Seria minimizar em palavras as sensações que a performance deles me trouxe.

Andreza Poitena: Fui em dois shows do Neurosis, um em 2007 em Londres, na Inglaterra, e o outro em 2011 em Dortmund, na Alemanha. Em 2007 estava fazendo um mochilão na Europa e em 2011 estava em tour com minha banda atual, o Tuna — nós mudamos um pouco a rotina da turnê para ir até o show do Neurosis. É um show incrível. Você fica tão envolvido com os vídeos atrás da banda e aquela música que é impossível não se imaginar em outro mundo, em sentir todo aquele lindo barulho entrando e mexendo com todos os seus sentidos.

Ana Gehenna: Foi uma surpresa muito boa saber que o Neurosis viria ao Brasil. Eu realmente não esperava! Em 2016, aos 35 anos, entrei em um avião pela primeira vez na vida para ver essa banda ao vivo (em Portugal, no Amplifest). Foi genial!

Erick Cruxen: Em 2010, pude ver dois shows deles em dias seguidos, no festival ATP Londres, com curadoria do Godspeed You! Black Emperor. Setlists maravilhosos e diferentes em cada dia. Lembro que chorei copiosamente quando tocaram "Locust Star".

Influência e importância

Iggor Cavalera: Acho que o Neurosis é uma das bandas mais subestimadas, de alguma forma. Porque os caras tinham uma coisa muito diferenciada. Tinha aquela coisa do crust, de punk crust mesmo, de verdade. E tinha também uma pegada de colocar uma identidade visual muito forte. Lembro que nesse show que a gente viu (uma apresentação que ele assistiu com o Mike Patton no início nos anos 1990), os caras tinham uns lençóis e tal, tocando em um lugar que cabia umas 50 pessoas, sei lá. Mas os caras estavam fazendo projeção na parada. Então era uma coisa que… ninguém ia pensar em fazer uma projeção. Eles levavam um cara só para ficar projetando aquelas imagens loucas em cima deles e o cara ficava soltando uns samples. Então essa visão deles era muito na frente de todo mundo. Nenhuma banda estava fazendo isso naquela época com esse estilo de música. Era meio que… sei lá, quase um Hawkwind, aquela coisa psicodélica, só que com um som totalmente diferente, não tinha nada de prog rock e essas coisas. Mas nesse lado, eu acho que o Neurosis tinha meio que essa psicodelia, do show ser meio que uma viagem.

Fabio Massari: É possível que nem o fã mais ardoroso pudesse prever que a banda se tornaria tão grande (relativo, claro) e importante (sem discussão); mas praticamente desde sempre ficou evidente que não se tratava de uma banda qualquer ou só mais uma banda boa etc. No caso do Neurosis, é o triunfo de uma banda única que forjou na raça seu próprio caminho e seu próprio lugar na história.

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Gustavo Vaz Gabriel: Conhecer o Neurosis foi um ponto de quebra crucial na minha forma de entender e fazer música. Para mim, que vim do hardcore, a sonoridade da banda ampliou a concepção sobre música pesada de forma que nenhuma outra banda conseguiu na época.

Andreza Poitena: Para mim, o Neurosis vai muito além de só uma música. Eles possuem uma postura forte politicamente, construíram o seu próprio selo, lançam seus próprios discos e as músicas que amam, levando a filosofia Do it Yourself no seu grau mais belo, o que faz da música do Neurosis cada vez mais caótica e inspiradora.

Douglas Leal: O Neurosis é uma das bandas que eu sentia que a cada álbum eles claramente evoluíam em relação à própria sonoridade — aquela banda estranha que parecia não pertencer (e nem querer pertencer) estava me mostrando que as possibilidades sonoras eram inúmeras. Me lembro de quando li em algum lugar sobre a postura da banda em relação a um modus operandis DIY, e isso foi algo com o qual eu pude me identificar afetivamente. Me lembro também de quando li sobre as influências, que iam de Crass, Amebix e Rudimentary Peni à Swans e Pink Floyd, e como isso está presente no som muito mais em essência e espírito do que diretamente referenciados — tudo isso, mais do que sonoramente em si, fizeram do Neurosis uma banda muito inspiradora pra mim.

Alessandro Soares: O Neurosis não é uma banda fácil de ouvir. É preciso depurar toda a proposta artística deles por conta da sua elaboração refinada. A preocupação que eles possuem com a construção das suas músicas e discos, enquanto uma forma narrativa, nos dá a impressão de ouvir algo bem imagético.

Chita Augusto: A partir da primeira vez que ouvi a banda, o Neurosis virou uma das principais influências na música pra mim, onde por exemplo a Frieza já estava tomando forma mas dali em diante seguimos procurando sair cada vez mais de qualquer tipo de padrão e experimentar sem medo de errar e conseguir nos expressar através de cada composição.

Renato Rios Neto: O Carahter surgiu muito inspirado no Neurosis, não só musicalmente, mas especialmente no sentido de ser uma banda que faz o que quer musicalmente e esteticamente e que é muito mais do que apenas música. Uma relação quase tribal, de pessoas que se conhecem e se amam muito, e que querem fazer música juntos. O Neurosis passa esse espirito e é algo que nos inspira desde o início.

Show no Brasil

Marcelo Papa: Não só eu, como a maioria dos meus grandes amigos, esperam há quase duas décadas por esse show. O fato de ser aqui do lado de casa, rodeado de gente que vem envelhecendo ao meu lado e que achou que jamais esse momento chegaria, já me arrepia dos pés à cabeça. Pode parecer romantismo demais pros dias de hoje, mas prevejo emoção coletiva e muitas lágrimas. Sem dúvida nenhuma é a banda que eu escolheria para fazer a trilha sonora da minha vida.

Renato Rios Neto: Eu tento fechar o meu olho e imaginar o show do Neurosis em SP. O que eu imagino é uma catarse coletiva. Imagino que a maioria do público serão pessoas que conheço há dez, vinte anos. Gente como eu, que cresceu ouvindo Neurosis e que nunca imaginou que ia ter a chance de ver. Só consigo pensar nisso, uma espécie de celebração ecumênica da música. Pessoas de todos os nichos do underground, celebrando a música e experiência do Neurosis. Certamente será muito mais do que um show.

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