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Um neonazi russo está construindo um império do MMA na Europa

"Ele parece estar conectado a quase todos os países da Europa através de suas lutas e atividade hooligan."
Mariana Miyamoto
Traduzido por Mariana Miyamoto

A foto parece qualquer outra típica de um encontro estranho entre fã e celebridade. Um cara machão, baixo e forte, com um sorriso forçado no rosto pra câmera no meio de dois sorridentes admiradores. Cada um deles com uma mão em suas costas e a outra fazendo a clássica pose de boxeadores.

Você está perdoado se não reconhecer o cara do meio: Ele não é um atleta profissional, uma estrela do cinema ou um músico. Pra maioria das pessoas, ele é virtualmente desconhecido. Mas pros dois californianos ao seu lado, que orgulhosamente postaram a foto em suas redes sociais, não restam dúvidas de que estão na presença de um ídolo: Denis Nikitin.

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Nikitin é um temido neonazista russo, hooligan, lutador de MMA, empreendedor e chefão da cena do MMA de extrema-direita, sobre o qual analistas dizem ser um dos mais perigosos movimentos direitistas crescentes no continente no momento. E é exatamente esse o motivo pelo qual esses jovens da Califórnia voaram até a Europa para conhecê-lo. Eles estavam em peregrinação para se encontrar com algumas das principais redes de extrema-direita do continente, e Nikitin era seu guia.

“Ele parece estar conectado a quase todos os países da Europa através de suas lutas e atividades hooligan,” Robert Claus, um pesquisador de extrema-direita que vive em Hannover, na Alemanha e seguiu Nikitin bem de perto, contou à VICE News.

As viagens dos dois jovens americanos, extensivamente documentadas nas mídias sociais, os levaram a um torneio neonazista de MMA na Alemanha; a um clube da luta de extrema direita na Ucrânia (seu lema: “Um de vocês vale mais que qualquer número deles”); e em Roma, à sede do movimento de extrema-direita CasaPound, uma organização que se vê como a moderna descendente dos fascistas de Benito Mussolini.

A viagem, com sua visão íntima da cena underground da extrema-direita europeia, foi um ponto alto na vida dos jovens americanos, mas para Nikitin foram apenas dias normais de negócios.

Se aproveitando da crescente popularidade das artes marciais mistas e seu apelo à cena hooligan de extrema-direita, Nikitin construiu um forte império nacionalista de MMA em toda a Europa, com conexões que vão da Rússia à Grã-Bretanha. A rede da Nikitin continua em expansão, disseram os analistas à VICE News, em grande parte graças ao seu sagaz uso das mídias sociais e ao apelo de sua marca de streetwear, a White Rex. Em suas raras entrevistas, Nikitin frisou sua ambiciosa visão pra White Rex como uma marca de streetwear abrangente – um tipo de Nike para nazis – que promove sua velha, e feia ideologia como algo forte, saudável e ambicioso.

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“Sua narrativa é muito violenta, explicitamente neonazista. Ele fala sobre o retorno dos homens brancos, a ‘reconquista’ do espaço dos homens brancos agora ocupados por refugiados e imigrantes,” Pavel Klymenko, um pesquisador de Londres dos movimentos de extrema-direita na cena do futebol, disse à VICE News.

O movimento, segundo analistas que monitoraram a ascensão do cara de 34 anos de idade, está tornando hooligans racistas em lutadores durões inseridos em uma espécie de guerra de ideologia racial que transcende as fronteiras europeias e movimentos políticos. Klymenko disse que a rede underground transnacional, baseada em violência de Nikitin permitiu que ele criasse “quase que uma célula terrorista.”

A marca

A chave do sucesso de Nikitin é o trabalho que tem feito fora dos rings com a White Rex, o nome com o qual ele promove tanto seus eventos de MMA quanto suas roupas e seu “lifestyle” branco nacionalista.

Os dois ramos de seus negócios cresceram simbioticamente desde que ele lançou a marca na Rússia há 10 anos, gradualmente estabelecendo a White Rex como a marca preferida dos esportistas brancos nacionalistas de esportes de combate e da cena de futebol hooligan. Nos últimos anos, o logo da White Rex – um cavaleiro vestindo um capacete envolto pelo “sol negro’, um símbolo ocultista adotado pelos naonazistas – se tornou comum em academias, clubes de luta e arquibancadas de futebol na Europa.

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O espírito da marca, expresso nos slogans espalhados em suas roupas e on-line, defende a necessidade do retorno de uma masculinidade agressiva na Europa – o “espírito guerreiro” – para resgatar o ocidente do que Nikitin enxerga como culturas imigrantes inferiores e dos valores degenerativos da esquerda. A White Rex rejeita a sociedade moderna – seu relativismo, consumismo, hedonismo – em favor de reviver militarmente sua visão da masculinidade tradicional: conservadora, straight-edge, e descaradamente racista.

“Ele tem uma forte presença nas mídias sociais, e vende não apenas suas roupas mas uma grande história por trás delas,” diz o pesquisador da direita Klymenko. O Tumblr da White Rex contém imagens com o significado de White Rex, “ White Heterosexual Reactionary Xenophobe” (Branco Heterossexual Reacionário Xenófobo); uma outra imagem mostra um chaveiro de suástica bem mal disfarçado. Em seu Instagram pessoal, Nikitin recentemente postou uma foto de Adolf Hitler em homenagem ao seu aniversário, enquanto na página do Facebook da White Rex declarou suporte para o chamado “14 words” – o slogan supremacista branco sobre “garantir o futuro da raça branca.”

As camisetas da White Rex – vendidas por volta de $30 nos eventos de MMA de Nikitin e em lojas online específicas de merchandise nacionalista branco – contém slogans como “Ultraviolence,” “Warrior spirit,” “Tomorrow belongs to us.” Uma estampa contendo a frase “The only friends you have,” retrata um menino andando ao lado de um soco-inglês e uma faca antropomorfizados. Até ser derrubada na semana passada, o merch da White Rex era vendido diretamente na página do Facebook, que tinha quase 13 mil seguidores.

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A linha de produtos da White Rex vai além de roupas, incluindo machadinhas e adesivos para iPhone; a marca tem inclusive uma divisão, a Vandals, pra quem curte umas aventuras ao ar livre e que deseja levar seu nacionalismo branco aos topos das montanhas.

Nikitin recusou o pedido da VICE News para uma entrevista, dizendo por e-mail que ele “decidiu encerrar qualquer tipo de cooperação com jornalistas” visto que ele estava “cansado de suas reportagens tendenciosas, suas besteiras e sua falta de profissionalismo.” Mas em suas entrevistas anteriores, ele frisou sua visão sobre a marca.

“Eu tenho um mandato global, e preciso cobrir todos os elementos da vida moderna,” Nikitin disse em uma entrevista ao site hooligan ucraniano Troublemakes, no ano passado. “Essa é uma atitude alternativa rumo à vida que quero atingir os cem por cento, com roupas, torneios, nutrição esportiva, academias fitness.

Depois na mesma entrevista, em resposta a uma questão sobre o apelo da marca ele foi mais fundo: “Por que tem garotos fazendo tatuagens da ‘White Rex’ e de nenhuma outra marca?’ Você não pode ter uma tatuagem da ‘Nike’ ou da ‘Adidas’ a não ser que você seja um idiota,” ele disse. “Mas se você associa uma certa filosofia à marca – como a camaradagem, o respeito, a força, a solidariedade, a honra, o heroísmo – aí então podemos usar nossos vídeos e eventos para trazer as pessoas mais pra perto de nossas ideias.”

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O poder da marca fica mais evidente ainda na popularidade de seus eventos de MMA.

“É atraente para os neonazistas porque eles podem exercitar sua violência lá – técnicas, atletismo, como treinar, que tipo de nutrição eles precisam.”

Começando com pequenos eventos em pequenas e retrógradas cidades russas – Voronezh, Lipetsk e Novorossiysk – e lutadores, ele diz, tirados do futebol hooligan ou meninos patriotas que queriam aumentar seus poderes,” Nikitin afiou sua fórmula antes de levar seus produtos ao maiores centros como Moscou e São Petersburgo. Em 2012, a White Rex realizou seu primeiro torneio fora da Rússia, na capital da Ucrânia, Kiev, e desde então expandiu rumo ao ocidente, realizando torneios em países como Itália, Hungria, França, Alemanha, e Grécia a partir de 2013.

Os torneios geralmente são realizados em parceria com partidos políticos de extrema-direita (o neonazista NPD na Alemanha, o CasaPound na Itália) e gangues brancas nacionalistas como os Hammerskins, ligando as cenas dos violentos hooligans de extrema-direita e combates a movimentos políticos extremos e elementos criminais. Desde seu início sombrio, os eventos se tornaram mais bem produzidos – com telas gigantes, “ring girls” seminuas e dançarinas, e bandas de rock. Eles são promovidos através de vídeos no YouTube, evidenciando a cena crescente de MMA de extrema-direita que tem atraído racistas com propensão à violência que querem se tornar lutadores melhores.

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“É atraente para os neonazistas porque eles podem exercitar sua violência lá – técnicas, atletismo, como treinar, que tipo de nutrição eles precisam,” disse Claus.

O objetivo por trás dos torneios, Nikitin disse ao site ucraniano, foi "aumentar o alcance da minha marca pra levar a luta a um novo nível".

“Por que eu realmente criei os torneios? Para que os atletas que atuam mais em segundo plano possam adentrar nosso mundo, no mundo das nossas ideias ”, disse ele. “Para alguns, é apenas um ring; para outros, são novas pessoas, novos contatos, novas ideias e assim por diante. As pessoas se envolvem com idéias e atingem outro nível de desenvolvimento. ”

Klymenko, que trabalha como oficial de desenvolvimento da Europa Oriental para a Fare, uma rede de grupos criada para combater a discriminação no futebol, disse acreditar que Nikitin estava no comando de um dos grupos por trás dos confrontos em Marselha; ele o reconheceu como o homem mascarado, identificado como um dos líderes por trás da violência, entrevistado em um documentário da BBC de 2017.

“Eu acertei um cara na cabeça. Se você imaginar um chute de pênalti, eu chutei um bom pênalti,” se vangloriou o homem, que foi identificado no documentário como “Denis,” um hooligan russo, lutador semi-profissional de MMA, e que vestia uma camiseta da White Rex.

Em entrevista ao The Guardian no começo deste ano, Nikitin também admitiu ter cometido ataques violentos rotineiros contra minorias com seus colegas hooligans.

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“Eu geralmente dizia aos caras, ‘OK, quem quer chutar uns imigrantes?’” ele disse ao jornal britânico.

Para observadores, o alto status de Nikitin no mundo hooligan faz com que ele seja a melhor ponte entre a cena russa – geralmente vista como a mais radical do mundo, em termos de violência e extremismo dos políticos de extrema direita – e aqueles mais a oeste do continente. Esforços anteriores para colaboração nessa região falharam, ironicamente, devido ao racismo da extrema direita da Europa Ocidental em relação aos seus vizinhos eslavos.

“Nikitin parece ser capaz de superar isso, por causa de sua história e sua ação nos esportes de combate,” disse Claus.

Fluente em russo, alemão e inglês, a posição de Nikitin faz com que ele discurse regularmente em torneios e outros eventos do calendário da extrema direita. Em 2014, ele discursou no Iona London Forum, na capital britânica, e em julho fez um discurso em um festival neonazista com a presença de 6.000 pessoas na cidade alemã de Themar.

“Minha maior preocupação são suas visões neonazistas explícitas, e que pessoas que estejam ao seu redor podem ser responsáveis por ataques às minorias étnicas.”

“Ele é como um embaixador: Ele vem e promove suas ideias,” diz Marvin, um lutador amador de MMA de 31 anos do estado de Brandenburg, na Alemanha, que é membro do grupo ativista germânico “Down from the mat,” criado em resposta à crescente influência de neonazistas no esporte. (Ele não quer divulgar seu sobrenome devido ao risco que corre ao estar monitorando e desafiando extremistas de direita.)

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“Ele reune os lutadores ao seu redor e diz, ‘São tempos difíceis; nós precisamos ir além das fronteiras, precisamos nos unir e nos defender, defender nossa herança, nossas mulheres.’ O que é muito importante é esse ideal pan-europeu.”

Organizers of the “Shield and Sword” Festival sought to fuse extreme right-wing politics with the MMA subculture. Nikitin's White Rex was one of the sponsors of an MMA tournament at the festival, held on Hitler's birthday in the town of Ostritz, Germany. Roman Kutzowitz for VICE News.

Klymenko considera Nikitin uma das figuras mais perigosas do ressurgimento da extrema direita europeia, cujos movimentos interconectados à sua oposição à imigração e ao islamismo, tem reformulado dramaticamente a política do continente nos últimos anos.

Um dos movimentos mais bem-sucedidos tem sido o Identitarians, um movimento focado nos jovens que é geralmente descrito como a versão européia da direita alternativa. Como a rede de Nikitin, os Identitarians - amplamente conhecidos como a extrema direita hipster - têm procurado redefinir sua ideologia como algo que seja “tendência”, disse Klymenko.

“A segunda preocupação é que ele está construindo uma rede internacional de neonazistas, amplamente desenvolvida em toda a Europa, quase como uma célula terrorista.”

Mas eles diferem em aspectos significativos, ele disse. Enquanto os Identitarians geralmente tentam mascarar a feiura de sua ideologia com a retórica de defender a identidade européia, Nikitin expõe uma xenofobia sem enfeites. Seu trabalho, no qual ele essencialmente atua como "um treinador para ser um guerrilheiro urbano", foi realizado "no underground, raramente visível aos olhos do público".

“Minha maior preocupação são suas visões neonazistas explícitas, e que pessoas que estejam ao seu redor podem ser responsáveis por ataques às minorias étnicas.” diz Klymenko.

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“A segunda preocupação é que ele está construindo uma rede internacional de neonazistas, amplamente desenvolvida em toda a Europa, quase como uma célula terrorista. Você não consegue adivinhar o que eles estão planejando – você apenas sabe que eventos estão acontecendo, pessoas estão se juntando. Não tem uma agenda pública. Você não sabe sobre suas verdadeiras ambições… mas a ameaça está aí.”

Os fãs

Essa ameaça, aparentemente, agora se estende pelo Atlântico.

Nikitin se orgulha de que sua mensagem de nacionalismo branco militante está atraindo admiradores de fora da Europa. Nos Estados Unidos, onde Nikitin expandiu seu alcance através do uso das mídias sociais, seu movimento parece ter gerado imitadores.

"Há uma imitação clara, ou reverência, da White Rex", Joanna Mendelson, pesquisadora sênior do Centro de Extremismo da Liga Anti-Difamação, disse à VICE News.

Ela está falando sobre o Rise Above Movement (RAM) – um violento grupo supremacista branco de dedicados entusiastas de artes marciais mistas que estão treinando para “garantir o futuro” da raça branca nos Estados Unidos, de acordo com a Liga Anti-Difamação. Desde a emergência do grupo californiano no ano passado, seus membros tem estado envolvidos em ataques a oponentes políticos em rallis pelos EUA, desde Berkeley ao infame rally Unite the Right em Charlottesville.

Mendelston disse à VICE News que desde sua fundação, a retórica do grupo tem refletido de perto os mais consagrados White Rex, “ao ponto que pensei ‘esse é o mesmo grupo’.”

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As crescentes ligações entre o network europeu de Nikitin e seus imitadores americanos ficaram evidentes em um festival que aconteceu na vila de Ostritz, na Alemanha Oriental, em abril, onde mais de mil neonazistas se reuniram para para celebrar a ideologia de Adolf Hitler em seu 129º aniversário.

O evento contou com um torneio de MMA patrocinado pela White Rex. Grupos de monitoramento da extrema direita dizem que, junto com Nikitin, compareceram cerca de 20 lutadores de países como Alemanha, Suíça, França, Áustria, República Tcheca - e pela primeira vez, Estados Unidos, na forma de uma pequena delegação do RAM.

Por e-mail, um membro do RAM que se identificou como Rob, disse à VICE News que sua presença em Ostritz foi um “grande passo” – um marco importante no objetivo declarado do grupo de "preencher a lacuna entre as duas cenas nacionalistas" e promover sua relação com a rede de Nikitin.

“Esses eventos não são sobre ganhar ou perder. É sobre mostrar que se tem um espírito guerreiro, assim como tinham nossos ancestrais,” ele escreveu.

“Quanto à White Rex e todas as grandes coisas que a organização fez, como incentivar os jovens a serem mais do que consumidores e viciados irracionais como o resto da sociedade atual, não posso dizer muito mais que eles têm o nosso total apoio”, ele disse. “Dennis [sic] é um cara forte; Não vejo falhas nele.”

O “Rob” que respondeu à VICE News não elaborou muito mais sobre a viagem do grupo, ou se ele era Robert Rundo ou Robert Smithson, os dois membros do RAM que foram ao torneio em Ostritz. (Ele alegou que a VICE era "hostil" com pessoas brancas, citando um anúncio do quadro da VICELAND "Desus and Mero", que traz o slogan "Reduce White Guilt Today". "Que tipo de mensagem é essa para crianças brancas?" “Talvez o alto número de overdoses e suicídios esteja relacionado à crescente privação de direitos deles.”)

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Mas os registros da viagem do RAM em suas mídias sociais, que contaram com inúmeras aparições de Nikitin, deixaram uma clara imagem dos laços construídos e fortificados em sua peregrinação europeia. Uma das fotos exibia Rundo com o logo da White Rex tatuado em sua canela. O grupo tuitou, junto com uma foto de Nikitin, “esperamos que um dia nos Estados Unidos possamos ter algo ao menos próximo dos eventos e torneios que a White Rex promove.” E Nikitin devolveu a admiração, postando no Instagram uma foto de Michael Miselis, um engenheiro aeroespacial de 29 anos da Califórnia, que foi demitido da empresa de defesa Northrup Grumman depois de ser revelado como membro do RAM no início deste mês, tornando-se uma causa célebre para o grupo. "Quando dizemos IRMANDADE, é isso que a gente quer dizer!", dizia a legenda de Nikitin.

Essas cada vez mais profundas conexões, diz Mendelson, provavelmente tornaram o RAM um pouco mais ameaçador. Este ano, ela diz, o grupo já evoluiu ainda mais no conceito da White Rex. Como um sinal de sua crescente audácia, os membros do grupo saíram de trás das máscaras que usavam para disfarçar suas identidades na internet; o grupo também lançou sua própria marca de streetwear de extrema-direita e sua loja online - vendendo itens da White Rex, naturalmente, junto com outras importantes marcas europeias de extrema-direita.

“Sabemos que a troca de ideologias odiosas encoraja e energiza esses grupos”, disse ela. "Isso ajuda a fortalecer sua ideologia."

Nikitin não só promove torneios de MMA e vende camisetas e ideologia de extrema-direita para seus seguidores – ele também os treina para lutar. Nos últimos anos, ele deu treinamento de combate à extremistas de direita britânicos em campos de treinamento estilo paramilitar no País de Gales; em 2016 ele treinou membros do PNOS, o Partido Nacionalista Suíço que anteriormente foi classificado pela polícia federal do país como um grupo extremista, ostensivamente para que pudessem se defender de refugiados. Nikitin também fez seminários sobre lutas com facas – uma disciplina que ele considera ser “uma habilidade vital para todos nós – jovens e orgulhosos, que estão dispostos a defender nossas ruas,” de acordo com o site da White Rex.

“O que é tão perigoso sobre ele é que ele oferece essa mistura especial de treinamento de combate fascista, junto com um evento cultural para hooligans que querem praticar um esporte de combate,” diz Claus. “Uma rede europeia de hooligans socialistas nacionalistas, com seminários de Nikitin sobre uso de armas, é um negócio bastante perigoso.”

Para Nikitin, violência nunca foi algo que tomasse lugar no ring. Ele é um veterano com 12 anos de participação em uma cena de futebol hooligan ultraviolento da Europa, cujos membros vão de partida em partida, procurando brigas de rua, arranjadas ou espontâneas, com seus rivais. Analistas dizem que ele é um membro dos principais grupos hooligan da Alemanha, para onde sua família se mudou quando ainda era jovem, e em Moscou, para onde sua família retornou no final dos anos 2000.

De acordo com alguns relatos, Nikitin pode ter sido o líder de um dos mais infames episódios recentes de violência hooligan no cenário internacional, quando grupos coordenados de torcedores russos massacraram um contingente muito maior de torcedores ingleses na cidade francesa de Marselha, deixando dois ingleses em coma e outro com os tendões de Aquiles cortados.

Em sua entrevista ao site ucraniano, Nikitin admitiu ter feito parte dos violentos confrontos, que aconteceram durante o European Championship em junho de 2016, dizendo que seu grupo de hooligans “provou ser o mais enérgico e poderoso grupo” no conflito.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News.

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