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Cerveja feita por mulheres leva o nome de Heloísa Buarque de Hollanda

A acadêmica é a quinta mulher a ser homenageada pela Goose Island.
cerveja
Imagem: Divulgação/Renata Monteiro.

Faz tempo que cerveja deixou de ser uma paixão exclusiva do público masculino. Para celebrar a união feminina, a paixão pelo universo cervejeiro e mulheres ilustres do Brasil, uma confraria formada por mulheres lançou o rótulo Helô por meio da marca Goose Island no último domingo.

Helô é uma homenagem a acadêmica e pesquisadora brasileira Heloísa Buarque de Hollanda e é também o quinto rótulo lançado pela iniciativa, batizada de Sisterhood. Além de Hollanda, no ano passado foram homenageadas a escritora Carolina Maria de Jesus, a primeira engenheira mulher do Brasil Enedina Alves Marques, a educadora Nísia Floresta e a artista Luz del Fuego. Além de relembrar grandes nomes femininos que costumam ser esquecidos pela história, o projeto também quer trazer para o público discussões sobre empoderamento da mulher e sexismo.

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A ideia da Goose Island foi criada por Beatriz Ruiz, gerente de conhecimento cervejeiro da Ambev. "Queria muito fazer isso", conta Ruiz. "Trabalho com cerveja há quase sete anos e sei que é um universo masculino. Embora a Ambev ter muita mulher fazendo cerveja, quem domina as micro cervejarias ainda são homens ." Com isso, Beatriz convidou a arquiteta e urbanista Stephanie Ribeiro, as cervejeiras Laura Aguiar, Marina Bonini Pascholati e Herika Mouta, a professora Simone Gomes da Silva, as curadoras de conhecimento Michele Okuhara e Christiana Pegoraro Marin e a atriz Thamiris Dias para ajudarem no processo artesanal da produção das cervejas.

Imagem: Divulgação/Renata Monteiro.

"Minha ideia também era de trazer cada vez mais mulheres pro meu universo, por isso chamei pessoas de áreas diferentes justamente para ter essa troca. É um espaço nosso para fazer cerveja, discutir sobre e também acabamos criando uma comunidade grande em volta da confraria", conta a gerente.

Além das homenagens, a cada rótulo criado o 100% do lucro é revertido para instituições voltadas as causas feministas. Desde o lançamento ano passado, as instituições Think Olga, Coletivo Di Jejê, Maria Lab, Maravilhosas de Corpo e Baile e o Complexo das Mulheres da Maré -- escolhida pela própria Heloísa.

Aliás, Heloísa foi a primeira mulher viva a ser homenageada pela iniciativa. A acadêmica gravou um vídeo para as convidadas no lançamento do seu rótulo agradecendo a homenagem e também relatando casos de machismo que sofreu na academia quando era jovem e, com humor, disse que se tivesse o conhecimento que tem hoje em dia e o alcance da internet comemoraria tomando uma cerveja.

Longe de cair em clichês de cervejas ditas "femininas", a confraria produziu uma variedade de cervejas que condizem com a personalidade da mulher homenageada ou com a causa escolhida a ser discutida. No caso de Helô, elas optaram por uma New Englad IPA, conhecida pelo sabor amargo e o aroma adocicado, além de ser turva. "Escolhemos essa justamente por ela não deixar você enxergar o que tem no copo, o que casou com o tema do sexismo benevolente que escolhemos discutir. São as pequenas coisas do machismo que não enxergamos, que não são violentas e nem hostis", explica Ruiz.

Até o final do ano, a Goose Island pretende lançar mais três rótulos com grandes nomes femininos do Brasil com a curadoria da confraria de mulheres.

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