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Parece cocaína, e é cocaína mesmo: Bolsonaro no G20

Sargento denunciado por tráfico de drogas, puxadas de orelha no Japão, bijuterias e muito mais.
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Bolsonaro mostrando as maravilhas do nióbio. Foto: Divulgação/Facebook.

A ida do presidente Jair Bolsonaro ao Japão para o G20 começou dando problema logo na saída. Na terça-feira (25), um segundo-sargento que compunha a comitiva do presidente para o evento foi detido pelas autoridades aduaneiros em Sevilha, Espanha, por conta de um pequeno problema. Mais especificamente, por causa de 39 kg de cocaína que o sargento transportava para o país em sua bagagem. Recapitulando: o sargento que estava oficialmente viajando em um avião da Força Aérea Brasileira como parte da equipe do presidente da República foi detido por transportar quase quarenta quilos de cocaína na bagagem.

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A cocaína, vale dizer, não viajou no mesmo avião que Bolsonaro. Este viajou na noite do mesmo dia, depois que publicar no Twitter uma nota oficial afirmando que “caso seja comprovado” o transporte de entorpecentes, o militar será “julgado e condenado na forma da lei”.

Perguntado sobre o ocorrido (leia-se: suspeita de tráfico internacional de drogas), o vice-presidente Mourão talvez fez a descoberta mais significativa da história da guerra às drogas até hoje ao dizer em uma entrevista que o sargento provavelmente levou 39 kg na sua bagagem por motivos financeiros. “É por dinheiro,” disse. “(…) Então você sabe que o dinheiro é algo… o vil metal corrompe. A pessoa tem que ser muito forte mentalmente, muito ciosa dos seus valores e dos seus deveres para não ser corrompida".

Já General Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, se irritou com as exigências sobrenaturais exigidas ao seu cargo e disse não ter “uma bola de cristal” para prever que um membro da comitiva entraria um avião da Força Aérea Brasileira com muita cocaína. Que bom que não era uma bomba.

O militar carreirista que levava a cocaína (cuja quantidade ser suficiente para viajar no tempo direito para os anos 1980) é Manoel Silva Rodrigues de 38 anos. A destreza do sargento foi inclusive apontada pelos agentes espanhóis. "Pacotes de cocaína não estavam nem camuflados na roupa," disseram. O militar está preso em uma cela de 18m² na Sevilha e já foi descolado de qualquer envolvimento com a equipe presidencial. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), Rodrigues fazia parte da tripulação que ficaria em Sevilha e não seguiria com Bolsonaro para o Japão.

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Já foi determinada a instauração do Inquérito Policial Militar (IPM) seguindo o Código Penal Militar (CPM) que prevê a impressionante pena de 5 anos para tráfico de drogas. Já foi também estabelecido sigilo nas investigações.

Enquanto isso, no Brasil, Carlos Bolsonaro finalmente apareceu na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro para trabalhar um pouquinho. Vamos conferir:

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, continua sendo o ministro da Educação do governo Bolsonaro:

E não sabe o que significa acepipes:

Eduardo Bolsonaro descobriu que certos tuítes envelhecem mal:

O Twitter do Eduardo Cunha segue sendo o mais próximo que temos do Nostradamus do século XXI:

Voltando ao G20. Em menos de 24 horas, Bolsonaro levou chulapadas à distância de dois países. Na quarta-feira, ainda em Berlim, a premiê alemã Angela Merkel disse em uma reunião no Parlamento que considera “dramática” a situação do Brasil no tocante à medidas para proteger o meio ambiente. No entanto, Merkel disse que isso não a impediria de continuar com as negociações no tratado UE-Mercosul.

Bolsonaro, no Japão, sentiu. À caminho do hotel em Osaka, cidade onde o G20 está rolando, o presidente disse que não viajou pra levar puxão de orelha.. "Nós temos exemplo a dar à Alemanha sobre meio-ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil, vem parte do carvão. E a nossa não. Eles têm muito a aprender conosco", disse o chefe de Estado de um país que produz em larga escala um agrotóxico que causa a diminuição de pênis.

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O ouvido do nosso presidente das flexões de braço mal executadas nem terminou de esquentar quando chegou a vez de Emmanuel Macron, presidente da França, criticar o Brasil e ameaçou não assinar o tratado UE-Mercosul caso o país não repensar suas políticas do meio-ambiente. No encontro de 30 minutos entre os líderes, considerado “amigável”, o presidente reforçou que Bolsonaro continuasse no acordo de Paris.

Sob uma chuva de críticas, Bolsonaro finalmente provou que existem, sim, os dias de luta, mas que também existem os dias de glória:

Bolsonaro encontrou nesta sexta-feira (28) com o seu espírito animal, o presidente dos EUA Donald Trump, em uma reunião rasgada de elogios e papos legais sobre Venezuela, acordos econômicos, a guerra comercial entre EUA e China e futuras visitas de Trump para o Brasil.

No mesmo dia, houve uma reunião entre os líderes da Rússia, China, Índia. Outrora, chamávamos essa reunião de BRIC, visto que o Brasil costumava estar nisso aí. No entanto, ficamos só com o shade da Embaixada da Rússia.

Antes do dia cheio que o presidente teve hoje, Bolsonaro cumpriu seu compromisso com o povo brasileiro e gravou um vídeo ontem (27) exaltando as maravilhas do nióbio. O aumento de investimento na exploração deste metal é defendida pelo presidente desde sua campanha eleitoral em 2018. No vídeo, Bolsonaro mostrou colares e talheres no melhor estilo Medalhão persa, porém sempre frisando que menino veste azul e menina veste rosa.

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“Temos aqui um pequeno cordãozinho. Ele é azul, mas tem de várias cores, de acordo com a têmpera do nióbio. A vantagem disso, em relação ao ouro, primeiro são as cores, que variam, e ninguém tem reação alérgica a nióbio. Alguns têm a ouro. Às vezes a mãe põe um brinquinho na orelha da menina. Menina, para deixar bem claro,” disse o presidente.

No Brasil, tudo parece ainda manter a mesma normalidade.

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