VICE entrevista Julien Temple

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VICE entrevista Julien Temple

O cineasta inglês falou sobre cinema, fracasso e música.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE UK.

O cineasta nascido em Londres Julien Temple provavelmente é mais conhecido por imortalizar algumas das bandas e músicos mais amados do Reino Unido no cinema.

Em 1970, Temple era um estudante de cinema vivendo numa ocupação em West London quando topou com quatro caras que lembravam "insetos demônios do espaço sideral", assassinando uma música do Small Faces num galpão em Rotherhithe. Aqueles insetos demônios usando macacões de lã na verdade eram os Sex Pistols, e, apesar de ainda não terem feito o primeiro show, Temple soube que tinha visto "o futuro" e que precisava filmá-los.

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The Great Rock n Roll Swindle, lançado na primavera de 1980, se tornou o primeiro de muitos filmes que Temple faria com os Sex Pistols. Focando principalmente no empresário da banda, Malcolm McLaren, o filme conta a ascensão e queda dos Sex Pistols com uma mistura de animação, entrevistas e shows ao vivo. Foi o filme de estreia de Temple e não só lançou sua carreira como cineasta, mas o ajudou a se tornar um pioneiro dos videoclipes. Vinte anos mais tarde, Temple voltaria aos seus temas com o lançamento de O Lixo e a Fúria, um documentário contando a história dos Sex Pistols, dessa vez da perspectiva da própria banda.

Leia também: "Julien Temple filmou a explosão dopunk britânico"

The Kinks e The Clash também receberam o tratamento Temple, mas ele não se interessa apenas por filmar biografias de bandas. Em 2002, Temple começou a trabalhar num documentário sobre Glastonbury, projeto no qual aborda toda a história do festival, de 1970 a 2005. Mais recentemente, Temple resolveu usar sua cidade como tema, lançando o filme/colagem London: The Modern Babylon em 2012.

E, claro, temos Absolute Beginners. Uma adaptação do romance de mesmo nome de Colin Macinnes, o musical de Temple era um projeto ambicioso desde o começo, que só pode ser descrito como tendo um elenco eclético — David Bowie estrelava ao lado de gente como Lionel Blair, Patsy Kensit e Sade. O filme foi caríssimo e um tremendo fracasso comercial e de crítica. Depois do lançamento, Temple entrou "num período muito sombrio" e se mudou para os EUA.

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Ainda assim, o tempo cura tudo, e Temple está ressuscitando Absolute Beginners, um clássico cult, em DVD para o aniversário de 30 anos da produção. Batemos um papo rápido com o cineasta por telefone enquanto ele comprava sopa para o almoço.

VICE: Qual foi seu primeiro endereço de e-mail?
Julien Temple: Ah, porra. Acho alguma coisa emocionante tipo julientemple@virgin.net. Nada engraçado.

O que seus pais preferiam que você tivesse escolhido como carreira?
Colocar maçanetas em portas de carro em Dagenham Ford, para ver como a outra metade do país vive.

Qual foi sua pior fase?
Imediatamente depois que Absolute Beginners foi incinerado pela crítica.

Quantos livros você realmente leu e terminou ano passado? Não vale mentir.
Uns dez eu realmente terminei. Mas comecei vários que parei no meio. Estou procurando coisas para um projeto no momento, e estou muito frustrado por não poder terminar todos. Li muito sobre Cuba este ano, e muito sobre Keith Richards. Estou lendo coisas sobre ele para um projeto [um novo documentário sobre o músico dos Rolling Stones que acabou de ser anunciado].

Quantas pessoas já se apaixonaram por você?
Você tem que perguntar pra elas. É difícil dar um número, mas não muitas. Espero que minha esposa ainda esteja.

Quem você acha que é a pior pessoa no Twitter?
Provavelmente eu; sou péssimo de Twitter.

Qual foi o ferimento ou doença mais nojento que você já teve?
Fiquei com um estigma na mão depois de dormir num sofá de junco no jardim uns anos atrás. Acabei cortando a mão na quina. Não doeu tanto, mas o corte era espetacular.

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Qual o mais perto que você chegou de ter um stalker?
Bom, tenho uma cópia de Stalker em laser disc, uma em DVD e agora em Blu-Ray — é meu filme favorito. Mas um stalker da vida real? Não que eu saiba. Não fico olhando para trás.

Radiohead é realmente uma bosta?
Às vezes sim, com certeza. Mas nem sempre. Ainda não tive tempo de ouvir o novo disco deles, mas vi um show bem ruim um tempo atrás no Glastonbury. Foi um momento bem caído.

Quando você finalmente tirou sua carteira de motorista, para onde você foi?
Bom, na minha primeira prova de direção, subi uma rua na contramão. Mas quando passei, fui para um pub — onde mais?

De um a dez, quão bom de cama você acha que é?
Er, eu poderia praticar mais.

Do que você tem mais orgulho na sua carreira?
Ter sobrevivido a Absolute Beginners, provavelmente. É difícil peneirar os pontos altos dos baixos. Tenho orgulho do London: The Modern Babylon — fiz esse filme pro meu pai.

Você já abandonou uma reunião no meio?
Nunca, mas já vi pessoas fazerem isso. Presenciei alguns momentos espetaculares — Ray Davies é ótimo nisso.

Você se arrepende de alguma coisa na vida?
Arrependimentos? São muitos para dizer apenas alguns.

O que você comeria na sua última refeição?
Uma fatia de pão com manteiga de amendoim.

Em qual foto, tirada recentemente, você acha que está bonito?
Eu estava fazendo uma edição numa sala em Denmark Street e estava tão frio que a gente teve que vestir cuecas de plástico bolha. Colocamos várias camadas de plástico embaixo da roupa. Tenho fotos ótimas desse dia.

Sem jogar no Google, você consegue explicar as bases do aquecimento global?
Ganância.

Tradução: Marina Schnoor

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