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Música

A Transformação Rock ‘n’ Roll do Tycho

O produtor nos falou sobre aprender a tocar guitarra, trocar o design gráfico por vídeo e tomar café com o Deadmau5.
Foto cortesia de Reuben Wu.

No disco mais recente do Tycho, Awake, Scott Hansen mudou o seu suave eletrônico ambient para um clima mais pós-rock shoegazer. Camadas de guitarras processadas, baixo elétrico e baterias acústicas tomaram o lugar dos sintetizadores e baterias eletrônicas que costumavam dominar suas músicas. Ele também transformou seu show ao vivo em algo mais próximo de uma banda convencional incluindo três músicos de apoio no palco.

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Nos encontramos com Scott para um café na manhã do dia de seu show em Toronto no The Hoxton para falar sobre aprender a tocar guitarra, trocar o design gráfico pela vida num ônibus de turnê, e por que o Deadmau5 postou um vídeo deles indo tomar café num Purrari.

THUMP: Agora que o Tycho está em turnê como uma banda completa e as guitarras estão em primeiro plano, ainda faz sentido chamar o que você faz de música eletrônica?
Scott: Ouço muito indie rock, e não vejo muita diferença entre isso e o que estamos fazendo, fora a falta de vocais. Temos, sim, uma grande inclinação pro mundo dos sintetizadores, mas se você ouvir bem as músicas, a estrutura de muitas delas é o baixo elétrico, guitarra e bateria acústica.

Mas, por outro lado, o Deadmau5 apareceu no seu show ontem à noite.
Sim, estamos nos falando há um tempo. Inclusive, acho que vou pra casa dele depois daqui.

Você se vê fazendo música com ele em algum momento?
Já falamos sobre isso. Sempre estou aberto à colaborações e tem sido sempre divertido encontrar novas possibilidades. Nós já trabalhamos juntos, na verdade, numa proporção menor em coisas que ainda não saíram. Fiz um remix pra ele há um tempo, mas a faixa ainda não viu a luz do dia.

O que te levou a rumar com seu som pra uma direção menos eletrônica?
Cheguei tarde na música através da eletrônica, sintetizadores e computadores, e só depois fui aprender a tocar guitarra. Sempre caminhei pra essa direção, no entanto. Pra mim o lado tecnológico foi só minha porta de entrada. Sempre quis misturar as coisas todas, mas primeiro precisei encontrar as pessoas certas e reunir o time certo pra fazer o disco que eu vislumbrei.

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Houve alguma razão pra você não ter iniciado os estudos de guitarra quando começou a fazer música?
A música costumava ser uma coisa estrangeira e inacessível pra mim. Conhecia algumas pessoas que tocavam guitarra, mas parecia aquele tipo de coisa em que eu teria que comprar todo um equipamento específico e eu não achava que pudesse dar conta daquilo. Estudei Ciência da Computação na faculdade, entretanto, então a tecnologia sempre me veio com muita facilidade. Era uma porta mais natural pra começar a fazer música. Ouvir drum 'n' bass nos anos 1990 foi o que me fez ficar interessado em baterias eletrônicas e sintetizadores.

Agora que você já experimentou tocar com uma banda, você se vê voltando às performances eletrônicas solo?
Com certeza prefiro esse modo de operação; é muito melhor. Ainda estou trabalhando no meu lado eletrônico solo, no entanto, e talvez faça um EP em algum momento entre os próximos discos.

Há espaço pra improviso nos shows ao vivo, ou você só está tentando duplicar ao máximo o que foi feito no disco?
Quanto mais antigas as músicas, mais conseguimos sair do convencional e fazer algum improviso. Tenho preferido reproduzir as músicas novas o mais fiel possível ao que soam no disco, pelo menos nas primeiras turnês. Os efeitos visuais também são grande parte do show, então há uma espécie de estrutura que precisamos seguir. Mas há momentos em que podemos levar as coisas um pouco além.

Você é o responsável por estes efeitos visuais?
Trabalhei com um cineasta que filmou muitas dessas cenas base pros shows, que depois coloquei uns efeitos e mixei com elementos de design gráfico.

Quão diferente é trabalhar com imagens em movimento em comparação a sua carreira em design gráfico?
O vídeo se tornou minha mídia favorita no lado visual atualmente. Trabalhei com design gráfico por tanto tempo que parece que aprendi muito, mas quando comecei a trabalhar com vídeo, alguma coisa ali me pareceu muito mais natural. Fiquei com a sensação de que era aquilo que eu deveria fazer. É um bom equilíbrio entre música e design, em que você tem algum movimento e alguns arcos com os quais pode contar uma história. Pra mim, é uma mídia mais expressiva, pelo menos neste momento.

Siga Benjamin Boles no Twitter: @benjaminboles