FYI.

This story is over 5 years old.

Relembrando o Hipster

O guia definitivo dos gêneros musicais hipsters

Todos os gêneros musicais que você amou durante, sei lá, três meses.

Todas as ilustrações por Meaghan Garvey.

Um bom tempo passou desde o Auge do Hipsterismo no mundo; então, podemos olhar para trás e tentar entender o que esse movimento, febre, meme ou seja lá o que for significou, se é que significou alguma coisa. Portanto, estamos fazendo uma pequena coleção de histórias.

Hoje em dia, você pode ser um juggalo num show de tributo ao Garth Brooks e alguém ainda vai te acusar de ser hipster. Na verdade, talvez o único gênero musical que você pode curtir sem alguém te chamar de hipster é o metalcore – às vezes, nem isso. Tudo porque o termo "hipster" denota uma identidade difícil de definir mesmo, embora provavelmente seja algo negativo e, com certeza, hipócrita (ou seja, dois caras podem estar usando a mesma camiseta do Bad Brains, mas aquele que você vai achar que é "de verdade" é um punk, enquanto o que você vai achar paga-pau é um hipster). Má-fé e paga-pauzisse são a suposição padrão na música, porque Deus me perdoe alguém gostar de qualquer coisa no mundo.

Publicidade

A gente curte praticamente todos os gêneros (muitos dos quais provavelmente nem são gêneros de verdade), porém nosso amor pela música e pelo conhecimento de que o termo "hipster" é insignificante não vai e não pode ficar no caminho da necessidade de documentá-los na alçada d'O Hipster – e fazer piada com isso.

Esta lista não é abrangente de propósito. Fiéis ao espírito do hipsterismo, abraçamos exclusividade arbitrária e pura preguiça. Espero que você goste.

Country Aceitável
Anos de atividade: 1968-Presente
Artistas definidores: Sturgill Simpson
Nos anos antes e depois do country alternativo (ver abaixo), chamávamos esse tipo de música de "Gram Parsons", mas qualquer um com visões liberais na política e conservadoras quanto à mistura de guitarras e sintetizadores pode entrar aqui. Mais críticos já morreram brigando por causa do Kacey Musgraves do que todas as vidas perdidas na Guerra dos Cem Anos.

Emo Aceitável
Anos de atividade: 1990-1998
Banda definidora: Antioch Arrow
Antes do screamo, antes de "emo" denotar misoginia de rock universitário com cacoetes de rock progressivo, hardcore "inteligente" significava calças tão justas, cintos tão brancos e letras tão deliberadamente obscuras que parecia que o Lord Byron tinha se levantado da tumba para comer seu toco por pogar no show e usar tênis de camurça.

Pop Aceitável
Anos de atividade: 2010-Presente
Artistas definidoras: Beyoncé, Taylor Swift
Um dia, anos atrás, talvez numa terça-feira, todo mundo acordou e decidiu que o pop mainstream não era tão ruim assim – na real, era até bom. Talvez a gente tenha percebido que Future Sex/Love Sounds, do Justin Timberlake, era tipo LCD Soundsystem se o James Murphy cantasse sobre o próprio pinto. Ou porque o Diplo finalmente ficou tão famoso que já era mainstream. Talvez por causa de nada disso. Independentemente de qualquer coisa, nesse dia fatídico, os nerds da música fizeram um pacto secreto de dizer que algum disco de pop adolescente mercenariamente construído era uma obra de arte, e fomos amaldiçoados com uma avalanche de artigos de opinião meia-boca desde então.

Publicidade

Pop Punk Aceitável
Anos de Atividade: Jersey-Presente
Artistas Definidores: The Menzingers, Gaslight Anthem antes de sair de moda
Baladas sobre trabalhar em minas e seu pai ser um homem duro, porém justo. E carros, muitos carros. Todo mundo sente falta de se pegar bêbado num estacionamento, com a luz da lua iluminando seu moletom do Off with Their Heads. Assim como o hardcore de academia (também conhecido como hardcore não hipster), isso não existiria sem traição e irmandade. Sem a pegação em estacionamento ao luar da sua juventude, não existiria o pop punk aceitável. Todo mundo envolvido nessa cena é exageradamente legal.

Country Alternativo
Anos de Atividade: 1990-1994
Artista Definidor: Uncle Tupelo
Hipsters de uma certa idade costumavam curtir muito Uncle Tupelo, porém não ouvem isso há tanto tempo que provavelmente vão ter de jogar "a primeira banda do cara do Wilco" no Google para lembrar o nome.

Rap Alternativo
Anos de Atividade: 1999-2010
Artista Definidor: Aesop Rock
Ouvir caras rimando sobre sair de flip de um saco amniótico alienígena em Júpiter, só para descobrir que tomou um fora da namorada, nunca foi legal, mas houve uma época, antes de a internet apagar a divisão entre hip-hop underground e mainstream, em que existiu uma cena de rap de três ou quatro batidas por segundo no meio. O rap alternativo nasceu quando o Eminen esculhambou o Cage no disco Slim Shady e morreu quando El-P fechou a poderosa Def Jux, morrendo de novo quando eu não consegui enfiar referências ao Rhymesayers e Anticon neste parágrafo.

Publicidade

Bloghaus
Anos de Atividade: 2006-2010
Artistas Definidores: Justice e/ou Crookers
O que franceses nojentos com bigodes irônicos, macacões da American Apparel e baladas fedidas de Los Angeles têm em comum? Essa é uma pergunta retórica, porque essa é a Santa Trindade do bloghaus.

Blog Rap
Anos de Atividade: 2007-2009
Artista Definidor: The Cool Kids
Importante, já que essa foi uma das primeiras vezes que rappers cruzaram dos piquetes do mainstream/underground para a zona desmilitarizada que era a internet. Pode ser intercambiado por "rap hipster" (os dois ruins). Principalmente um termo que as pessoas jogam em caras como o Kid Cudi, Wale, Charles Hamilton e The Cool Kids, pois não conseguem aceitar o fato de que um rapper pode usar calça justa.

Blog Rock
Anos de Atividade: 2002-2009
Artistas Definidores: Arcade Fire, Vampire Weekend
A maioria dos gêneros hipsters se refere a uma estética específica ou a parâmetros regionais, mas blog rock era definido pelo meio em que seus participantes ganharam fama: blogs. O blog rock morreu quando os blogueiros de música ficaram espertos e perceberam que conseguiam mais tráfego [de dados] postando músicas novas de bandas que todo mundo já gosta do que tentando achar bandas novas.

C86
Anos de Atividade: 1986-Infinito
Artista Definidor: The Wedding Present
O gênero, assim como as pessoas do The Flying Nun, começou sendo ótimo e acabou sendo o pior. Quem diria que aquela agressão passiva, o cabelo no olho e um amor por uma abordagem noisy para The Byrds iriam, 20 anos depois, resultar na dizimação cultural de Bushwick e Queens? Num certo verão, todas as bandas de Nova York pareciam folk rock inseguro e, diferentemente de outras tendências de verão aqui (o verão do metal do Early Man, por exemplo), algo que nunca iria embora. Faculdade era tudo, e tudo era faculdade. Todo mundo tinha franja no olho e não conseguia articular porra nenhuma. Foi o bater de asa de borboleta da desgraça.

Publicidade

Chillwave
Anos de Atividade: 2009-2011
Artistas Definidores: Washed Out, Neon Indian, Toro Y Moi
Assim como "chillbros", o termo "Am Appy" e a onipresença do "humor de citação", a chillwave só existiu mesmo para o Charles, do Hipster Runoff, tirar sarro do gênero. Hoje em dia, aqueles "por dentro" do gênero se referem a isso como uma "piada interna" que "saiu de controle".

Cloud Rap
Anos de Atividade: 2010-2012
Artista Definidor: Main Attrakionz
Se você se autodefinia como "cloud rapper", você só compunha vivendo de opiáceos anestésicos; e, se você era um artista estabelecido que rimasse sobre algo vagamente "chill", as pessoas te chamavam de paga-pau. Entre isso e a popularidade contínua do A$AP Rocky, acho que todo mundo vai concordar que cloud rap foi um erro.

Cold Wave
Anos de Atividade: 1977-1984
Artistas Definidores: Siouxie and the Banshees
Fato curioso: você sabia que o cara do Cold Cave tem créditos de composição em músicas do Fall Out Boy porque Pete Wentz tirou várias músicas dele? Outro fato engraçado: você sabia que o cara do Cold Cave e o gênero cold wave são coisas totalmente diferentes? Alguém acabou de me dizer isso. Opa.

Cool Jazz
Anos de Atividade: anos 50-anos 60
Artista Definidor: Miles Davis
"Havia outras coisas estranhas. Por exemplo, eles frequentemente dormiam em pé, e essa narcolepsia coletiva podia surgir até na conversa mais dinâmica. Alguém começava a frase: 'Those ofay cats bopping out on the stoop are blowin' like Birrr…', e do nada as palavras iam ficando mais lentas. E. Lentas. Logo ninguém mais estava falando. Sua sala acabava lotada de hipsters suspensos no tempo e no espaço, enquanto eu corria pelas florestas petrificadas das pernas deles. Minha brincadeira favorita era esperar para ver se as cinzas dos cigarros iriam cair. De algum jeito, elas quase nunca caíam." – Le Freak: A Autobiografia de Nile Rodgers

Publicidade

Cowpunk
Anos de Atividade: 1981-1987
Artista Definidor: The Blaster
Começando em Los Angeles, punks decepcionados com a crueza valentona do hardcore descobriram a atração daquelas camisas bordadas do Velho Oeste, e o resto foi uma história breve. Sotaques sulistas afetados e músicas sobre caminhões e o diabo. O resultado final foi Social Distortion e uma tatoo da qual você se arrepende para o resto da vida. A trágica realidade do cowpunk e de seu primo retardado, o rockabilly, é que a Betty Page nunca teria uma tatuagem da Betty Page.

Indie Corporativo
Anos de Atividade: 2009-Presente
Artista Definidor: diversão
Essencialmente qualquer artista que estudou no Oberlin College e cuja programação da bateria eletrônica fosse feita pelos mesmos caras que escreveram músicas para a Katy Perry. Muitas bandas de blog rock assinaram com grandes gravadoras e se tornaram indie corporativo por definição.

Dance Punk
Anos de Atividade: 2001-2006
Artista Definidor: The Rapture
House. Of. Jealous. Lovers. Shakedowwwwwwwwwwwwnnnnnn. O gênero baseado em guitarra mais instantaneamente insultado da história. A reação começou assim que o primeiro acorde da Radio 4 tocou sobre uma batida sincopada. Assim como viajar para o exterior na era Bush, bandas do Brooklyn tinham de dizer que eram do Canadá. A equipe do French Kiss teve de se esconder e, agora, eles são todos gollums, sobrevivendo de peixe cru e das memórias de sua inocência dance.

Publicidade

Punk Digital
Anos de Atividade: 2006-2010
Artista Definidor: Crystal Castles
A gente pode discutir dia e noite se esse gênero devia ser chamado de "electropunk" ou se punk digital vem lá dos anos 80, embora, honestamente, ninguém dê a mínima. Pense no bloghaus, mas com todo mundo usando preto em vez de cores néon.

Doom Metal
Anos de Atividade: 1969-Presente
Artista Definidor: Pallbearer
De todos os gêneros citados aqui, certeza de que vamos receber mais ameaças de morte por chamarmos doom metal de "hipster", apesar de a cena estar cheia de barbas e jeans. Bom, aqui vai: você gosta de Black Sabbath, porém sempre ouve isso quando está caindo no sono? Bom, colega, temos um gênero pra você!

Dream Pop/Shoegaze
Anos de Atividade: 1989-Presente
Artistas Definidores: My Bloody Valentine, todo mundo
"Não somos shoegaze!" São sim, porra. Se não fossem, eu me lembraria das suas músicas.

Electroclash
Anos de Atividade: 1997-2004 (com o fechamento da LUXX)
Artistas Definidores: Avenue D
Punk dance, mas não dance punk! Sem o eletroclash, não haveria a VICE como a conhecemos; portanto, não haveria o hipster como conhecemos. Essa também foi a última vez que roqueiros e baladeiros de Nova York cheiraram do mesmo papelote de cocaína. Aí o Strokes apareceu, e os críticos brancos se cagaram de felicidade por não ter mais de escrever sobre a Miss Kittin. O Eletroclash morreu de novo depois que o Hunx saiu do Gravy Train!!! Pelo Hunx and His Punx.

Publicidade

Freak Folk
Anos de Atividade: 2002-2008
Artista Definidor: Devendra Banhart
Música folk sem a bagagem chata dos refrões ou dos fãs de classe trabalhadora. Mais colares do que existem pescoços no mundo.

Free Jazz
Anos de Atividade: anos 50-anos 60
Artista Definidor: Ornette Coleman
Não vou ser irônico sobre o Ornette Coleman. Há limite pra tudo, né? Free Jazz é música hipster exatamente porque não é. Os benefícios práticos de curtir o gênero são praticamente nulos. Uma camiseta do Albert Ayler não vai te fazer transar; logo, se você disser que gosta de free jazz, você deve gostar de free jazz mesmo. Amar o que ninguém ama por nenhuma razão discernível: muito hipster.

Grime
Anos de Atividade: 2002-2005
Artista Definidor: Dizzee Rascal
Lembra quando todo mundo acreditou que rap britânico era a grande novidade? Por mais engraçado que fosse ouvir caras de East London rimando sobre esfaquear otários ao som de robôs transando, a verdade é que os americanos odeiam o som de britânicos fazendo rap. Devo apontar que o grime ainda está prosperando, mas, devido a um erro de um estagiário da Blender, esse gênero foi inadvertidamente hipster por alguns anos.

Garage Rock
Anos de Atividade: 1963-Eternidade
Artistas Definidores: Antigamente, The Oblivians; hoje, os maconheiros da Burger Records que usam short jeans.
Óculos escuros à noite, ódio equivocado pelos Beatles e encenações históricas. Misture uma definição inteiramente nebulosa do que é e o que não é garage rock, ilusões da própria inacessibilidade e uma alta taxa de mortalidade de músicos, e você tem uma tempestade perfeita de hostilidade "Não, você que é hipster".

Publicidade

Dubstep Bom
Anos de Atividade: 2002-2008
Artista Definidor: Skream
Houve uma época em que "dubstep" não significava caras bombados em festivais pulando ao som de músicas que fazem "WOWOWOWOWOW". Isso significava moleques britânicos tomando muita ketamina em armazéns de Shorenditch ao som de músicas que faziam "WUBBAWINGWUBB". Confie em mim, é diferente.

Pop Hipnagógico
Anos de Atividade: 2011-Presente
Artista Definidor: Grimes
Temos quase certeza de que isso foi uma invenção besta do nosso editor de música, porque ele precisava de outro jeito para descrever Grimes além de "meio chillwave, acho".

"Música Indie"
Anos de Atividade: 2004-Presente
Artistas Definidores: Animal Collective, Grizzly Bear, Bon Iver, Beach House, TV on the Radio, etc.
Assim que sua banda meio eletrônica vibesploitation consegue o horário nobre do palco alternativo do Coachella (ou outro horário qualquer no palco principal!), você atinge o que chamamos no ramo de "Paradoxo Fugazzi": isso acontece quando sua banda oblíqua e não comercial fica tão boa em desrespeitar o status quo que vocês se tornam tão populares – até mais – que várias bandas "mainstream". O único jeito de expiação por ter alcançado essa massa crítica é se aposentar prematuramente, ir a uma cabana na floresta e "relaxar", se sustentando com algo mais pesado que maconha e barulhos de curto-circuito de um sintetizador vintage. Os que não se retiram acabam virando indie corporativo e fazendo a trilha sonora de propaganda de fralda.

Publicidade

Mashups
Anos de Atividade: 2001-2008
Artista Definidor: Girl Talk
DJs de hip-hop mixam vocais populares com outras faixas instrumentais igualmente populares desde que ser DJ de hip-hop virou profissão; mesmo assim, só depois que algum fanfarrão misturou Strokes e Christina Aguilera e caras como Hollertronix e Girl Talk ganharam fama, o mashup virou "um lance". Artistas de mashup vão existir até que o sol exploda e se misture com a Terra, mas o gênero acabou em 2008, quando o Girl Talk lançou Feed the Animals, um disco tão bom que dividiu o gênero entre "é Girl Talk" e "não é Girl Talk".

Minimal Synth
Anos de Atividade: 2002-Presente
Artista Definidor: Xeno & Oaklander
Música blip blop tocada em qualquer coisa equivalente a liras e flautas para a música eletrônica. Nosso autor interage diariamente com aproximadamente sete trilhões de músicos de minimal synth, gente de que ele gosta e de quem não quer atrair o ódio; sendo assim, vamos parar por aqui. A gente adora minimal synth! Blip! Blop!

Moombahton
Ano de Atividade: 2010
Artista Definidor: Nadastrom
Pegue um DJ de 30 e poucos anos bêbado e comece a falar sobre música. Ele ou ela vai acabar falando como moombahton era legal porque deixava o DJ fazer uma transição suave entre house e rap. Entretanto, independentemente de toda essa conversa de BPM, assim como "fetch", o moombahton nunca vai pegar.

Hardcore do Cara Misterioso
Anos de Atividade: 2008-2011
Artista Definidor: Cult Ritual
Dentro de uma cena na qual dizer que você está no mesmo bloco que Mark McCoy é considerado esnobe e brega pra caralho, você tinha de tomar medidas extras para mostrar que não queria mais que 150 usuários do PayPal curtindo sua música. Isso significava não ter página no MySpace como amostra de coragem moral e usar seu nome ao contrário para que fosse impossível te achar no Google. Não consigo me lembrar de nenhuma banda dessas agora, porém esses caras estão todos na Matador hoje.

Publicidade

Neofolk
Anos de Atividade: meio dos anos 80-2013
Artista Definidor: Death in June
Freakfolk – só que monótono. Imagética nazista, fetichização de força, pureza e o Holocausto, mas não realmente nazista: eles só acham o fascismo interessante pacas. Como você vai conhecer a luz se não entrar em contato com a escuridão? Por que você odeia nuances? Rockabilly meio druida que conseguiu fazer Odin parecer chato.

New Grave
Anos de Atividade: 2006-2009
Banda Definidora: The Horrors
Uma lombada estranha e bonita na paisagem hipster em que, por um breve momento mascarado, todo mundo na Inglaterra se vestiu como zumbis efeminados com cabelo do Nick Cave. Isso acabou sem cerimônia quando um cara do Portishead produziu o segundo disco do The Horrors; aí todos os goblins tiraram o batom, fizeram um corte de cabelo aceitável e a vida ficou cinza de novo, enquanto eles aguardam o retorno de seu único rei verdadeiro (o próprio Nick Cave).

A Revolução do Novo Rock
Anos de Atividade: 2000-2004
Artistas Definidores: Yeah Yeah Yeahs, Interpol, The Strokes
O gênero que colocou Nova York no mapa. Para cada Moldy Peaches, havia milhões de Elefants, The Fevers e stellastarr*s. Por um curto período, os músicos de Nova York sentiram o êxtase antecipatório de viver na Seattle dos anos 90. Aí todo mundo voltou a ser barman. Enquanto as bandas desse gênero se tornavam mais e mais populares, o termo eventualmente passou a incluir todo grupo de rock de grande gravadora que seja OK não odiar.

Publicidade

New Rave
Anos de Atividade: 2005-2008
Artista Definidor: Klaxons
Outro gênero que não significou absolutamente nada e que foi basicamente os jornalistas da NMW brincando de Deus na hora do almoço (new wave da new wave, etc.). A new rave era basicamente a velha rave, só que com blips blops de indie rock por cima. Ou talvez seja o que aconteceu quando usuários de MDMA descobriram a cocaína. Ou o que aconteceu quando o pessoal da cocaína descobriu o MDMA? Bom, cocaína e ecstasy trocaram de lugar – e todo mundo começou a se vestir como um cone de trânsito da alta visibilidade. Não lembro direito isso porque eu estava curtindo na fila para entrar na new rave.

Bandas da NME
Anos de Atividade: 1949-2014
Artistas Definidores: Mudavam a cada 15 minutos, literalmente
Se teve uma revista que encapsulou as noções "reais" ou percebidas, boas e ruins, do hipsterismo foi a NME. Inconstante ao ponto da autoparódia e saudando bandas desconhecidas no momento da concepção, a NME fez e desfez várias bandas legais (Suede) e outras não tão legais (Gay Dad, Oasis); além disso, ela não tinha medo de dar aulas hipócritas. Algum dia, alguém vai escrever um trabalho acadêmico sério sobre quão maravilhosa/escrota era/é a influência da NME. Mas sem ser pago por toques.

No Wave
Anos de Atividade: 1978-1984
Artistas Definidores: Lydia Lunch, James Chance
A Lydia Lunch provavelmente irá nos caçar e castrar por a chamar de "hipster", mas, sério, íamos gostar da chance de conhecer essa mulher. No wave é o que as pessoas pensam quando pensam na versão romântica de Lower East Side, ainda mais que o punk e o santo bastardo hipster Richard Hell. Muita atitude e poucas músicas, porém você vai morrer de qualquer jeito; assim, pode muito bem usar gravata e drogas pesadas. Ainda o melhor argumento – fora hip-hop, claro – para se mudar para Nova York.

Publicidade

Noise
Anos de Atividade: 1975-Presente
Artistas Definidores: Throbbing Gristle, Missing Foundation
Tão vago quanto o próprio hipsterismo. Devo começar por Metal Machine Music, do Lou Reed? Musique concrete? O primeiro macaco olhando para o obelisco negro em 2001 e pensando "Vou bater nessa porra"? Sim, todos os três. Diferentemente do free jazz, todo mundo finge que gosta de noise.

Noise Pop
Anos de Atividade: 1990-2010
Artista Definidor: No Age
O punk preferido de pessoas positivas de camiseta branca que pulam muito (atenção: NÃO o Andrew W.K.), o noise pop acabou morrendo porque todas as bandas boas viraram pop e as ruins continuaram ruins, mesmo com toda aquela distorção. No meio da grande guerra dos anos 90 entre Unreast e Pussy Galore, tivemos sobreviventes demais.

Noise Rap
Anos de Atividade: 2011-Presente
Artista Definidor: Death Grips
Ninguém realmente curte noise rap, mas isso é divertido de assistir ao vivo e "importante", já que as músicas mais audíveis acabam roubadas por rappers com nomes sem nenhuma vogal e três cifrões. Hipster – principalmente por quão obstinados seus praticantes geralmente são.

Plantas
Anos de Atividade: Elvis-Presente
Artistas Definidores: The Monkees, Post Malone
Menos um gênero e mais uma infinita série de bandeiras de alerta sinalizando a cooptação iminente da "cena", plantas geralmente envelhecem muito melhor que seus colegas D.I.Y. Principalmente porque grandes gravadores têm um controle de qualidade mais rígido que uma Albini Balls Recordz da vida, e porque é muito mais fácil fazer uma versão mais bem acabada de um som do que inventar algo do zero.

Publicidade

Pós-Metal
Anos de Atividade: 2002-2012
Artista Definidor: Isis
"O metal do homem pensante." Realmente legal se você fumar maconha. Sabe, a droga do homem pensante.

Power Electronics
Anos de Atividade: 1980-1986 (acabando com o lançamento de That's What I Call Power Electronics!, embora ainda presente)
Artista Definidor: Whitehouse
A natureza opressora da vida moderna expressa através do som de geladeiras quebradas. Letras nervosas acopladas a masculinidade magrela e cortes de cabelo ótimos. O grito de ódio das pessoas mais oprimidas do mundo: ingleses brancos de classe média. Não deixe esses caras "Você gosta de power electronics?" na rua te entregarem o CDR deles, pois eles vão esperar que você compre.

PBR&B
Anos de Atividade: 2011
Artista Definidor: How to Dress Well
Cunhado como uma piada pelo jornalista Eric Harvey no Twitter, PBR&B era meio que uma sigla para "R&B hipster", o que é basicamente "R&B que críticos de música nerd ouvem", o que significa The Weeknd, How to Dress Well e Frank Ocean. 2011 era uma época muito diferente, uma era antes de os críticos de música jogarem as coisas no Google e perceberem que R&B sempre vai ser esquisito – e que Lloyd sampleou Art of Noise em 2007.

Metal Performático
Anos de Atividade: 2000-2006
Artista Definidor: The Darkness
Metal "engraçado". Escandaloso, mas agressivamente heteronormativo; ou seja, hair metal sem a parte boa. Usaram o Queen como um porrete para acabar com a alma de tudo. Popular com modelos e pessoas que gostam de música que, eca, "foda".

Publicidade

Seapunk
Ano de Atividade: 2011
Artista Definidor: Nenhum
Talvez a coisa mais impressionante sobre a ascensão e queda do seapunk foi que o gênero conseguiu ser odiado sem ninguém ter admitido que fazia isso.

Serialismo
Anos de Atividade: Anos 20-anos 80
Artista Definidor: Arnold Schoenberg
Bem à moda hipster, não entendemos exatamente o que é isso. Tipo, entendemos o suficiente para fazer piadas com "notas entre as notas" do John Cage no bar, porém, se pressionados, nos escodemos atrás do primeiro cara que parecer inteligente, o jogamos na frente do agressor e saímos correndo.

Shitgaze
Anos de Atividade: 2005-2011
Artista Definidor: Psychedelic Horseshit
Quase desqualificado por ser um dos poucos gêneros que batizaram a si mesmos, eliminando assim o passatempo mais reverenciado pelas bandas hipsters: negar ser parte de um gênero do qual, sem dúvida, faz parte. Nenhuma banda desse tipo tinha seu próprio pedal de bateria.

Black Metal do Cabelo Curto
Anos de Atividade: 2008-Presente
Artistas Definidores: Deafhaven, Liturgy (que, apesar de usarem cabelo comprido, têm cabelo curto na alma)
Sem pintura na cara, porque metal não é teatro. *tosse*

*tosse*

*continua tossindo até a morte*

Trap (EDM)
Anos de Atividade: 2012-Presente
Artista Definidor: Flosstradamus
Não confundir com verdadeiro trap, que é um estilo de rap extremamente agressivo de Atlanta. A fórmula dessa música trap é: rap sulista agressivo, menos rap de verdade, multiplicado por ilusão de legitimidade escondida numa calça saruel.

Twee
Anos de Atividade: anos 90
Artista Definidor: Heavenly
Músicas para pessoas legais que odeiam muito o ex. A estrada do 500 Dias Com Ela pavimentada de boas intenções. Se você tiver a audácia de mencionar que talvez, só talvez, a cena não seja tão progressista quanto se acha, você recebe ameaças de morte por dias.

Vaporwave
Anos de Atividade: 2010-Presente
Artista Definidor: James Ferraro
Se você achava que música de shopping era chata, bom, o vaporwave gostaria que você lesse um pouco de teoria marxista contendo a frase "capitalismo tardio". Hipster – principalmente por insistir em politizar o que é irremediavelmente chato.

Witch house
Anos de Atividade: 2009-2011
Artista Definidor: Salem
O campo de batalha sobre o qual muitas tretas da cultura alternativa vão acontecer. Witch house tem a distinção de ser um dos poucos gêneros hipsters que, assim como os chefes elfos negavam a ascensão de Sauron, mesmo os hipsters mais teimosos vão se recusar a reconhecer como real. Acontece que isso não importa, porque, quando o Salem finalmente conseguir lançar um disco, todos os imitadores deles já vão ter assinado com a Tri Angle ou passado para a música rave.

Seja lá o que for Dan Deacon
Anos de Atividade: 2004-Presente
Artista Definidor: Dan Deacon
Uma vez na faculdade, fumei sálvia num bong cheio de resina enquanto ouvia Spiderman of the Rings e acabei batendo a cara no armário do meu amigo. Até hoje eu digo que, se a gente estivesse ouvindo outra coisa que não a psicodelia fodida do maldito Dan Deacon, isso não teria acontecido.

Rock and Roll das Antigas de Variedade Hipster Indeterminada
Anos de Atividade: 1965-1978
Artista Definidor: Velvet Underground
Não exatamente rock clássico, e sim o rock que existia antes que tudo fosse colocado em subgênero dentro de subgênero. O som preferido de yuppies, beatniks, junkies e todo tipo de bacana (marginalizado e depois romantizado) de óculos escuro que povoava São Francisco e Nova York. Pode ter certeza de que, se o Lou Reed aparecesse na cena agora, alguém ia ter a pachorra de dizer que ele era um merda hipster.

Siga o Zach e o Drew no Twitter.

Siga a Meaghan Garvey no Twitter.

Tradução: Marina Schnoor.

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.