Gangues Femininas, Bumbuns e Homens Pelados na Black Bike Week da Carolina do Norte

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Gangues Femininas, Bumbuns e Homens Pelados na Black Bike Week da Carolina do Norte

Todo mundo congregando à beira-mar numa festa de cinco dias.

Todos os mês de maio desde 1980, a Myrtle Beach na Carolina do Norte é invadida por strippers masculinos, prostitutas e gangues de moleques em motos esportivas, todo mundo congregando à beira-mar numa festa de cinco dias chamada Black Bike Week. As festividades contam com milhares de motoqueiros afro-americanos de todo os EUA, acelerando suas motos personalizadas ao longo do calçadão, se aglomerando para conversar sobre suas motocicletas e dando festas com muitos bumbuns e muitos homens pelados.

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Estranhamente, as autoridades da cidade e o conselho de turismo local não curtem muito esse lance, já que essas organizações estão mais acostumadas com ônibus cheios de pensionistas do meio-oeste dos EUA, que preferem tirar fotos de seus sorvetes no píer da cidade do que dançar sensualmente e tirar a roupa em público.

No entanto, a tradição anual continua e este ano fomos até lá para filmar a coisa toda. Bati um papo com Charlet Duboc, a apresentadora, sobre sua semana na Black Bike Week e os motivos pelos quais os residentes de Myrtle Beach se opõem ao evento.

VICE: Oi, Charlet. Como é mesmo essa história — é um Hells Angels só de motoqueiros negros?
Charlet Duboc: Não, é uma coisa diferente. Quando você pensa em gangues de motoqueiros, você pensa num bando de homens brancos barbudos, mal-encarados e racistas, mas esses caras aqui em geral são mais novos. Eles têm motos esportivas, como Kawasakis ou Yamahas, personalizadas com luzes néon, aerografias e tudo mais.

Então é uma coisa mais de moleques motoqueiros?
É. Ah, e outra coisa que você não vê nas gangues de motoqueiros brancos é uma coisa chamada “pillion clapping”: você põe uma gostosa de tanga na garupa da sua moto e ela faz um “aplauso de bunda”. Essas motos esportivas são diferentes de uma Harley Davidson, por exemplo; a garupa é levantada num certo ângulo e é como se as garotas estivessem num pedestal, chacoalhando suas bundas. É incrível.

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Por que isso acontece especificamente em Myrtle Beach? Parece um lugar muito improvável para essa coisa toda.
O evento começou em Atlantic Beach, a primeira praia que as pessoas negras podiam frequentar durante a segregação. Era uma cidade só de negros, há muita história por trás disso.

E o que os moradores acham disso?
Com a câmera desligada, uma pessoa me disse: “Sei que nem todas as pessoas negras são ruins, mas comparados com o pessoal branco, eles se comportam de forma terrível. As garotas ficam quase peladas e basicamente fazem sexo nas ruas. As pessoas não sabem se comportar”. É óbvio que o racismo é um problema ali. Em 2010, a NAACP processou Myrtle Beach por racismo institucional porque, de acordo com os participantes do evento, todos os restaurantes e hotéis da cidade ficaram fechados durante aquela semana e a cidade foi hostil em relação a eles.

Mas eles deveriam ficar por causa da história, não?
Sim. Além disso, há uma lei de não uso de capacete, porque acho que as pessoas não querem estragar o cabelo.

Há muitos acidentes?
Sim, muitos. Acho que foram 12 mortes em acidentes de trânsito só este ano.

Que chato. Fale de coisas menos traumáticas.
Há várias gangues de garotas, o que é muito legal porque a festa costumava ser dominada pelos homens e as mulheres ficavam só na garupa. Essas gangues de garotas têm um sex appeal diferente — muitas delas usam salto quando andam de moto e são todas malvadonas.

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O que mais acontece fora as motos?
Há várias festas. No final da semana, eles fazem um clube de striptease só de homens negros para as motoqueiras. Eles ficam nus e se masturbam no palco.

Legal. Há quanto tempo isso acontece?
Alguns anos.

Por que strippers homens e não as mulheres?
As mulheres são tão objetificadas no evento principal que uma promotora decidiu reverter a tendência e fazer alguma coisa para as garotas. A coisa toda é mais uma festa de uma semana inteira, como um festival. Vários promotores lucram muito em cima disso.

E é claro que a cidade pode aceitar a ideia de hospedar vários grandes eventos e atrair um monte de turistas, não?
Nem um pouco. Quando falei com os porta-vozes oficiais de cidade, eles disseram que não dariam nenhuma entrevista nem ajudariam com a filmagem porque não reconhecem oficialmente o evento. Eles não querem ter nada a ver com isso.

Então, como eles respondem ao evento então?
Um dos moradores me disse que fica com uma arma em sua barraquinha no calçadão durante a semana.

Isso é mesmo necessário?
Nem um pouco, acho que esse cara era racista mesmo. Mas há mesmo um monte de prostitutas — elas ganham muito dinheiro durante essa semana.

Interessante. Finalmente, você andou de moto com os caras?
Sim, mas não segui a tendência e preferi usar um capacete.

Ufa. Obrigado, Charlet!

Curtiu a ideia? Nosso filme Black Bike Week estreia muito em breve aqui no VICE.com.

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Até lá, transe as aventuras da Charlet na Fashion Week Internationale:

Rio Fashion Week

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